Capítulo 21

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O segundo desafio veio à noite, o jantar na casa de Midoriya Izuku. Bakugo mantinha uma relação... complicada com o Beta. Se é que podia chamar de "relação". Desde pequeno, que podia se dar por gente, tinha aquele garoto andando atrás de si, clamando sua atenção e amizade. Era irritante, cansativo e quase desesperador. Mas nada do que fez conseguiu afastá-lo de si.

A convivência tornou-se quase tensa quando Deku, apelido que pegou desde o primeiro Fundamental, resolveu entrar na U. A. e tornar-se detetive. Alphas e Betas tinham essa possibilidade. E lá foi o rapaz rodear Katsuki por mais alguns anos, como uma mariposa rodeia a luz, sem medo de se queimar.

Porque Katsuki queimava: o repudiava e afastava de todas as formas possíveis. Na infância foi pior, a crueldade infantil quase não tinha limites. Apenas ao amadurecer, percebeu que havia pontos que não deveria passar, por mais que desprezasse o Beta da divisão de Crimes Sexuais.

E essa acomodação permitiu que visse um outro lado, ignorado até então. Midoriya era esforçado, dedicado, leal. Teve que reconhecer-lhe a empatia de lidar bem com as vítimas machucadas e assustadas que vinham em busca de ajuda e proteção.

Se reconhecia como um dos melhores detetives do departamento, mas nunca conseguiria ter tanta delicadeza lidando com pessoas que precisavam de gestos sensíveis. Por outro lado, não precisava se preocupar em ferir os sentimentos das vítimas na Homicídios. Com os acusados, menos ainda.

Ao se permitir esse olhar maduro, a "relação" entre Katsuki e o colega de trabalho mudou. Eram conhecidos de infância, mas não amigos. Colegas de trabalho com limites claros por parte de um. E a credulidade na mais sincera amizade por parte do outro.

Enfim, uma relação complicada.

Que envolvia Todoroki Shoto por tabela, pois o detetive da Entorpecentes era casado com Midoriya a mais de dois anos.

— Vai demorar muito, Cabelo de Merda?!

Cortando o rumo dos pensamentos, apressou o outro rapaz. Estava sentado no sofá, dando uma olhada nas redes sociais, coisa que tinha pouco tempo de fazer. Vestia uma camiseta azul escura, calça preta e tênis.

O casal chegara de mais um dia de trabalho e fora se preparar para jantar na casa dos... hum... amigos do Bakugo.

— To pronto, bro! Respira! — o referido entrou na sala apressado. Vinha com uma camisa preta, com uma chama estampada na frente, calça jeans rasgadas nos joelhos e tênis. Os cabelos ruivos estavam baixinhos, soltos ao redor da face.

Katsuki, que se levantou do sofá tão logo ouviu os passos, estranhou:

— O que é esse penteado? — indagou de sobrancelhas franzidas.

Kirishima pegou uma mechinha dos próprios fios e brincou com ela entre dois dedos, pareceu um tanto sem jeito:

— Quero causar boa impressão nos seus amigos.

— Ee?! — ofereceu umas clássicas caretas que demonstravam impaciência.

Não pensou duas vezes antes de puxar Eijiro pela mão até o banheiro e apontar o potinho com gel para cabelos:

— Não tem que causar boa impressão em ninguém, Kirishima. Só tem que se sentir confortável. E que fique claro uma coisa: quem dá moral pra merda é mosca. A opinião do Deku não vale de nada, entendeu?

— Tem certeza, bro? — surpreso pelo discurso.

O Alpha apontou o gel e resmungou saindo do banheiro:

— Cinco minutos, Cabelo Tingido! Esteja avisado!

O rapaz riu do jeito espevitado, captando a preocupação com seu bem-estar. Qual a dificuldade de dizer que gostava do seu cabelo arrepiado? Katsuki deveria ser "Lua em chamas" mesmo! Ele era uma peça e tanto!

SoulmatesWhere stories live. Discover now