CAPÍTULO DOIS

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Apesar de possuir uma empregada doméstica, Dandara gosta mesmo é de exercer suas habilidades na cozinha e exercer seus afazeres como dona de casa. Quase não faz isso por conta do trabalho na Esquadra de Polícia. Ela teve uma boa educação e sua mãe sempre a ensinou que nenhum trabalho de casa deveria ser passado para outra mulher de fora, referindo-se à copeira. Estudar e se formar sempre foram as prioridades dela e de seus pais. Sua família nunca foi rica, mas também não era pobre. O pai trabalhou muito bem durante sua existência, o que possibilitou um grande grau de estudo para a filha, enquanto sua mãe era dona de casa.

Isso nunca foi um problema para a família; no entanto, estudar e se formar sempre foram o sonho de sua mãe. Infelizmente, devido às condições, nunca tiveram a oportunidade. Por conta disso, seus objetivos foram passados para Dandara, que agarrou-os com as duas mãos e transformou esse sonho em realidade para ambas.

Hoje, Dandara é uma das policiais mais reconhecidas do país, orgulho de seu pai falecido e de sua mãe ainda existente.

O casamento com Sekane foi apenas uma pequena alavanca para substituir a vida de pobreza por uma mais confortável. Dandara ganha bem, não tanto quanto o marido, mas é o suficiente para sustentar sua mãe, de quem vem sua força, determinação e coragem.

No entanto, isso não mudou sua forma de ser; pelo contrário, ela se tornou mais humana. Dandara e Sekane são bem famosos na cidade, não só por sua contribuição para a segurança do país, mas também por sua generosidade.

Embora as condições de segurança do país sejam geralmente seguras, com baixa incidência de criminalidade, ainda assim os viajantes devem permanecer alertas, principalmente para pequenos furtos, e seguir os conselhos de segurança providenciados pelas autoridades locais.

No entanto, esse quadro tem mudado com altos índices de mortalidade infantil, pobreza, subnutrição, analfabetismo, entre outros problemas sociais. Por essa razão, Dandara decidiu se alistar para a segurança nacional do país.

A situação de Sekane não diferiu; talvez seja porque tenham tanto em comum que o casal estabeleceu-se junto e formou uma família. Diferente de Dandara, Sekane não conhece seus pais biológicos; viveu toda a sua vida com os pais adotivos, que lhe foram um pouco maus. Sekane teve que aprender a lidar com certas circunstâncias da vida e fazer delas uma força incomum para sobreviver, e assim o fez.

Jurou para si mesmo que viveria para a justiça.

— Dona Dandara, onde coloco a camisa do senhor Zaire? — inquiriu a mulher que vestia o avental do chefe.

Dandara tirou os olhos da massa que fazia e deu atenção à mulher.

— Pode me deixar em cima do sofá, Sara, depois eu arrumo. — Respondeu.

— Está bem. — Concluiu Sara.

— Ah! Sara, por favor, venha me ajudar aqui. — Pediu Dandara, ao sentir a energia ir embora.

Estava no sexto mês de sua gravidez, e segundo seu médico obstetra, Dandara deveria tomar o maior cuidado por estar em uma gravidez de alto risco.

— O que a senhora está fazendo? — Perguntou curiosa Sara.

— Ah, quero fazer um folar para o Sekane, ele gosta muito, principalmente no café da manhã. — Explicou a dona de casa.

Sara então ajudou Dandara no que precisava, desde o preparo do recheio até a montagem, e depois levou ao forno para assar. Enquanto jogavam conversa fora, a hora de Sara já batia à porta, logo despachou-se na ajuda a Dandara e foi.

O silêncio abraçou Dandara outra vez; quando o marido não era Sara, quem a fazia companhia, ela ficava sozinha à espera do marido.

Eram por volta das 10h30 da noite, e Sekane ainda não havia chegado em casa. Preocupada com o marido, Dandara ligou diversas vezes, mas ele não atendia. A angústia e o medo de que algo acontecesse com ele aumentavam; não era hábito do marido ficar até tarde no trabalho, ele sabia das condições em que a esposa se encontrava, por isso fazia de tudo para despachar o trabalho e chegar cedo. No entanto, hoje não estava sendo como os outros dias, e isso deixava Dandara aflita e com os pensamentos voltados para a situação caótica que poderia acontecer com o esposo.

— Atenda, amor. — Disse ela, nervosa. — O que será que aconteceu? Por que não atende? — Perguntava-se totalmente ansiosa.

Ela andava de um lado para o outro com o telefone na orelha, tentando ligar para ele a cada cinco minutos, mas não havia resposta.

Abalada com a falta de notícias do marido, Dandara decidiu ligar para um amigo de ambos. No entanto, ele também não tinha notícias do esposo. Angustiada e derrotada, Dandara começou a chorar de desespero. No entanto, não deixou de ligar para o telefone do marido; outros tipos de pensamentos surgiram, como se por acaso ele estivesse a traindo ou se estivesse em algum bar com amigos, afinal, era sexta-feira.

Contudo, isso não era normal para Sekane; tudo isso deveria ter uma explicação, pois Dandara se recusava a aceitar. Ela esperou, mas por meia hora, nada do cônjuge aparecer, e com esses pensamentos, o sono a levou aos sonhos no sofá da sala.

Ao chegar em casa, já por volta das 12h da noite, Sekane encontrou a esposa dormindo no sofá, com uma expressão de tristeza. Ele franziu o cenho ao ver a fisionomia cansada dela, e então chegou à conclusão de que ela havia adormecido de exaustão e preocupação por conta de sua demora. Antes de fazer qualquer coisa, ele a levou para o quarto do casal após limpá-la.

— Já cheguei, meu amor. — Sussurrou no ouvido dela, depositando um beijo nos lábios e na testa. — Não era minha intenção deixá-la preocupada, mas já estou aqui. — Assegurou ele, deitando-se e puxando o corpo da esposa para si.

Coração Mascarado |Dark Romance |Where stories live. Discover now