Capítulo 19

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Voltar para casa como Almas Gêmeas foi uma experiência toda nova, marcada pela viagem feita em silêncio. Cada um seguiu em pensamentos reflexivos sobre a conversa tida com a médica. Não tocaram no assunto... ainda.

Em casa, Katsuki foi tomar banho e trocar-se, enquanto Eijiro dava início aos procedimentos do jantar. Chegaram a cogitar comer fora, mas seria o primeiro jantar oficial como Almas Gêmeas, na opinião do Omega deveriam ter esse momento na intimidade do lar.

Enquanto Eijiro tomava banho, Katsuki arrumava a mesa e finalizava o procedimento da refeição, com um timming perfeito. Tudo estava pronto quando o ruivo entrou na cozinha, com roupas casuais e surippa, os cabelos recém lavados bem assentados ao redor do rosto que ostentava um sorriso alegre.

— Terminei! — exclamou ao sentar-se, aspirando o agradável aroma da comida — Seu chuveiro é maravilhoso, Tsuki.

— Nosso — a correção veio em um resmungo.

Kirishima corou um pouco, antes de se corrigir:

— Nosso chuveiro é maravilhoso, Tsuki.

Ittadakimasu — foi tudo o que o detetive disse. Em seguida serviu-se e levou uma porção de arroz à boca, apenas para quase engasgar quando ouviu a pergunta insinuante do outro:

— Então somos Almas Gêmeas? Ittadakimasu! Quem diria?!

Katsuki mastigou por alguns segundos, ganhando tempo:

— Nunca me passaria pela cabeça... — cortou a frase antes de soltar um "...acreditar nessa baboseira". Não precisa ser escroto.

— Hn — o Omega engoliu um pedaço de filé de peixe — Nem na minha, sempre pensei que fosse coisa de filme. Ou de livro. Não conheço nenhum casal de Almas Gêmeas na vida real!

— Nem eu.

— A doutora disse que é uma coisa positiva. E se no futuro não der certo, ainda assim podemos nos separar. Então não vejo motivos para não tentar! — a empolgação do ruivo era nítida — E a gente já pensava assim antes de saber a verdade, bro!

Katsuki demorou algum tempo comendo, saboreando a refeição e pensando. Queria entrar num ponto delicado da questão, ter certeza de algo obscuro que o perturbava, o deixava inquieto. Ao menos o lado racional, já que seu Alpha parecia mais do que confortável com toda a situação.

— Você está bem com isso, Eijiro? — lançou a questão num tom meio rude. Embora preocupação real fluísse pelo vínculo e envolvesse o Omega. Se não fosse um sinal suficiente, havia o fato de Katsuki usar seu primeiro nome, coisa que raramente fazia. Usualmente preferia "Kirishima" ou "Cabelo de Merda".

O referido estendeu a mão livre sobre o tampo da mesa, pedindo por um pouco de contato físico. Foi prontamente atendido, conforto sendo partilhado tão logo os dedos se entrelaçaram.

— Está pensando no que a médica nos disse?

— Também — admitiu. Sua maior preocupação era sobre a experiência ruim que o companheiro não detalhou. Não disse nada, aliás.

— A maior prova é nosso vínculo, Tsuki — a resposta veio com um sorriso cheio de dentinhos pontiagudos — Não me sinto pressionado nem acuado. Desde que a gente... hn... acordou a primeira vez presos pelo nó... fiquei constrangido, meio chocado, com certeza impactado. Curioso, admito. Dolorido e até magoado... mas não assustado. Pra ser sincero, nunca tive medo de você. Nem do seu gênio peculiar.

— Peculiar é teu cu, Cabelo de Merda — a voz grosseira não revelou o alívio que o loiro sentiu. Claro que havia o vínculo compartilhando sentimentos e sensações. Mas palavras têm poder, e às vezes precisamos ouvi-las para afastar pensamentos ruins.

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