Henrique: um passado inexplorado

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O crepúsculo tingia o céu de tons quentes enquanto eu caminhava pelas ruas tranquilas em direção a minha casa. A noite havia sido agradável, marcada por risos suaves e conversas envolventes com Isabely. O passeio despertou em mim um singelo sentimento de nostalgia inexplicável, me levando a buscar tais memórias guardadas no sótão em minha casa. 
Subi as escadas de madeira rangentes, guiado pelo lampejo de uma ideia que parecia ter sido semeada naquele momento específico. Ao abrir a porta do sótão, uma nuvem de poeira dançou pelo ar, revelando um reino esquecido pelo tempo. Caixas empilhadas, cheias de antiguidades e lembranças que foram outrora preciosas. Vagueando pelo local via meus antigos brinquedos, fotografias da família, alguns troféus de competições de natação. Enquanto explorava os recantos daquele espaço esquecido, meus olhos capturaram uma caixa empoeirada e negligenciada no canto mais distante. Com cuidado, retirei a tampa, revelando um tesouro de cartas amareladas. Entre elas, pude ver o distintivo traço de meu irmão mais velho, cujo nome ecoava no silêncio daquelas páginas, as quais trouxe escondidas de casa para que meus pais não se livrassem delas. Me peguei pensando se não seria errado remexer nas coisas pessoais de alguém que já foi, embora, passei pouco tempo da minha vida na companhia do meu irmão, decido explorar suas memórias, sentimentos e pensamentos depositados naquelas cartas. 

As cartas, com suas dobras desgastadas, eram crônicas do passado. Uma narrativa que se desdobrava diante de mim, revelando um retrato de meu irmão que eu desconhecia. Entre as linhas, percebi um tom de melancolia, palavras carregadas de uma dor que, até aquele momento, permanecera oculta aos meus olhos.
Pensamentos e dúvidas invadem minha mente, tentando encaixar aquele quebra cabeça confuso de informações.
Nas cartas que tinha o destinatário denominado Jim, alguém que particularmente eu não o conhecia, meu irmão relata a ele suposições e desconfiança que possuía a pessoa de nossos pais. As palavras pintavam um cenário de dividas, dor e sangue de inocentes, mas ele parecia evitar os detalhes e de colocar os nomes de nossos pais. Com isso, mais e mais dúvidas pairavam em minha mente, sem cessar. 
_ O que... o que é tudo isso? Já sem conseguir mais me controlar, a medida que eu me aprofundava nas palavras, uma sensação de temor e raiva tomava conta de mim.
Um nó se formava em minha garganta. Aquelas cartas, escritas em momentos de solidão e desespero, ofereciam uma perspectiva que eu nunca havia imaginado.
Ao fechar a última carta, uma mistura de sentimentos se chocou dentro de mim. O sótão, antes um depósito de lembranças empoeiradas, tornara-se o cenário de uma descoberta que alteraria a maneira como eu via não apenas meu irmão, mas também o mundo ao meu redor.
Decidido a pôr um ponto final nessa história, e decido a honra meu irmão, descobrirei a causa real de sua morte e o que isso tem em relação com os nossos pais. Mas para isso, algumas incógnitas tinham que ser solucionadas, quem era Jim? E qual a relação que ele tinha com o caso? Onde está o seu paradeiro? E se for um apelido e não seu nome real?
Perguntas como essa surgiram na mente do jovem rapaz, o qual estava determinado a encontrar suas respostas.

Laços de canção Where stories live. Discover now