Capítulo 48: Achei que era outra pessoa.

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Joe seguiu até a casa de alguns conhecidos da família de Nathan. Falei com todos eles, mas ela não havia aparecido por ali. Claro que aquilo só serviu para deixá-los preocupados, além de prometerem que ligariam se ela por acaso aparecesse por ali. O tempo foi passando até anoitecer. Eu mandei algumas mensagens para Nathan, mas ele não me respondeu nenhuma vez. Tentei não me sentir mal com aquilo, porque sabia que Nathan estava se sentindo culpado.

—Então essa coisa toda da avó dele. —Joe murmurou, chamando a minha atenção, me fazendo comprimir os lábios. —Deve ser super difícil pra ele, saber que vai visitá-la e ela não vai se lembrar dele.

—É sim. —Falei, abaixando a cabeça, com meus ombros tensos.

Nathan já estava acostumado com aquilo, mas não significava que não machucava nele. Eu sabia que machucava. Ele queria ser lembrado. Ele queria que ela soubesse que era ele quem estava do lado dela. Eu também queria, porque sabia o quanto Nathan a amava e se preocupava com ela. Ela deveria saber que quem cuida dela é ele e não o seu falecido filho.

—Eu imagino que antes de você, ele deveria se sentir muito sozinho. —Joe comentou, parecendo hesitante, como se estivesse com medo de eu interpretar aquilo errado. —Mesmo com os pais do Briar ao lado dele, deveria ser... solitário. —Não respondi, porque sabia que Joe estava falando a verdade. Nathan se sentia solitário, mesmo com os pais de Briar e com a presença do próprio amigo. —Mas pelo menos agora, com você, ele ganhou uma família nova. Tipo, a nossa família.

Abri um sorriso agradecido ao meu irmão, porque sabia o que ele queria dizer com aquilo. Joe poderia ser um irmão superprotetor que se intromete e nos deixa irritadas de vez em quando, mas ele era o melhor. Ele se preocupava com a gente. E ele sempre deixou claro o quanto gostava de Nathan. Ele realmente o tratava como se já fosse parte da nossa família.

—Jas avisou a Lívia que iríamos nos atrasar, porque houve um problema familiar. —Falei, observando a surpresa que brilhou nos olhos de Joe. —Ela disse que não tinha problema e perguntou se você estava bem. Acho que ela ficou preocupada com a possibilidade de o problema ser relacionado com você.

Nós duas tínhamos ido até o hotel falar com ela, junto com nossos pais. A garota tinha ficado tão constrangida, mas aceitou passar o Natal com a gente. Deveríamos ir buscá-la antes da noite, mas agora todos os nossos planos simplesmente foram pro ralo. O que era pra ser uma noite perfeita, virou algo terrível.

—Quando tudo isso se resolver, eu vou buscá-la pra passar o natal com a gente. —Joe afirmou, com tanta confiança que eu acabei sorrindo. —E vai se resolver, Mavie. Vamos achá-la e Nathan vai ter o Natal que tínhamos preparado pra ele.

—Por que você não trata o Briar com esse mesmo carinho? —Taylor indagou do banco de trás, enquanto Wyatt soltava uma risada. —Com ele você só falta cometer um assassinato.

—Isso não é verdade. —Joe retrucou, fazendo Taylor soltar um barulho de incredulidade com a boca. —E você não pode falar nada. Só gosta dele por causa da mãe dele.

—Ela é maravilhosa. —Taylor deu de ombros, como se aquele fosse motivo suficiente para gostar de Briar.

—Tudo bem, puxa saco. —Joe balançou a cabeça negativamente, enquanto eu comprimia meus lábios, antes de soltar o ar com força.

—Ela só está te incomodando. No fundo nós todos sabemos que você é fã do Briar. —Afirmei, escutando meu irmão estalar a língua, como se eu estivesse contando uma piada de muito mal gosto. —Mas eu sou a favorita.

—Claro, você é outra puxa saco. Vocês dois vivem de segredinho. —Joe revirou os olhos, como se estivesse morrendo de ciúmes da amizade que eu tinha com Briar. Balancei a cabeça negativamente, quase soltando uma gargalhada, mas tinha a sensação que ela soaria amarga demais.

—Para o carro! —Wyatt gritou, fazendo Joe freiar na mesma hora, antes de nós dois olharmos para o banco de trás, com o coração na boca, vendo nosso irmão mais novo apontar para uma das praças que havia na rua, toda decorada e iluminada para o Natal. —Aquela lá não é ela?

Me inclinei sobre Joe para ver melhor, vendo a senhora que estava sentada em um banco na praça, observando algumas crianças tirarem foto com um papai noel que estava sentado em um trenó. Estava longe demais, além das luzes dos pisca piscas da praça não ajudarem em nada. Mas meu coração disparou, enquanto eu soltava do carro e olhava naquela direção.

—É ela? —Joe indagou, puxando o celular como se já fosse ligar para os outros.

—Não sei, está longe demais. —Falei, me encolhendo quando o vento frio bateu contra mim, enquanto meu coração se apertava ao imaginar o que estava passando pela cabeça dela naquele momento.

Ela não estava fazendo nada. Estava apenas sentada observando as pessoas. Tão imóvel que parecia uma estátua. Não tinha certeza se era ela ou não, mas comecei a rezar mentalmente que sim, enquanto fechava a porta do carro e dava a volta, atravessando a rua até a praça. Hesitei por um momento, sentindo vontade de ligar para Nathan antes. Mas se não fosse ela, eu apenas iria decepciona-lo.

Caminhei até o banco onde a senhora estava sentada, observando as roupas de frio que ela usava, tentando reconhecer alguma coisa. Abri a boca para chamá-la, mas nem foi preciso, porque ela virou o rosto quando escutou os passos no chão, me encarando com uma expressão um tanto confusa. A decepção foi tão amarga dentro do meu peito, que devo ter vacilado, porque a senhora percebeu.

—Algum problema, moça? —Indagou, enquanto eu abraçava meu próprio corpo e negava com a cabeça, me dando conta de que realmente tinha anoitecido e não havíamos a encontrado. Aquilo iria partir algo dentro de Nathan. Eu tinha certeza disso.

—Desculpe, achei que era outra pessoa. —Falei, observando ela me dar um sorriso compreensivo, enquanto eu já dava alguns passos para trás.

Me virei para a rua, balançando a cabeça negativamente para Joe, vendo a decepção no rosto dele quando entendeu que não era ela. Ele já tinha ligado o carro de novo quando fiz menção de atravessar a rua. Mas parei no instante que a vi. Dessa vez não tive qualquer dúvida, porque percebi que reconheceria a avó de Nathan em qualquer lugar. E ela estava olhando pra mim, como se também me reconhecesse.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Where stories live. Discover now