Capítulo 17: Que bela analogia.

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Sai de dentro do vestiário, dando graças adeus por aquele ser nosso último treino antes das férias. Não precisar treinar no frio, com as garotas me encarando como se tivesse nascido um cifre na minha cabeça era muito bom. Mas eu sabia que tinha algo a resolver, já que Heather estava me esperando na saída, sem seu grupo de amigas mais fieis.

—Deixa eu adivinhar, você ficou aqui pra se despedir de mim porque vai morrer de saudades minhas durante as férias. —Falei, fazendo-a soltar uma risadinha sarcástica, enquanto eu parava na frente dela e erguia as sobrancelhas.

—Estou me perguntando o que você andou fazendo pro Nathan te seguir como um cachorro abanando o rabo pra dona. —Indagou, antes de indicar o estacionamento com a cabeça. Não precisei olhar pra lá pra saber que Nathan estava me esperando. —Conseguiu até um motorista particular.

—Vai ver eu não fiz nada, além de provar que você estava completamente errada. —Dei de ombros, abrindo um sorrisinho pra ela. —Nathan está saindo comigo porque quer. Porque me acha legal e interessante. Porque me acha bonita e gosta da minha companhia.

—Não cante vitória antes do tempo, Mavie. —Heather se desencostou da parede, me encarando com o queixo erguido e uma expressão esnobe. Não abaixei a cabeça ou hesitei, porque sabia que era isso que ela estava esperando. —Só vou considerar que você ganhou isso, quando ouvir da boca de Nathan que ele está apaixonado por você ou que ele te ama. Você pode ter conseguido ganhar o interesse dele, mas Nathan ainda é arredio e intocável.

—Se você acha. —Soltei, rindo enquanto olhava pra ela com a expressão mais tranquila de todas. Mas por dentro havia uma tempestade se formando dentro de mim. Tinha certeza que fazer Nathan dizer que estava apaixonado por mim, para as pessoas ouvirem, para Heather ouvir, seria intimo demais pra ele. —Se me der licença, não quero deixar Nathan esperando mais tempo. Tenha ótimas festas, Heather, e um ano novo melhor ainda.

Minha voz estava carregada de sarcasmo quando falei aquilo, observando o sorriso cheio de falsidade que ela me lançou, quando virei as costas e sai do ginásio, sentindo uma sensação pesada tomar conta do meu coração. Nathan estava mesmo me esperando, escorado no carro e mexendo no celular, mas ergueu a cabeça assim que me aproximei.

—Oi. —Ele abriu um sorriso tão bonito quando me viu, iluminando todo seu rosto. Mas foi rápido, porque o sorriso logo desapareceu quando ele se afastou do carro e se aproximou de mim. —O que foi? Você se machucou no treino? Heather fez alguma coisa pra você?

—Nada, é só que... —Soltei o ar com força, sem saber lidar com toda aquela preocupação que ele estava demonstrando por mim. —Lidar com a Heather suga todas as minhas energias. Ela é um maldito parasita que suga a felicidade alheia.

—Que bela analogia. —Nathan riu, tocando meu cotovelo e me guiando até a porta do passageiro, antes de abri-la pra mim. —Então, ela acredita que estamos juntos?

—Acreditar, ela acredita. —Mordi o lábio, me sentando e passando o cinto, antes de olhar para Nathan, que havia ficado de pé do lado de fora do carro, sem fazer menção de fechar a porta do carro, como se sentisse que havia mais alguma coisa ali. —Mas ela deixou claro que só vou ser considerada vencedora se ela ouvir de você que está apaixonado por mim ou que me ama.

—Ah! —Nathan fez uma careta, como se de repente tivesse ficado muito pensativo sobre aquilo. —Então ela quer mesmo uma declaração de amor.

—Não tecnicamente. —Falei, abrindo um sorriso nervoso, vendo que Nathan pareceu ficar confuso. —Olha, você pode entrar e a gente conversar no caminho? Heather ainda está ai, então...

—Claro, desculpa. —Nathan se apressou em fechar a porta, antes de dar a volta no carro e se sentar ao meu lado. Eu andava um pouco tensa perto dele, desde que nosso relacionamento falso começou a dar certo. Porque o problema é que ele estava dando certo até demais.

—Ela só precisa ouvir que você está apaixonado por mim. Não precisa existir um grande ato de amor por trás, ok? —Afirmei, observando ele ligar o carro e balançar a cabeça positivamente, como se tivesse entendido. —Você pode dizer as palavrinhas magicas quando se cansar de fingir que estamos juntos. Tipo um código. Você me fala, fala onde Heather possa ouvir, e eu vou saber que você está me dando um pé na bunda.

—Um pé na bunda? —Nathan me olhou rapidamente com uma careta no rosto, parecendo achar que eu sou maluca. —Por que você sempre complica tudo? Por que isso precisa ser um tipo de código? Eu não vou te chutar. Vamos continuar a ser amigos.

—Eu sei, é só que... —Mordi a língua, porque não sabia o que responder a Nathan. Não estava complicando as coisas, estava tentando facilitar elas pra mim. —A gente pode pensar nisso depois. É cedo demais de qualquer forma.

—Cedo demais pra que? —Nathan questionou, parecendo não saber onde eu queria chegar com aquilo. Isso me fez soltar um suspiro pesado, tentando ignorar a queimação no meu coração idiota.

—Pra você estar apaixonado por mim.

[...]

—Deveríamos fazer uma festa de Natal. —Millie murmurou, sentada na cama, enquanto Elisa, a irmã mais nova de Nicholas, fazia tranças no seu cabelo. A garotinha de 6 anos estava usando uma roupa de balé, que Nicholas deixou claro que era quase impossível fazê-la tirar, porque ela amava muito aquela roupa. —Vai ser o primeiro Natal da Abby com a família. Acho que seria legal fazermos alguma coisa diferente. Podemos chamar alguns amigos. Só os mais próximos. Não uma festa maluca cheia de universitários. Algo nosso.

—E quem vamos chamar? —Jas indagou, enquanto eu olhava para Abigail, que estava sentada na outra ponta da cama. A ideia pareceu agrada-lá.

—Sua família, assim como a família de cada um de nós. —Millie deu de ombros, abrindo um sorriso animado. —Ia ser incrível todo mundo reunido. Acho que o Natal serve justamente pra isso.

—Só quero lembrar que nossa família é enorme. —Falei, apontando pra mim e Jas, enquanto olhava e falava com Millie. Ela soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente.

—E daí? A casa do Bryan e da Jane é enorme. Aposto que eles vão adorar abrir as portas pra gente. —Millie rebateu, enquanto eu comprimia os lábios, pensando no fato de que Wyatt poderia derrubar a casa deles se quisesse. —Bryan adora uma bagunça.

—Eu apoio a ideia. —Abigail afirmou, abrindo um sorriso mais do que apenas ansioso. —Não quero mais pensar em comemorar qualquer feriado trancada em casa sozinha. Quanto mais gente, melhor.

—Vou conversar com meus pais pra ver o que eles acham. —Jas olhou na minha direção, como se quisesse saber minha opinião.

Eu apenas abri um sorriso, porque sabia que ela iria por causa de Briar e tinha certeza que nossos pais iriam gostar da ideia, além de preparar várias comidas pra levar. Mas a leve hesitação que cresceu dentro de mim não me deixou achar aquela ideia tão incrível assim, porque havia Nathan. A única pessoa da família dele que ainda estava viva era a avó, mas não tinha certeza de que ela poderia vir na festa. E não conseguia pensa no quanto Nathan iria se sentir estranho com aquilo.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Where stories live. Discover now