ADOTADA | BTS | JIN

A Adoção

- Nabi -

Desde a morte dos meus pais num acidente de carro há dez anos atrás, moro em um orfanato. Sendo mais especifica, sou a órfã mais velha daqui! Durante os últimos anos vi crianças e adolescentes sendo adotados, felizes. Vi pessoas entrando e saindo deste lugar, e eu apenas sempre permanecendo. Não que eu tivesse inveja, mas sempre procurei pensar que simplesmente os pais certos pra mim não haviam me encontrado ainda.

Daqui há 10 dias completarei 18 anos, então esse meu pensamento "otimista" foi transformado em apenas "talvez eu não mereça um lar", e minha única prioridade agora é imaginar para qual abrigo de maiores o orfanato irá "me jogar" e onde diabos irei arrumar um emprego para me sustentar. Mas será que eu ficaria viva até lá? São muitos questionamentos sem nenhuma resposta.

Hoje em especial, o orfanato estava com um "movimento" estranho. Todos estavam faxinando o lugar e as crianças sendo arrumadas como bonecas. Não entendia nada, e as pessoas lá me tratavam com desdém porque todos sabiam que eu só estava ali pra ocupar o tempo até dar o dia de me despejarem. Eu não era útil.

- Sra Hana, terá algum evento especial hoje? - A Sra Hana era a Diretora do orfanato.

- Nada que tenha que se preocupar querida! Um empresário famoso adotará uma criança para um marketing de incentivo a adoção de crianças em toda Coreia! Então você não precisa se arrumar, pode simplesmente ficar no fundo observando. - Ela sorriu cínica pra mim.

Vi todas as crianças e adolescentes se colocarem sentadas no auditório do orfanato. Eu fiquei bem no fundo em frente ao corredor apenas observando tudo a minha volta com meus trapos de roupas que eu tinha às mesmas desde meus treze anos de idade.

Logo vi uma movimentação estranha de repórteres, fotógrafos e algumas pessoas da mídia que eu já havia visto na televisão; todos eles estavam acompanhando um homem muito bem-vestido, aparentemente na casa dos 50 anos, sorridente. Ele adentrou o orfanato com uma outra moça o acompanhando e logo a Sra Hana foi recebê-lo com alguns outros funcionários deste local, e ele se pôs em frente as crianças onde lhe foi entregue um microfone.

- Primeiramente gostaria de falar que é um prazer estar aqui com vocês! E hoje escolherei um de vocês para adentrar numa família atípica. Um de vocês irão morar com pessoas de ouro e essas pessoas irão lhes fazer ser de ouro também! A partir dessa atitude nossa, iremos fazer shows beneficentes onde todo dinheiro arrecado será doado para todos os orfanatos do país, inclusive este! E queremos mostrar nosso ato de amor ao próximo e incentivar outros artistas e muitas outras pessoas em toda Coreia a adotar também!

Logo após o discurso dele, todos aplaudiram e gritaram se animando com a ideia. Eu apenas aplaudi e continuei em pé no meu canto porque eu já sabia que minhas chances estavam reduzidas á abaixo de zero. Eu só estava ali simplesmente para cumprir meu tempo até meus dezoito para depois ser mandada embora e ficar sozinha no mundo; mais do que já estava e já me sentia.

- Mas, nossos artistas e futuro pais de algum de vocês, solicitaram uma exigência; e ela é que seja algum adolescente para ir embora conosco hoje! Digamos que eles não tem muito jeito com crianças. Mas não se preocupem, a partir dessa nossa ação, esperamos que cada um de vocês consiga um lar! - Ele terminou de falar e muitas crianças ali choraram por saberem que não seriam escolhidas por conta da questão da pouca idade, e outras fizeram festa porque querendo ou não, a chance de ser escolhida era maior já que estavam dentro dos "parâmetros" da procura do empresário!

Enquanto estavam arrumando a mesa para o empresário se sentar e começar a entrevistar adolescente por adolescente que ali havia, senti minha cintura sendo agarrada e me jogando dentro do quartinho da limpeza que ficava bem ao lado do corredor onde eu estava parada observando tudo. No escuro no quarto, ouvi os trincos da porta sendo fechada e quando me virei, encontrei no escuro os olhos do zelador do orfanato. Ele tinha sido contratado a pouco mais de quatro dias e era um senhor na casa dos 40 anos de idade.