Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6

Capítulo 1: Eu odeio homens.

Não existe nada pior do que treinar em pleno dezembro. As férias estão quase chegando, mas Heather se recusou a nos liberar, mesmo com a previsão de neve para qualquer momento. Meus ossos parece que vão congelar quando tiro as roupas leves que estava usando para o treino com as outras líderes de torcida e me enfio dentro de várias camadas de blusas.

—Maldita hora que eu fui me inscrever nisso. —Resmunguei, me perguntando se alguma vez eu desejei muito ser líder de torcida.

Já tinha feito isso no colegial, mas nunca me passou pela cabeça fazer o mesmo na universidade. O problema era que haviam viagens demais no processo, em todos os jogos que fazíamos fora de casa. Além de alguns outros trabalhos voluntários por fora. Tudo bem, essa parte até era legal. Mas precisar ir em todos os jogos era um pouco deprimente. Eu era muito mais fã de hóquei do que futebol americano.

—Pensando em desistir, Hollis? —Heather chegou atrás de mim, enquanto eu vestia minhas botas.

Lancei a ela meu olhar mais afiado, pensando em quantas vezes já desejei matá-la desde o mês passado, quando ela espalhou uma foto da minha irmã e do seu namorado pela universidade inteira. Claro que ela foi punida, mas eu ainda sentia que ela merecia sofrer mais.

—Estou mais do que bem no que estou fazendo. Se estiver incomodada com a minha presença, pode cair fora você mesma. —Afirmei, vestindo a outra bota, antes de ficar de pé e ir pegar minha mochila.

—Eu sou a capita do time, não esqueça disso. —Sibilou, antes de virar as costas e sair dali, sem ver que eu estava fazendo uma cara de nojo enquanto revirava os olhos. Eu podia muito bem mandá-la enfiar esse título em um lugar muito especial.

Caminhei para fora do ginásio, sabendo que mesmo que estivesse de saco cheio de Heather, não deixaria o time por nada. Não iria dar a ela o gosto de se sentir vitoriosa em qualquer coisa. Desde meu primeiro dia no time, ela vem dificultando tudo. Como um bando de Maria vai com as outras, as outras garotas a rodeiam e me ignoraram como se eu fosse algum tipo de anomalia. Não existe nada mais ridículo do que rivalidade feminina, mas Heather é a campeã disso.

Abri um sorriso ao chegar no estacionamento, encontrando meu último encontro escorado no carro. Caminhei na direção dele na mesma hora, ajeitando os dois coques do meu cabelo. Nick ergueu os olhos assim que cheguei até ele, mas diferente do que eu esperava, não abriu o sorriso doce que me lançou durante o nosso encontro.

—Ei, Nick, que bom te ver. —Falei, observando os cabelos loiros do rapaz balançarem com o vento frio daquela noite. —Não esperava te encontrar aqui.

—Eu tinha um compromisso aqui perto e resolvi vir aqui depois. —Afirmou, fazendo meu sorriso aumentar, porque não tínhamos nos falado depois do nosso encontro, mas ele estar ali deveria significar uma coisa boa. Todos os meus últimos encontros tinham sido tragédias perfeitas. Com Nick não deveria ser assim também. —Não sabia que fazia parte das líderes de torcida.

Meu corpo ficou rígido, mas mantive o sorriso no meu rosto, porque não queria que ele notasse que aquilo havia me pegado em cheio. Era quase como ver a tragédia se iniciando de novo. A expectativa se apagando como fogo em meio a tempestade.

—Eu te contei sobre isso no nosso encontro. —Comentei, apenas para ver a confusão tomar conta do rosto dele, até ele parecer tão constrangido que não conseguia sequer disfarçar.

—Ah, desculpa, Mavie. Estou com a cabeça cheia. Mas claro, você me contou, eu lembro. —Ele abriu um sorriso tenso pra mim, enquanto eu lançava a ele o sorriso mais compreensivo, assim como transparecia a expressão mais doce possível. —Foi só um deslize.

—Minha carona chegou. A gente se vê. —Comentei, sabendo que era a hora de dar o fora, antes que a tragédia se transformasse em algo vergonhoso.

Nick sequer conseguiu disfarçar o alívio ao se despedir de mim, me observando caminhar até o outro lado do estacionamento, onde o carro de Briar estava parado me aguardando. Cheguei a pensar que daria certo com Nick. Ele era estudante de gastronomia como eu. Parecia se interessar pelas mesmas coisas e nosso encontro tinha sido perfeito. Mas parece que eu estava errada mais uma vez.