Soulmates

Capítulo 08

O dono do apartamento fez um breve tour, apresentando os cômodos. Era um espaço simples, comparado com as casas tradicionais japonesas. Um verdadeiro palácio perto do "armário" em que Eijiro morava, piadinha que rendeu o apelido de "Harry Potter Ruivo".

Além da sala, mostrou a cozinha, o banheiro com uma convidativa banheira e a área de lavanderia. Apontou o quarto principal e levou o morador provisório até o de hóspedes, que funcionava como pequeno escritório, resquício da época que Bakugo cursava a academia e estudava horas a fio para o exame de polícia.

— Quer arrumar as coisas primeiro ou tomar um banho?

— Vou dar um jeito aqui antes...

— Okay — Katsuki fez menção de sair do escritório, contudo parou próximo a porta e reforçou: — Não precisa ficar tão tenso.

Eijiro sorriu:

— Temos um vínculo, lembra? Eu não sou o único tenso aqui...

O Alpha rosnou alguma coisa ininteligível e deu as costas decidindo ele próprio tomar um banho. Caminhou até o quarto, onde deixou a pequena mala usada na hospedaria, depois desfaria aquilo.

Preferiu usar o chuveiro, deixando a água um tanto mais quente do que de costume. Estava realmente tenso, e a alta temperatura ajudava a relaxar os músculos. Escolheu uma calça de moletom cinza e uma camisa preta confortável.

Ao voltar para a sala, notou o Ômega acomodado no sofá.

— Tem toalha para emprestar? Eu usava o banho público...

Ao ouvir o pedido, ele deu meia volta e foi buscar um conjunto de toalhas tentando não pensar em como era viver num espaço tão pequeno quanto a micro quitinete e sem chuveiro ou banheira! Teria ao menos um banheiro privativo ou os moradores compartilhavam o do prédio?

Enfim...

— Obrigado! — o agradecimento veio com um sorriso cheio de dentinhos afiados.

Katsuki suspirou e foi para a cozinha pegar uma cerveja. Depois localizou o tablet e sentou-se no sofá onde ficou fazendo buscas na internet, investigando sobre vínculos, sobre situações em que as partes Alpha e Ômega tomavam o controle.

Não tinha nem terminado a primeira latinha quando um cheiro agradável de sabonete (muito mais agradável do que quando sentia aquele aroma na própria pele) invadiu a sala segundos antes de um animado Kirishima, que vinha com a toalha no ombro e um kit de primeiros socorros nas mãos.

— Uma ajudinha aqui, bro?!

O Alpha franziu as sobrancelhas, sem acreditar no que via: cabelos bem lavados caindo ao redor do rosto, regata branca, bermuda de algodão azul e surippas...?

— Quem é você e o que fez com o Cabelo de Merda?! — provocou.

Girando os olhos com enfado, o rapaz ignorou a brincadeira e foi sentar-se no sofá perto do detetive. Precisava trocar o curativo do pescoço e passar mais da pomada analgésica.

Katsuki assistiu divertido, por fim pondo os olhos sobre a bendita Marca. Nunca deixava de se fascinar pela imagem: a ferida de sua arcada dentária perfeita, com os caninos tendo se afundado mais na carnadura e causado maior estrago. Já não estava tão sanguinolenta, começando a se curar. Mas ainda apresentava um aspecto feio, ganhando tons arroxeados.

— Bro, pode parar de admirar a sua obra de arte e passar esse remédio logo? — o Ômega reclamou fazendo Katsuki pigarrear levemente envergonhado por ser pego no ato de observar a nuca de pele pálida e contornos quase sensuais, maculada apenas pela sua deslumbrante Marca.