capitulo 9

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- Julian

O som irritante do alarme do celular rasgou o silêncio do meu quarto. Resmungando, esfreguei os olhos e desliguei o aparelho, que mais parecia um farol na escuridão das 6h da manhã. A cortina estava fechada, e o quarto, mergulhado em penumbra. Deitei-me novamente, mas a lembrança do meu primeiro dia na Routh Goulart me fez saltar da cama com um suspiro frustrado.

- Aí que ódio - murmurei para mim mesmo.

Levantei-me e afastei a cortina, mas a luz do dia invadiu o quarto, ofuscando minha visão da rua. No closet, escolhi uma roupa casual, já que tinha a liberdade de não usar uniforme por uma semana. No banheiro, liguei a banheira e, enquanto a água enchia, encarei meu reflexo no espelho. Parecia um zumbi, com o cabelo em completo desalinho.

- Misericórdia, que desastre - Exclamei, desligando a banheira.

Tirei a roupa e entrei na água morna. O banho foi rápido; o motorista logo chegaria. Vestido, desci para tomar café. Minha mãe já estava na cozinha, arrumando a mesa.

- Bom dia, meu anjo - Falou ela, depositando um beijo em minha testa.

- Bom dia, mãe - Respondi, sentando-me.

- Essa cara… Você deveria estar mais animado para o seu primeiro dia de aula - Comentou ela, colocando o bolo de chocolate e o café na mesa.

- Mãe, parece que eu quero ir para a escola? Ainda mais para aquela? - Retruquei com ironia.

- Você vai se acostumar, é só uma questão de tempo - Falou ela, servindo-se.

- Tomara que não - Resmunguei, mas fui interrompido pela entrada do meu pai na cozinha.

- Amor, pode me ajudar com o nó da gravata? - Ele pediu a ela.

- Claro, querido. Ainda não aprendeu a fazer um nó, né, senhor Renato? – Minha mãe brincou, finalizando a gravata com um toque de mestre.

– Obrigado, meu amor. Bom dia – meu pai agradeceu com um selinho nela, antes de se virar para mim. – Bom dia, Julian.

–Bom dia – Respondi, minha voz mais seca que o pão de ontem.

O café da manhã transcorria em um silêncio tenso, quebrado apenas pelas tentativas esporádicas da minha mãe de puxar conversa. Ah, como eu sentia falta dos nossos cafés matinais de antigamente, repletos de risadas e diálogos calorosos. Agora, restava apenas a troca de olhares vazios. Um olhar no relógio e já marcava 6h33m.

– Com licença, mãe, vou terminar de me arrumar. O motorista deve estar chegando – Falei, levantando-me da mesa.

– Claro, Meu Anjo – Respondeu ela, Com Um Sorriso.

No meu quarto, enfrentei o desafio diário de domar meu cabelo. Em menos de cinco minutos, estava pronto. Vestindo a blusa de frio cuidadosamente para não desfazer o penteado, ouvi a buzina do carro. Espiei pela janela e avistei o veículo preto.

– Julian, o motorista chegou! – minha mãe anunciou do andar de baixo.

– Obrigado, mãe! Já estou descendo! – Respondi.

Com a mochila nas costas, peguei meu fone e celular. Antes de descer, dei uma última conferida no espelho. E, como sempre, o reflexo confirmava: eu estava arrasando no visual.

proibido se apaixonar (romance gay)Where stories live. Discover now