Capítulo 16

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Pela segunda vez consecutiva Bakugo Katsuki fez algo que surpreendeu os colegas de trabalho: finalizou o expediente na hora certa. Ele e Shoji ficaram a manhã toda buscando pistas sobre um dos casos de que eram responsáveis. E a tarde começaram a verificar os vídeos de segurança gravados em um dos arredores. Uma tarefa delica e exaustiva, que consumia tempo e atenção. Em investigações anteriores, Katsuki chegou a pernoitar no prédio, recusando-se a sair sem que tivesse assistido o máximo que sua concentração permitisse.

Mas naquela quarta-feira foi diferente. Ele tinha um motivo excelente para voltar para casa. Além disso, conforme chegava a hora do fim do expediente, seu lado Alpha tornava-se inquieto. Sabia que não renderia nada caso insistisse em passar do horário. Acreditava que parte daquilo era por ser um vínculo criado a pouquíssimo tempo. A Marca se firmara, mas ainda havia certa instabilidade, sobretudo na distância entre o casal. Com o tempo teriam mais liberdade e independência para passar períodos longos longe um do outro.

E assim Katsuki se viu dirigindo com ansiedade para o lar. Sem saber como o companheiro reagiria, por terem se despedido daquele jeito tão íntimo. Bem, já ficaram presos por um nó duas vezes... mas aquele beijo foi íntimo de um jeito diferente e especial.

Ficou aliviado ao chegar em casa e ser recebido com desenvoltura, agraciado com o delicioso cheirinho de morangos, feromônios que remetiam a aconchego e acalento, recepcionando-o tão bem quanto o Omega que os produzia. Foi a vez de Eijiro oferecer um beijo cheio de intimidade.

— Senti a sua falta, Tsuki — Eijiro sussurrou. E o vínculo fluiu a ausência física sentida. Não no tom desesperado de quando se separaram na hospedaria, mas ainda com um toque sobrenatural de exigência quase irracional. O lado Omega não controlou os gestos de Eijiro, embora estivesse em consonância acima do normal.

A resposta de Bakugo foi estreitá-los nos braços em um aperto igualmente cheio de saudades. Abraço que ficou um tiquinho mais forte no instante em que o Alpha colocou os olhos no porta-retratos recém ajeitado na estante.

— Ei, bro. Não precisa apertar tanto!! — o pobre ruivo reclamou, sendo libertado em seguida.

Katsuki pegou o porta-retratos, objeto de sua surpresa e o virou para o companheiro:

— Mas que caralho é esse? Você é parente da porra dos Tsukumo? Os donos da rede Sakuraichi de Hotéis de luxo?!

Eijiro respirou fundo e pegou o porta-retratos, observando a imagem ali exibida.

— Na verdade... sim.

— Que filhinho de papai! Mas sua família caga dinheiro, e você vivendo numa caixa de fósforos em Tokyo? É mesmo um Harry Potter.

Daquela vez Eijiro não riu da piadinha. Apenas ficou em silêncio por alguns segundos, antes de começar a descrever as pessoas na foto:

— Essa é minha tia Rumiko, irmã gêmea da minha mãe — apontou uma mulher de meia-idade, com feições severas. Os cabelos negros estavam presos em um coque rígido, sem nenhum fio fora do lugar. O olhar era aguçado, penetrante. E com um ar severo graças às pequenas rugas que se formavam no canto dos olhos e dos lábios. Usava um quimono formal, com estampas abstratas e cores escuras.

— Alpha? — foi mais uma afirmação do que um questionamento. Os feromônios daquela mulher eram inegáveis até através de uma imagem de câmera.

— Sim! — Kirishima sorriu largo — Esse é meu tio Masaru. Ele é um Beta — mostrou o homem ao lado, que parecia ter idade similar, alto e robusto, de constituição forte. Enorme perto da esposa Alpha. Exibia um sorriso cheio de dentes e parecia relaxado, apesar do terno de bom gosto e cabelos curtos aprumados.

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