Capítulo 25

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– Henrique

A noite desceu sobre a comunidade como um manto, trazendo consigo o alívio da brisa noturna após um dia de festividades incessantes. As crianças, com suas energias inesgotáveis, não me concederam um momento de trégua, mas agora, enquanto a escuridão se aprofundava, era a expectativa da festa que me mantinha acordado. A verdadeira celebração estava prestes a começar, e eu não fazia ideia do que a noite reservava.

Caminhando pelo corredor, os ecos de risadas emanavam do quarto de Carol, lembrando-me de que Julian e Thomas também estavam presentes aqui em casa. Hesitei por um instante, debatendo se deveria continuar meu caminho ou interromper aquele momento de alegria. Mas algo dentro de mim, talvez a curiosidade, me impulsionou a bater na porta. O ato foi quase instintivo, e só então percebi a magnitude do que havia feito.

As risadas cessaram, substituídas por sussurros abafados. Uma pausa tensa se instalou, e então a voz de Carol rompeu o silêncio, "Quem é?". Era um desafio.

- Sou... sou eu, Carol - Minha voz vacilou, e um arrependimento imediato tomou conta de mim.

Ela permaneceu em silêncio, deixando a tensão se espalhar pelo ar. Logo, os sons da fechadura se movendo preencheram o corredor, e a porta começou a se abrir lentamente, como se Carol quisesse evitar que eu visse demais.

- Pois não? - Ela apareceu, desarrumada, com uma toalha enrolada na cabeça, mantendo a porta apenas parcialmente aberta, como um escudo contra a minha possível invasão.

- Alemão e Victor já estão lá embaixo - Comecei, lançando uma mentira descarada que poderia se voltar contra mim - Vim te perguntar, você vai descer conosco agora?

- Podem ir na frente - Ela respondeu prontamente, dispensando a minha presença - Eu e os meninos ainda vamos demorar um pouco para nos arrumar.

Aceitei sua resposta com um aceno, fingindo desinteresse, e continuei meu caminho. O som da porta se fechando e trancando atrás de mim ecoou como um ponto final.

Descendo as escadas para o primeiro andar, senti a ansiedade borbulhando dentro de mim. Queria distrair a mente, e a festa da comunidade parecia o antídoto perfeito para o tédio que me consumia. Ao abrir a porta, Victor estava lá, sua mão pairando sobre a campainha.

- Olha só que sincronia, nem precisei tocar e você já está aqui - Falou ele, com um sorriso travesso que me arrancou um sorriso relutante.

- Confesso que estou surpreso em te ver aqui. A essa hora, pensei que você já estaria na festa, aproveitando - Respondi, compartilhando minha surpresa.

- Ah, se fosse um bailão, eu seria o primeiro a chegar. Mas uma festa comunitária? Não tem o mesmo apelo - Ele explicou, sua voz destilando uma empolgação morna.

- Você nunca muda, né? - Falei, rindo enquanto balançava a cabeça em descrença. - Bom, eu estava de saída antes mesmo de você aparecer.

- E foi exatamente por isso que eu vim. Para irmos juntos - Ele esclareceu, com um aceno de cabeça.

- Então vamos logo, para não perdermos o melhor da festa - Sugeri, já me movendo para fora e fechando a porta atrás de mim.

- E a Carol? Ela não vai agora? - Ele perguntou, e lancei um olhar curioso em direção à janela do quarto dela.

- Ela vai mais tarde com os meninos - Expliquei brevemente. - Parece que vão levar uma eternidade para se arrumar.

proibido se apaixonar (romance gay)Where stories live. Discover now