Capítulo 13: Relíquia de família.

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Desci do carro ao lado de Nathan, observando a casa de repouso. Ele parecia nervoso ao meu lado e eu tinha a certeza de que era pela mentira que contaria a ela. Aquilo fazia eu me questionar do porquê ele precisar de uma namorada falsa para apresentar a ela.

Nathan pegou um vaso de flores no banco de trás, me fazendo abrir um sorriso sútil, porque pelo visto ele gostava de dar flores. Nós dois seguimos juntos para dentro da casa, até eu tomar coragem e levar a mão para segurar a dele. Senti um frio enorme na barriga, esperando pela afastamento dele, mas Nathan não fugiu no toque, apenas apernou minha mão de volta, sem qualquer sinal de desconforto.

—Bom dia, Nathan. Veio mais cedo hoje. —Um rapaz vestido de branco se aproximou de nós dois, abrindo um sorriso ao perceber que Nathan não estava sozinho. —Ela ainda não tomou o café da manhã.

—Tudo bem. É uma visita rápida. Tenho jogo hoje. —Nathan esclareceu, antes de engolir em seco, com o nervosismo muito visível. —Essa é a Mavie, minha namorada. Acha que está tudo bem se eu apresentar as duas?

Tentei ignorar o salto que meu coração deu no peito, abrindo um sorriso simpático para o rapaz, enquanto sentia a mão de Nathan gelada contra minha, denunciando seu nervosismo. Queria dizer a ele que estava tudo bem, porque eu seria a namorada perfeita, para que a vó dele nunca desconfiasse.

—Claro, acho que ela vai ficar feliz. —O rapaz sorriu para nós dois, antes de deixar que seguíssemos nosso caminho até o quarto que a avó de Nathan ocupada. Antes de entrarmos, observei todo aquele lugar. Havia algumas salas abertas, revelando algumas pessoas de idade tomando sol e outras jogando jogos de tabuleiro com seus cuidadores.

—Mavie... —Nathan se virou pra me encarar quando paramos na frente da porta. A testa franzida e os lábios comprimidos como se ele estivesse sem jeito. —Minha avó as vezes costuma perder a noção do tempo e confundir as coisas. Só gostaria de pedir que fosse paciente e...

—Está tudo bem, Nathan. Vou deixar você guiar a situação. —Afirmei, observando-o engolir em seco e então assentir, como se não soubesse bem como fazer aquilo. Apertei a mão dele para deixar claro que estava ali para o que ele precisasse, antes de enfim entrarmos no quarto.

A sra. Blackwood estava deitada na cama, encarando o desenho animado que passava na tv. Mas pelo enrugar de lábios, não parecia muito feliz com o programa que estava assistindo. Seu rosto se virou assim que ela ouviu o som da porta, com os seus lábios se abrindo em um sorriso enorme quando viu Nathan.

—Você veio me ver! —Exclamou, como se estivesse tão surpresa e tão grata por isso. Nathan soltou minha mão, enquanto eu fechava a porta. Ele caminhou até ela, deixando o vaso de flores na mesinha ao lado da cama. —Pensei que não fosse mais aparecer. Eu estava me sentindo tão sozinha. Eu falo com os enfermeiros, mas eles parecem nunca me ouvir.

—Tenho certeza que eles te ouvem e fazem o melhor que podem. —Nathan afirmou, se sentando na ponta da cama, enquanto deslizava a mão até a dela, para segura-la com carinho. —Como está se sentindo hoje, vó?

—Estou me sentindo cansada. Tenho a sensação de que perdi alguma coisa, mas não consigo me lembrar o que é. Pode me ajudar? —Pediu, erguendo a mão livre e levando até a testa, como se estivesse forçando a se lembrar.

—Eu trouxe alguém hoje, vó, que gostaria que conhecesse. —Nathan chamou a atenção dela, enquanto eu me aproximava da cama, ficando de pé ao lado de Nathan. Ela pareceu esquecer do que estava falando antes quando olhou pra mim, abrindo um sorriso tão doce, enquanto olhava para nós dois juntos.

—Sra. Blackwood, é um prazer conhece-la. —Falei, abrindo o maior sorriso que conseguia, vendo ela soltar a mão de Nathan e a estender pra mim, como se quisesse que eu segurasse sua mão. —Seu neto me falou muito da senhora.

Nathan se sentou um pouco mais para trás, me permitindo sentar na frente dele e segurar a mão dela. Estava quente, mas parecia tão frágil pela idade, que tentei ser o mais cuidadosa possível com ela, enquanto sentia a respiração tensa de Nathan no meu ombro.

—Ah, ele me falou tanto de você também, querida. —Ela apertou minha mão, com um sorriso tão grande e tão feliz, enquanto eu absorvia o que ela estava falando. —Ele falou várias vezes o quanto você era linda e tinha total razão. —Sussurrou, como se estivesse contando um segredo, enquanto eu sentia meu coração errar algumas batidas, mesmo que fosse óbvio que Nathan não estivesse falando de mim. —Ele teve tanta sorte em conhece-la, Meredith. Você é a única que pode colocar algum juízo na cabeça dele e o convencer a me tirar daqui.

Abri e fechei a boca algumas vezes, sentindo o baque daquelas últimas palavras me paralisarem por completo. Meu corpo estremeceu quando Nathan se inclinou, tocando minha cintura com cuidado, como se estivesse com medo de que eu não gostasse. Mas quando não exibi qualquer reação, ele se inclinou, sorrindo para a avó.

—Sempre tentando achar um jeito de fugir daqui, não é? —Nathan murmurou, fazendo-a soltar uma risada e negar com a cabeça, como se fosse uma pessoa muito inocente. —Acredita que da última vez ela tentou subornar um dos cuidadores com um relógio antigo da família?

—Ora, uma mulher precisa usar as armas que tem. —A avó de Nathan respondeu, fazendo-o rir, enquanto eu ainda me encontrava sem reação. —Ainda mais com um filho tão desnaturado quanto você. E aquele relógio era uma relíquia de família, tinha valor sentimental.

—E ainda sim ele não o aceitou em troca da sua fuga. —Nathan afirmou, fazendo-a bufar como se aquele fato a ofendesse.

—Vê, Meredith, como eu sou tratada aqui? —A senhora colocou a mão no peito, enquanto eu abria um sorriso, sentindo minha cabeça tão perdida naquele momento. Mas a mão de Nathan na minha cintura era o suficiente pra me lembrar do meu papel. —Precisa me ajudar, querida, somos as únicas que podemos salvar essa família do desastre.

—Vou ver o que posso fazer pra ajudar a senhora. —Prometi, abrindo um sorriso pra ela, mesmo que por dentro eu estivesse um caos com meus próprios sentimentos. Mas aquela senhora era um doce e deixava muito claro de onde tinha vindo toda a gentileza de Nathan.

Os olhos dela brilharam pra mim, como se ela me adorasse, mesmo que eu não fosse quem ela achava que eu era. Seus olhos logo se voltaram para Nathan, que agora já parecia completamente tranquilo atrás de mim, observando nossa interação com um sorriso pequeno nos lábios.

—Acho que você encontrou a dona certa para aquele anel, filho. —Afirmou, e os dedos de Nathan afundaram na minha cintura, como se ele não estivesse preparado para ouvir aquilo. —Não demore muito a dar a ela. Sei que encontrou a pessoa certa.

Olhei para Nathan, procurando por respostas para aquilo, mas ele se limitou a abrir um sorriso tenso pra mim, antes de sua avó roubar nossa atenção com outra conversa sobre suas tentativas de fuga da casa de repouso.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Where stories live. Discover now