capítulo 14

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- Julian

O silêncio no café da manhã era uma constante, uma quietude que se estendia como uma névoa entre as xícaras e pratos. Meu pai finalmente quebra o silêncio, sua voz cortando a monotonia matinal.

- E a escola, Julian, está gostando de estudar lá? - Ele pergunta, e eu hesito antes de responder.

- A escola é interessante, mas como nada é perfeito, ela também tem seus defeitos - Falei, evitando seu olhar.

- Quais, por exemplo? - Ele insiste, e eu sinto o desafio em sua voz.

- Se fosse falar dos defeitos daquela escola, você ficaria surpreso - Respondo, encontrando seu olhar firme.

- Ou talvez a escola seja boa e você, como sempre, procura defeito onde não tem - Ele rebate, e eu sei que estamos à beira de uma discussão.

- Isso porque não é o senhor que vai todo dia à escola, né? - Respondo, minha paciência se esvaindo.

- Devia agradecer que tem onde estudar, e principalmente numa das melhores escolas do Rio - Ele eleva o tom, e eu me esforço para manter a calma.

- Não estou reclamando, apenas disse que nem tudo é perfeito e tem seus defeitos. O senhor que interpretou errado - Falei, tentando manter a voz serena.

- E como sempre, tem que arranjar um defeito, né? - Ele questiona, e eu respiro fundo.

- Não posso fazer nada se nada é perfeito como deveria ser - Respondo, minha voz tingida de sarcasmo.

- E quando as coisas vão estar perfeitas para você? - ele pergunta, e eu estou prestes a responder quando minha mãe interrompe.

- Bom, mudando de assunto, alguma novidade na escola, querido? - Ela pergunta, tentando desviar a conversa para águas mais calmas.

Penso por um momento antes de compartilhar uma 'novidade' que me incomoda.

- Ah, lembrei de uma interessante - Começo, minha voz carregada de ironia. - Todos da escola já sabem que sou filho de Renato Albuquerque, o empresário bem-sucedido do Rio.

- Que bom, pelo menos já sabem que seu pai não é qualquer um - Meu pai diz, orgulhoso.

- Já eu penso diferente, preferia que achassem que meu pai é qualquer um - Respondo, minha voz seca.

- Você fala como se tivesse vergonha de mim?- ele me encara, e eu sinto a tensão crescer.

- Vergonha não, apenas evito pessoas interesseiras de andar comigo porque meus pais têm uma posição e dinheiro - Explicou, minha frustração evidente.

- E qual é o problema nisso? Quanto mais pessoas te conhecerem, mais falado fica - Ele diz, convencido de que a fama é algo a ser desejado.

A conversa gira em círculos, e eu me pergunto se algum dia encontraremos um terreno comum onde as expectativas e realidades possam coexistir sem conflito.

- Isso porque está acostumado com gente interesseira ao seu redor - Falei me levantando com firmeza. - Deixa eu te falar uma coisa, pai, sem essa posição e esse dinheiro que tem, é apenas um homem comum entre outros tantos por aí - o encaro com desdém.

proibido se apaixonar (romance gay)Where stories live. Discover now