Isabely: me revele seu segredo

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Após a tempestade emocional, respirei fundo, tentando encontrar clareza em meio ao turbilhão de informações contidas nas cartas. Com calma, organizei os acontecimentos descritos em minha mente antes de decidir abordar minha mãe, que ainda estava na cozinha, lavando os pratos com uma alegria que logo se transformaria em seriedade. 

_ Mãe, precisamos conversar, anunciei, segurando as cartas com firmeza. Ao virar-se para mim, seu rosto exibia uma expressão de curiosidade e preocupação. 

_ Sim, querida, vamos, respondeu ela, abandonando momentaneamente os pratos. O silêncio tenso permeou o ambiente enquanto nos dirigíamos à sala de estar, ambas apreensivas, sem saber exatamente como começar. 

Chegando à sala, os olhares se encontraram, carregando consigo a gravidade do momento. Decidir ir direto ao ponto, pois já estava ciente do peso das palavras que estavam prestes a serem ditas. 

_ Mãe, o que aconteceu com papai naquela época e quem é Jonathan?
Inquiri, deixando as cartas visíveis em minhas mãos. Ao notar o conteúdo das cartas, sua expressão mudou para seriedade, indicando a compreensão do assunto. 

_ Bem, como posso começar... ela hesitou antes de mergulhar na narrativa intricada. Desvendou como meu pai, além de ser um habilidoso confeiteiro, também desempenhava o papel de contador para amigos e conhecidos. Contou sobre a perigosa investigação na qual ele e Jonathan se envolveram, acessando arquivos comprometedores de um certo casal.
_ E o Jonathan como você bem leu, era filho deles, o qual ajudou seu pai na coleta dos documentos durante a investigação deles. Ele foi ameaçado de todo jeito, ele era perseguido, pois o casal já começava a desconfiar dele. Seu pai sempre foi cauteloso quando o assunto envolvia família e amizades próximas, assim não sabiam de nossa existência e não foram atrás de nós duas.
Acrescentou, tentando explicar a complexidade da situação. Enquanto ela narrava, minha mente oscilava entre a incredulidade e a urgência de descobrir a verdade por trás da morte de meu pai. 

_ Meu pai realmente morreu em um acidente, como você dizia, ou era apenas uma mentira contada para mim? Questionei, sentindo um nó se formar em minha garganta. A incerteza pairava no ar. 

_ Não sabemos ao certo, ela admitiu. _ Ele foi encontrado na estrada com o carro totalmente destruído. Prefiro acreditar que o casal nada teve a ver com isso. A resposta não trouxe a paz que eu esperava. 

O desejo de justiça e vingança tomou conta de mim. _ Quem são essas pessoas que perseguiam até o próprio filho? Indaguei, a raiva penetrando minha voz. Queria fazer valer o sacrifício de meu pai e desvendar a verdade. Sei que ele ao sacar o caso, iria mandar o casal a justiça, a gangue foi roubada a partir de uma empresa de borracha que pertence a eles, de lá que desviaram o dinheiro para o próprio bolso deles, além de ter uma vítima nessa história, mesmo sendo um participante da gangue, parece que era apenas um jovem querendo levar dinheiro para sua família necessitada, o que abalou meu coração quando meu pai descrevia isso nas cartas. 

Minha mãe, ciente dos perigos que rondavam essa história, tentou dissuadir-me com palavras carregadas de preocupação. _ Filha, não faça nada imprudente! 

Determinada, perguntei: _ Qual o nome deles? A resposta não veio facilmente. 

_ Definitivamente não contarei. Podemos viver tranquilamente sem remexer o passado, ela afirmou, retirando-se para a cozinha e trancandose lá. Seus soluços e gritos de agonia reverberavam pela sala, mas isso não foi suficiente para deter minha sede de verdade. Eu precisava saber o que aconteceu na noite em que meu pai se foi. 

Decidi deixar a casa, buscando um refúgio nas ruas para acalmar minha mente. O parque, com suas árvores de ipê e flores vibrantes, parecia um cenário reconfortante. Caminhei entre as sombras alongadas pelo entardecer, tentando clarear meus pensamentos. 

Em um banco, avistei uma figura conhecida. Cabelos cor de fogo destacavam-se contra o plano de fundo alaranjado do céu. Era Henrique. _ Henrique! Chamei, acenando para atrair sua atenção. Ele me viu e caminhou em minha direção, respondendo ao aceno. 

_ Olá! Está ocupado? Perguntei, ansiosa por uma companhia naquela noite tumultuada. 

_ Não se preocupe, estou disponível no momento. Que tal jantarmos algo? Convidou de maneira tímida e cativante. Segui seu gesto em direção ao mesmo restaurante onde nos encontramos anteriormente. 

_ Faz uns dias que eu não vinha aqui. Realmente é agradável, comentei, esticando-me após me acomodar. 

_ Devo concordar, ele disse, retirando o casaco e pendurando-o na cadeira. _ Como está? Parece um pouco abatida. 

_ Ah, então, um pouco sim, mas nada que uma volta não resolva. Queria ir para a praia, mas nesse horário sempre está cheia, por incrível que pareça. 

_ Realmente é bem chato. Mas o importante é que está se sentindo melhor no momento. 

A conversa fluiu durante o jantar, abrangendo gostos pessoais e até mesmo livros odiados. No entanto, uma tensão persistente pairava no ar, indicando que ambos carregávamos preocupações pessoais não ditas. 

_ Bem, preciso me retirar. Já são quase 20hrs, e devo preparar algumas coisas para amanhã. Licença, disse Henrique ao levantar-se da mesa. 

_ Claro, sem problemas
Respondi. Levantamo-nos juntos, mas quando Henrique pegou seu casaco, um papel deslizou de seu bolso, inadvertidamente.
Instintivamente, peguei o papel para entregá-lo, mas um nome escrito chamou minha atenção. 

_ Henrique! exclamei, interrompendo seu movimento. 

_ Ah, oi? 
Ele respondeu, confuso. 

_ Você conhece o Jim e Jonathan de onde? A pergunta saiu de meus lábios antes mesmo que eu pudesse ponderar sobre ela.

Laços de canção Where stories live. Discover now