CAPÍTULO- VINTE E UM

12 1 0
                                    

O clima na pequena cidade de Kigali  era tenso naquela manhã . As noticias sobre a acusação de violência sexual contra  uns dos homens mais conhecidos estavam se espalhando rapidamente, e as pessoas estavam divididas entre a incredulidade e a indignação. Sekai, era visto como um cidadão exemplar pela comunidade. No entanto, as evidências apresentadas pela jovem vítima eram convincentes e perturbadoras.

Várias fotos  dela com hematoma havia sido tiradas e publicadas nas redes sociais e consequentemente compartilhadas entre usuários  das mesmas. 

Dandara viu sua vida mudar da noite para o dia,  não sabia o que pensar ou como agir diante de um situação tão profunda e problemática,  era uma mulher que havia sido agredida,  tirada sua pureza e dignidade,   e o único suspeito é seu marido. 

Algo lhe diz que nada disso era verdadeiro, que talvez seja mentira ou  que a vítima  possivelmente  havia cometido um crime e simplesmente queria se livrar, eram tantos pensamentos  que sentia dor forte e qualquer hora  poderia ficar louca.

Seu coração dizia para acreditar no marido,  mas sua razão  dizia-lhe que  tudo estava muito mal contado,  a muita coisa que ai não estavam claras.

— Você não pode fazer isso. Olha o Sekane jamais faria algo assim e você sabe disso, Cláudia.

— Dandara,  eu já apresentei as provas para você,  eu não estou a fazer nada que a lei não me permitisse. -- Respondeu, Cláudia, olhando para o rosto abatido da amiga. 

Dandara passou a noite em claro na delegacia da mulher, tentando resolver a situação do esposo, porém sem sucesso nenhum.

— É impossível isso, sabe a probabilidade disso acontecer?

—  Ah... Não sei.. Talvez  cem por cento?

— Zero. Zero, Cláudia. — Esbraveja, Dandara perdendo a paciência.  — Eu  conheço o meu marido  e sei que nunca faria isso.

— Talvez você não o conheça assim tão bem, talvez ele seja um ..

— Um o que? — Indaga, Dandara  se aproximando da mesa da colega. — Não ouse chamar meu marido disso.

— O que ? Que ele é um estuprador?

— NÃO , NÃO É.

— É  SIM. — Gritou de volta,  Cláudia ao se levantar da sua cadeira.  — Eu sinto muito que você esteja a passar por isso, eu ... de verdade lamento  muito, Dandara,  mas aí estão as provas. Eu não estou a fazer nada que a lei não  determinasse.— Dandara,  balança a cabeça diversas  em negação,   engolindo a saliva, ela diz.

— Você está a fazer isso só para me magoar , já entendi.

—  Não tem nada haver, esse é o meu trabalho, foi para isso que eu estudei e é nisso que acredito,  eu acredito nas mulheres. — Diz Cláudio,  olhando seriamente para  Dandara. — As falas estão aí. Nas imagens Kelly aparece com machucados na região do pescoço, rosto  e braço  o que indica que havia sido usado uma força maior,  nenhuma mulher faria isso só para chamar atenção de um homem. — Rebateu, Cláudia,  mostrando cada foto para Dandara. 

— Eu não acredito nisso. — Replicou, Dandara decepcionada e magoada.  — Eu sei que o meu marido jamais faria isso com alguém, você também sabe.

—Pois bem, eu não posso fazer nada em relação a isso.

— Ahn claro,  pensei que era minha amiga,  agora vejo que Sekane sempre tinha razão,  você não gosta e nunca gostou dele, isso aí, é só a prova dessa palhaçada toda. —  Disse, olhando friamente para a mulher à sua frente.

- Dandara, eu não estou aqui para discutir nossa amizade, estou aqui para fazer justiça. E se as provas apontam para seu marido, eu não posso simplesmente ignorar.— Rebateu, Cláudia, simples e objectiva. — E se você está tão preocupado assim com o seu marido,  porque não faz nada para o tirar daqui ou melhor provar que a justiça está a cometer um erro?

Dandara,  por sua vez move a cabeça de um lado para o outro e diz. 

— Isso não vai ficar assim,  e fique a saber que a nossa amizade acabou aqui.—  Dito isto, Dandara saiu da delegacia com o coração apertado, sem saber em quem acreditar. Enquanto caminhava pelas ruas desertas da cidade, sentia um arrepio na espinha e a sensação de que estava sendo uma tola. Seu coração dizia uma coisa e sua mente outra, mesmo sabendo que Cláudia detenha razão,  não poderia desacreditar na lealdade do marido, eram muitos anos juntos para simplesmente ser jogados fora como se nada fosse.

— Isso não é verdade,  meu Sekai jamais faria isso.

Mas cada vez mais as perguntas surgiam  confrontando sua indeleção . Dandara se sentia perdida, como se estivesse afundando em um poço de decepção e traição. Seria realmente possível se Kane tivesse feito isso?

A angústia tomava conta de seu peito, apertando cada vez mais seu coração. Sentia-se sufocada pela dor da desconfiança, pelo medo de estar vivendo uma mentira. Não queria acreditar que o homem que ela amava, que prometeu estar ao seu lado em todas as situações, era capaz de traí-la e destruir tudo o que construíram juntos.

As lágrimas escorriam pelos seus olhos, lavando sua alma e levando embora a sensação de segurança e confiança. A sensação de abandono e de solidão a consumia por dentro, fazendo com que se perguntasse onde foi que errou, por que não percebeu antes as mentiras e o engano, desamparada, com seu coração em pedaços e a certeza de que nada mais seria como antes. A dor era insuportável, a sensação de desamparo era avassaladora.

E no meio de todo esse sofrimento, Dandara percebeu que talvez a maior angústia não fosse a traição em si, mas sim a perda de confiança, a destruição de uma relação que parecia ser indestrutível. E no meio daquela noite solitária e fria, ela entendeu que o pior sofrimento era ter que reconstruir seu coração, suas esperanças, e sua vida, do zero.

No entanto, a  incerteza de que Se Kane  seria  capaz de fazer isso, martelava na sua cabeça,um  homem com o coração bom, jamais seria um monstro

Dividida entre a decepção com o marido e a incerteza em relação aos seus actos mascarar seus sentimentos diante disso lhe pareceu uma boa ideia. Ela queria acreditar que ele era realmente um homem de bom coração, mas a sombra da traição de seu marido pairava sobre sua mente, gerando dúvidas e inseguranças.

Ela se questionava se seria capaz de confiar novamente em alguém, se poderia se entregar a um novo amor sem medo de ser mais uma vez machucada. A incerteza a atormentava, fazendo com que se perguntasse se Sekane seria realmente diferente, se poderia oferecer a ela o amor e a lealdade que tanto desejava.

Mas, ao mesmo tempo, uma parte dela ansiava que tudo isso fosse pesadelo, no qual  queria despertar imediatamente  e saber que seu marido está lá  com aquele sorriso bonito a sua espera por isso decidiu  dar uma chance nele mesmo  que isso significasse correr o risco de se ferir novamente.

Dandara sabia que precisava enfrentar seus medos e tomar uma decisão. Ela não podia viver na incerteza e no sofrimento constante, precisava buscar a verdade e encontrar uma maneira de seguir em frente, seja ao lado de Sekane.

No fundo de seu coração, ela desejava acreditar na inocência de seu marido, queria acreditar que o amor deles poderia superar qualquer desafio. Mas ao mesmo tempo, a voz da razão lhe dizia para ser cautelosa, para não se deixar cegar pela esperança.

Mesmo sabendo  que precisava agir com clareza e objetividade, acima de tudo precisava buscar respostas e enfrentar a realidade, por mais difícil que fosse.Com o coração pesado e a mente tumultuada, Dandara se preparou para confrontar a verdade, para enfrentar seus medos e tomar as rédeas de sua vida. Ela estava determinada a encontrar a verdade, mesmo que isso significasse enfrentar a maior dor da sua vida.

O Mascarado |Dark Romance |Onde histórias criam vida. Descubra agora