CAPÍTULO- DEZ

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No dia seguinte, Dandara despertou da anestesia, envolta em confusão e um profundo vazio. Seus olhos exploraram desesperadamente o ambiente desconhecido, mas nenhum traço familiar foi encontrado. Ela tentou mover-se, apenas para ser sufocada pela dor lancinante em seu ventre.

- Ai, ai!!

- Filha? Está tudo bem? - A mãe, emergindo do sono, perguntou, seus olhos pesados de sono.

Ela dormia numa cadeira pequena, encolhida contra a parede próxima à porta. Assim que os gemidos da filha a alcançaram, ela se levantou apressadamente para confortá-la.

A idade avançada pesava sobre ela, e o cansaço era seu companheiro constante.

- Ai, ai... Mãe... Onde... estou? - Dandara questionou, buscando respostas desesperadamente.

- Graças a Deus, que Seu nome seja louvado, meu Pai. - Ela murmurou, suas mãos erguidas em adoração, enquanto fitava o teto. - Meu amado Pai, obrigada por proteger minha menina.

- Mãe! - Dandara chamou, sua voz carregada de aflição.

- Sim, minha querida, estou aqui. - Ela respondeu, seus olhos fixos na filha deitada.

Sua expressão misturava preocupação e alívio. Seu coração se acalmou ao ver os olhos negros e cativantes de sua preciosa filha, sua maior dádiva. No entanto, uma dor persistente ainda a atormentava, uma dor que ninguém poderia aliviar.

- Por favor, mãe, me diga por que estou aqui? - Dandara implorou, sua voz trêmula ecoando pela sala.

- Bem... Você não se lembra de nada? - A mãe perguntou, surpresa. Agora, era sua responsabilidade revelar o que aconteceu, já que Sekane estava ausente.

- Não, mãe, e onde está meu marido? SEKANE? SEKANE? - Ela gritou, em busca do esposo, mas o silêncio foi sua única resposta.

A mulher diante dela sentiu-se impotente, seus nervos à flor da pele enquanto observava a filha com tristeza. Seu olhar caiu sobre o ventre da jovem, e Dandara seguiu seu olhar. Então, ao tocar a região, seus olhos se arregalaram em choque, enquanto a mãe engolia em seco, antecipando a reação da filha.

- Onde esta meu bebé e meu marido? Porquê estou aqui? - Bravejou Dandara nervosa.

- Calma, filha. Respire fundo! - Ela aconselhou, antecipando o pior.

- O que... O que aconteceu? Onde está meu bebê? Mãe, por favor... - Dandara implorou, sentindo um aperto na garganta, as lágrimas começando a inundar seu rosto. Sua mãe não resistiu e também desabou em prantos. - Me diz a verdade, onde esta meu bebé? Porquê ele não esta na minha barriga? Porquê? PORQUÊ MÃE?

Um silêncio pesado pairou no ar, envolvendo a sala em uma aura de tristeza profunda. A cor branca, símbolo de paz, já não tinha significado. O clima sombrio dominava tudo ao redor.

- Filha! Eu... Eu sinto muito. - A mãe murmurou entre soluços. Não conseguindo dizer-lhe o acorrido. - Eu sinto muito.

- Não... Não, não! Não me diga isso, eu não quero ouvir isso mãe, diz-me onde esta ele. - Dandara recusou-se a acreditar, negando freneticamente, apertando seu ventre com força. A dor física já não importava; seu coração partido doía muito mais. - Traga... TRAGA MEU BEBÊ AGORA, MÃE. POR FAVOR... - Ela gritou, suas lágrimas agora inundando o quarto, sua mãe chorando ao seu lado.

Dandara perta sua barriga, como se isso fosse fazer com seu bebê voltasse, a cada momento seus momentos se tornam fortes ao ponto de desfazer os pontos da cesariana.

- Filha, por favor, pare com isso. Você vai se machucar. - A mãe tentou segurar suas mãos, mas foi em vão.

Dandara afastou-se facilmente, sua força enfraquecida pela dor. Apesar das dificuldades, ela se levantou da cama determinada a encontrar seu filho, mas suas pernas cederam, fazendo-a cair no chão, deixando sua mãe ainda mais horrorizada.

- Não, pelo amor de Deus! Alguém, chame um médico... uma enfermeira... ENFERMEIRA! - A mãe gritou desesperada, incapaz de levantar sua filha sozinha.

Então, surge Cláudia, seus olhos se arregalam ao ver a cena, e ela corre para ajudar a erguer Dandara, antes de sair em busca de ajuda médica.

Djamila não consegue conter as lágrimas, seu coração dilacerado ao ver sua preciosa filha naquela condição. Dandara sempre irradiou luz, seu sorriso era como um raio de sol, mas agora tudo estava apagado. Djamila acariciou o rosto pálido da filha, seu choro se intensificando ainda mais. A dor que ela sentia era indescritível, mas como mãe, ela entendia perfeitamente a angústia de sua filha.

Por outro lado, Sekane se encontra sozinho no bar, totalmente embriagado. O álcool se tornou seu único refúgio para a dor insuportável que o consumia. Sentado em uma cadeira de madeira junto ao balcão, a cabeça abaixada, Sekane chorava em silêncio, as palavras do médico ecoando em sua mente: "Seu filho morreu. Seu filho morreu, morreu." A dor era avassaladora.

Tantas coisas estavam acontecendo que ele mal sabia para onde se virar. A quem buscar ajuda ou apoio emocional? Ele estava completamente sozinho, com apenas a garrafa de vodka como companheira. Embora não fosse seu costume, naquela profunda tristeza, o álcool se tornou sua única válvula de escape.

- Senhor, já são 1h30 da manhã. Precisamos fechar. - Disse o garçom, organizando o salão.

O lugar não era luxuoso, mas era frequentado por muitos homens da classe média e alguns ricos, devido à qualidade dos serviços. O espaço era dividido em dois, com uma área VIP no andar de cima e uma área comum no térreo, onde Sekane se encontrava, segurando sua garrafa de vodka. Ele levou a garrafa à boca antes de olhar para o homem que organizava os copos.

- Eu sou a autoridade aqui. - Murmurou, quase num sussurro. - E se você desafiar a autoridade, o prenderei. - Sekane voltou a beber sua vodka.

O rapaz riu da tentativa de intimidação de Sekane e perguntou:

- Tem alguém com quem possa ligar, senhor? - Ele se aproximou do balcão de madeira e conseguiu tirar a garrafa das mãos de Sekane, afastando-a.

- Ei! Quem você pensa que é? - Sekane reclamou, exaltado, quase caindo se não fosse pelo rapaz segurando-o.

Ele revirou os bolsos de seu casaco preto e encontrou o celular, mas percebeu que precisava da senha para acessá-lo. O rapaz praguejou e tentou desbloqueá-lo, vendo Sekane adormecer em seus braços. Vendo a oportunidade, ele usou a impressão digital de Sekane para desbloquear o celular e ligou para o primeiro número, sem sucesso. Tentou novamente e, desta vez, teve sorte.

- Graças a Deus! - Suspirou aliviado.

Coração Mascarado |Dark Romance |Where stories live. Discover now