Bakugo Katsuki é um Alpha bem sucedido e dedicado que tem sua vida bagunçada ao encontrar Kirishima Eijiro, um Omega de cabelos ruivos e sorriso marcante.
Mas isso só acontece depois de um detalhe fundamental: eles se casaram nem se conhecer, guiado...
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— Digo o mesmo sobre o Heat. E garanto que não estou na seca — fez gestos com os dedos para simular aspas — a ponto de sair e marcar um Omega qualquer.
Arrependeu-se no instante em que terminou a frase, e o arrependimento virou uma faca que perfurou seu coração quando sentiu traços de mágoa e decepção atingi-lo através do vínculo.
De todas as frases que poderia dizer, Bakugou foi escolher logo uma das piores...
Eijiro não disse nada. Apenas afastou-se da cômoda em direção à porta, na nítida intenção de sair do quarto. Mas Katsuki foi mais rápido, levantando-se da cama e o segurando pelo pulso, impedindo-o de fugir.
— Eu tentei ir embora — o ruivo falou — Tentei mesmo, bro. Mas tive que voltar. Isso nunca me aconteceu antes, já me sinto humilhado o bastante, sabe? Não precisa ser escroto e me pisar ainda mais...
O pequeno discurso foi feito com o rapaz de costas, evitando olhar na direção do Alpha de cabelos loiros, embora sem tentar escapar da mão que o segurava.
Uma onda de tristeza e insegurança atingiu Bakugo e o arrependimento foi visceral. Percebeu que preferia morder a própria língua a machucar aquele rapaz outra vez. Fosse qual fosse o motivo que Alpha e Omega se permitiram aquele vínculo, ele era real para a parte animal de cada um. E a parte humana sentia os efeitos de todo ato.
As consequências de todo ato.
Em silêncio, Katsuki deu um leve puxão no pulso entre seus dedos, indicando que o outro deveria voltar e sentar-se na cama. Não precisou ver o rosto que permanecia baixo para saber que ele estava chorando.
Quando se sentaram sobre o colchão, Katsuki segurou a mão alheia entre as suas, notando como Eijiro evitava olhar de volta, mirando um ponto aleatório no chão. Com suavidade que lhe era inédita, confessou:
— Eu estou aqui porque meu chefe me suspendeu. Era isso ou demissão. Porque eu sou a porra do detetive mais competente do departamento, mas também sou o mais escroto. E, aparentemente, o resto da população considera um defeito — respirou fundo e soltou as palavras que talvez nunca havia oferecido a alguém até então com tamanha sinceridade e arrependimento: — Sinto muito. O que eu disse foi horrível.
As palavras não foram muito competentes. Porém a sensação de pesar que envolveu Eijiro foi intensa e real. Provou que o Alpha era sincero. Funcionou para fazê-lo erguer a cabeça e fitar o outro, piscando para expulsar as duas últimas lágrimas de seus olhos.
— Foi horrível, bro. Por favor, não faça de novo...
— Nunca — Katsuki puxou a mão que segurava e levou em direção aos lábios, pronto para selar a promessa com um beijo singelo, parando o gesto no meio ao se dar conta do que planejava.
Assistiu Eijiro corar, um tanto sem jeito, antes de puxar a mão e ajeitar-se, sentando-se melhor sobre o colchão.
O silêncio um tanto constrangido se estendeu por algo que pareceu tempo demais. Katsuki limpou a garganta e ofereceu:
— Quer ir ao refeitório e beber um chá enquanto conversamos? — talvez o Omega ficasse mais confortável. E ele mesmo desencorajado de atos muito íntimos!
— Vamos — a concordância veio rápida, ainda um tanto desanimada e entristecida, mas sem aquele tom magoado que quase partiu o coração de Katsuki, por ele saber que partira o do Omega.
***
Uma das vantagens em se hospedar em um recanto fora de época de temporada estava na facilidade de encontrar lugares, espaços com privacidade. Passava pouco da hora do almoço e o refeitório restava vazio. Logo a dupla sentou-se em uma das mesas de canto, atendidos com rapidez por uma funcionária.
Não demorou nada e receberam o pedido: chá verde para Katsuki, chá de pêssego para Eijiro e bolachas de gengibre para acompanhar.
Por algum tempo apenas deram goles nas bebidas, refletindo sobre o assunto sério que tinham a tratar.
— Então vínculos trazidos por Marcas consensuais são mais difíceis de quebrar? — o detetive achou melhor começar o assunto ou nunca sairiam do lugar.
— Hum? — Eijirou soou distraído, recuperando o foco em seguida — Ah! Sim, pelo que pesquisei é muito díficil de quebrar. Exceto por uma Marca mais significativa sendo sobreposta e anulando a primeira. Mas é pesquisa de internet...
Katsuki sondou o rosto alheio, mais analisando a informação do que admirando a beleza da qual se deu conta várias vezes. Ao menos seu Alpha tinha bom gosto, excelente gosto. O Omega era bonito por fora e parecia igualmente lindo por dentro, com um coração sensível. Só por perdoar a grosseria de Bakugo já dava provas disso.
Desviou os pensamentos e focou na prioridade. Era óbvio para ambos que sobrepor a Marca, com outra Marca, estava fora de questão.
— O que mais apareceu na pesquisa?
— Os primeiros dias são instáveis, o vínculo precisa que nós dois fiquemos meio... perto. Aliás, tive que parar em uma farmácia e comprar uma pomada analgésica e analgésico muscular. A mordida que você deu na minha nuca começou a doer que não foi brincadeira não, bro!
A reclamação, de certo modo, mexeu com os brios de Katsuki. Ele deu um sorriso um tanto suspeito, que fez Eijiro estreitar os olhos.
— Sinto muito — o Alpha pediu sem sinceridade alguma. Até porque, não se lembrava de ter dado aquela mordida!
— Sei... — o outro devolveu fazendo um bico — Na hora eu não senti. Acho que não senti. Porque não lembro de nada! Nada do que a gente fez até recuperar a racionalidade na situação mais constrangedora da minha vida! E dolorida também.
— Eu também não me lembro de nada — Katsuki fez um gesto para a funcionária que estava atravessando o refeitório e pediu uma nova dose dos chás.
— Sobre isso não achei nada na Internet. Mas descobri que tem terapeutas que ajudam com a coisa da Marca e do vínculo. Talvez procurar um profissional seja a melhor solução.
— E por quanto tempo temos que ficar perto um do outro? — Bakugo voltou a um ponto que podia ser empecilho. Aquele Omega disse que morava em Minato, lugar bem próximo de Taito e da hospedaria em que se encontravam. Já Musutafu ficava a uma distância aproximada de duas horas de viagem de carro.
Kirishima não respondeu de imediato. Primeiro moveu-se desconfortável na cadeira e acabou fazendo uma careta. Para disfarçar, explicou:
— Pelo que li, varia de vínculo para vínculo. Pelo menos três dias, isso que deu origem à lua de mel como conhecemos hoje. Depois a ligação vai se estabilizando e o casal pode começar a viver sua vida um longe do outro, tipo trabalhar, sabe?
O Alpha não respondeu de imediato. Viu-se frente a frente com outro belo problema. Ainda tinha quatro dias das "férias" forçadas. Isso talvez fosse tempo suficiente para acalmar e estabilizar o vínculo recém lançado.
Depois desses dias vinha o verdadeiro desafio. Precisavam achar um jeito de anular aquela Marca, sem que o Omega recebesse outra por cima, claro! Caso contrário, teriam que ficar perto um do outro, fato que parecia quase impossível, com eles morando em lugares tão distantes!
A face tensa de Kirishima dava a entender que preocupações semelhantes iam pela mente do rapaz. Desfazer o vínculo parecia impossível, viver juntos... igualmente impossível!