Henrique: carta aos mortos

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Ainda determinado na busca por respostas, Henrique tenta compreender os fatos narrados nas cartas e organizar as ideias.
_ Bem, primeiramente, meu irmão estava descobrindo um alto desvio de dinheiro dos nossos pais, mas na verdade era o desvio para uma nova conta em um banco diferente que usávamos na época, além de encontrar o carregador reserva vazio da arma que tinha na casa. O senhor Jim parecia ser um amigo da família e encarregado de organizar os negócios dos meus pais, disso ele estava também envolvido na organização desse desvio como um contador. Parece que meus pais têm mais problemas com a gangue Rosa inglesa do que apenas meras dívidas, provavelmente eles roubaram uma enorme quantia deles e estão tentando se safar da história, além de um funcionário desta organização foi morto quando ia denunciar meus pais.  Mas o que meu irmão tem a ver com tudo isso, a ponto de sofrer? Será que a gangue descobriu e o matou por vingança? ... será que o Jim saberia me informar?

Com a mente já confusa, decide respirar fundo, e acalmar-se, sua alma inquieta e impaciente não se segurava de tanto anseio por respostas. Até que de repente lhe surge a ideia, Alfred! O mordomo da casa, que percorria em seu serviço a décadas na família talvez soubesse informações úteis, que preencham as lacunas da incerteza. A pé retorna ao antigo caminho de sua infância, e um pouco de sua adolescência. Sua antiga casa, apenas casa nunca um lar. Uma majestosa mansão de arquitetura clássica e elegante, os raios daquela tarde iluminavam o caminho até a entrada principal, onde uma pesada porta de carvalho se destacava como a sentinela silenciosa de segredos há muito guardados. 

Henrique ciente que seus pais não estariam, pois, os mesmos sempre saem de tarde para as reuniões da empresa em que trabalham. Cada passo ecoando nos longos corredores anunciavam a chegada do jovem novamente as suas raízes. Ao chegar à sala principal, Henrique avistou uma figura imponente diante da lareira apagada. Era Alfred, seus olhos, profundamente enrugados pelo peso do tempo, fitaram Kook com uma mistura de surpresa e reconhecimento.
_ Meu jovem senhor, em que tenho a honra de vê-lo novamente depois de tanto tempo? Sua voz ecoa de forma séria, mas também acolhedora, carregando um ar de sabedoria adquirido pelos anos vividos.
_ Fico feliz por o vê-lo também meu velho amigo, mas infelizmente não tenho muito tempo e tenho algumas perguntas a fazer. De forma séria e destemida, entoou as palavras sem cogitar em desviar de seu propósito. 
_ Certo, me pergunte então, senhor. 
_ Quem matou o meu irmão e o que aconteceu aqui anos atrás?
O mordomo, com uma reverência respeitosa, concordou em compartilhar o que sabia.
_ Meu jovem senhor, devo dizer que não sou honroso em dizer tais palavras ao senhor pessoalmente, embora eu já esperava que esse momento chegasse, aqui está.  Ele pega uma carta em seu paletó.
_ Senhor, também creio que infelizmente não o verei mais depois que o senhor ver essa carta.
_ mas por que você diz isso? 
Ele se vira de costa e em seu lóbulo da orelha há uma pequena escuta.
Perplexo pelo que vejo tento anexar isso ao que ele acaba de pronunciar, em outras palavras foi declarado sua sentença de morte casos meus pais desconfiem do que se trata a tal carta depois das perguntas que eu fiz. Com o coração doendo, sinto as lágrimas querendo se apossarem de mim me disperso de Alfred como queria ter feito com o Jonathan. - Obrigado por tudo.
Por fim saio, mas de coração apertado, mesmo que eu o levasse comigo, não tinha garantias que ficaríamos privados graça a escuta, eu cogitei em remover da orelha mas tinha medo que pudesse ter uma armadilha caso ousássemos tirar. 

Apressava meus passos mais e mais, precisava urgentemente chegar em casa, precisava saber o que havia naquela carta, o que ocorreu com o meu irmão. Finalmente em casa me dirigir ao meu quarto, tranquei a porta e as janelas por precaução. Me sentei na cama, controlei minha respiração e o turbilhão de pensamentos em minha mente, peguei a carta e comecei a ler. 

" Senhor, chegou a hora de eu contar algo que não me agrada muito, mas receio que é necessário que o senhor tome por conhecimento, irei relatar em forma de narração, para o senhor compreender melhor os detalhes aqui citados, seu irmão já debatia com o senhor Jorge, o contabilista,  sobre os ocorridos que antecedem a tragédia, disto, durante a narração deixarei claro que o jovem mestre fingiu não compreender o que estava ocorrendo para não piorar a situação que ele se encontrava perante seus pais e desde já, sinto muito pelo jovem mestre Jonathan. 

Na imponente mansão da família de Jonathan, uma atmosfera de luxo e poder pairava no ar, mascarando segredos sombrios que, até então, permaneciam ocultos nas entradas daquele lar aristocrático. Jonathan, o filho, mal podia acreditar que estava prestes a descobrir.
A noite caiu sobre a cidade, lançando sombras ameaçadoras nos corredores repletos de obras de arte e móveis antigos da mansão. Jonathan, um jovem de feições elegantes e postura impecável, caminhava lentamente pelos corredores que ao cruzar os limites ornamentados, o mesmo escuta um silêncio estranho na mansão. O habitual zumbido de atividade estava ausente, substituído por um descartável inquietante. Ele avançou pelos corredores imponentes, guiado pela pressão de que algo estava profundamente errado. 

À medida que se aproximava da biblioteca luxuosamente decorada, as vozes abafadas de seus pais se tornavam audíveis. Uma curiosidade instigou-o a espiar pela fresta da porta entreaberta. O que ele testemunharia naquela sala mudaria profundamente sua percepção que até então, tinha sobre sua família. 

Ao adentrar o aposento, Jonathan deparou-se com seus pais, Agatha e Lorenzo, figuras respeitáveis na alta sociedade. No entanto, naquele momento, suas expressões eram sombrias, suas feições carregadas de tensão. Diante deles um homem amarrado a uma cadeira, rosto pálido e expressão que não exalava mais vida. Era o senhor Jorge, alguém que Jonathan sempre considerava confiável e leal. Atrás deles, uma mesa que estava repleta de documentos incriminadores, revelando os roubos cometidos contra a gangue Rosa Inglesa. Um arrepio percorreu a espinha de Jonathan para absorver a gravidade da situação. Seus pais, os pilares de sua existência, estiveram envolvidos em um crime hediondo. Uma gangue poderosa da cidade descobriu os roubos cometidos por Agatha e Lorenzo contra ela, além de matarem alguns de seus capangas, e o amigo agora fora vítima da fúria desmedida daqueles que não toleraram a traição. 

Seus pais trocaram olhares frios e decididos. Eles decidiram eliminar qualquer testemunha viva para proteger seus próprios interesses. O olhar do jovem cruzou-se com os deles, é uma verdade irrefutável revelada em seus olhos. Seus pais não hesitariam em matá-lo para garantir o silêncio. 

O pânico dominou Jonathan enquanto ele retrocedia, o coração martelando em seu peito. A fachada de respeitabilidade da família agora ruía diante de seus olhos. Ele estava preso em uma teia de mentiras e corrupção, sem saber para onde correr. 

O desespero se apossou dele quando descobriu que estava a se tornar a próxima vítima de uma trama que ele mal acreditava ser verdade. Sem hesitar, ele recuou silenciosamente, decidiu fugir antes que seus próprios pais pudessem eliminar a única testemunha que poderia expor sua vida dupla. 

Embora, apesar disso, sua mãe, a qual lhe concedeu a vida, se tornou a responsável por tirá-la, esticou o braço com uma pistola em mãos, enquanto o jovem corria pela vida ela aperta o gatilho. O som de bala ecoa pela mansão dos Kook, anunciando a tragédia recém realizada. Após isso, jogaram o corpo no garoto em uma floresta distante à 90km da cidade." 

Fico imerso, processando as informações, os detalhes e os sentimentos ali citados. 
_ Meu pais... eles... 

Naquele momento Henrique compreendeu que a partir daquele momento sua vida passará por uma grande aprovação, logo, pois ele quer fazer a justiça prevalecer em sua família, mandando seus pais para a cadeia. 

Tranca todas as portas e janelas da casa, guarda a carta de seu irmão com o senhor Jim no blasé, a do relato do mordomo ele esconde de um troféu de natação oco de abertura para baixo. 
_ Certo... primeiro preciso saber quem é esse Jim, e o Jorge que estava morto, quem ele era mesmo? As datas dos ocorridos, pelo visto eu tinha apenas 5 anos, logo eu passava o dia na escola e atividades extracurriculares, não tinha tempo se quer em conhece os funcionários, muito menos os que foram mortos na época.

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