Capítulo 20

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A sexta-feira amanheceu morosa com um ar de preguiça. Katsuki acordou primeiro, mas não teve coragem de sair da cama para correr. Estava com Eijiro enroscado em seus braços, agarrando-o como se fosse um ursinho de cabelos ruivos tingidos. Talvez devesse admitir que seu Alpha era um animal um tantinho possessivo...

Ficou naquela inércia agradável, sentindo não apenas os resquícios dos feromônios de ambos que pairavam fraquinhos pelo ar; mas o próprio cheio do Omega junto a si, ressonando de leve contra seu peito.

Aguçou os sentidos em busca de alguma emoção negativa, mas o companheiro parecia muito bem, ainda dormindo tranquilo. Tentou espiar a marca na nuca alheia, sem conseguir. A posição não ajudava. Em todas as oportunidades que tinha, verificava como andava a cicatrização. Pelo visto não doía mais, apesar de ter sido uma bela de uma dentada. O estrago que seus dentes fizeram...

Contendo um suspiro alcançou o celular em gestos calculados. Enviou um comando para a IA encher a banheira com água morna. Ainda estavam sujos da noite de amor, pois seu lado Alpha (levemente possessivo) quis manter o Omega impregnado com seu cheiro o quanto fosse possível.

Foi só colocar o celular de volta sobre a mesinha de cabeceira e notou o ruivo respirar fundo e mover-se tentando alongar o corpo. Teve um impulso de apertá-lo ainda mais contra si, desistindo do gesto.

— Bom dia, brooooooo... — o cumprimento se alongou graças a um bocejo sonolento, seguido de um esfregar de olhos, no instante em Katsuki o libertou do pseudo abraço — Assim que é acordar depois de um bom trato? Gostei!

— Então se acostume, Cabelo de Merda — a frase soou um tanto arrogante, seguida por um belo beijo. E por outro. E mais alguns. O casal estava cada vez mais à vontade. Talvez a história de Almas Gêmeas fosse mesmo real, ou talvez fosse a desculpa perfeita para que tudo fluísse tão naturalmente.

Completava uma semana que haviam se conhecido nas condições mais inusitadas possível. Sete dias que davam a impressão de ser uma vida inteira.

Ou vidas inteiras...

— Que tal um banho? — o Alpha achou justo oferecer. Por um capricho seu que acabaram dormindo nus e melecados de porra, entre lençóis igualmente grudentos e camisinhas descartadas.

— Seria perfeito! Algo me diz que perdemos a corrida.

— Perdemos. Amanhã paga em dobro e tudo bem.

— Combinado.

Ambos entenderam como o sinal para enfrentar o novo dia. Eijiro foi tomar banho primeiro, saindo da cama sem se preocupar em vestir qualquer coisa. Katsuki caçou a bermuda que esteve usando no começo da noite e a vestiu, para tirar os lençóis da cama e colocá-los na máquina de lavar; trocando-os por peças limpas. Deu uma organizada no quarto, deixando-o como antes. Terminava quando o Omega entrou, cheirando a sabonete e frescor:

— Tá liberado! Vou preparar nosso café.

Katsuki não disse nada, mas ao passar pelo rapaz não resistiu a aproximar-se e aspirar-lhe a pele do pescoço, terminando por lamber de leve a marca na base da nuca que se arrepiou todinha. O coração de Eijiro disparou e a voz emudeceu. Ele teve a impressão de que os olhos do detetive brilhavam num carmim tão intenso quanto chamas. Algo rápido demais para que tivesse certeza, restando apenas a intuição de ter interagido diretamente com a parte Alpha do companheiro.

Que impacto!

***

A sexta-feira seria um desafio para Katsuki. Ele tinha aceitado o jantar na casa do colega de trabalho que se achava seu amigo. Mas teve um desafio similar antes disso. Numa decisão um tanto impulsiva, pela hora do almoço foi de encontro à floricultura, dividir o momento com Eijiro e a amiga do rapaz.

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