Aquele com a raiva

156 16 14
                                        

Arte da capa: @Yasmirarte

Boa leitura ✨

========================

Arthur pov.

Acordo com o sol da manhã batendo na minha cara. Droga, esqueci de fechar as cortinas ontem a noite.

Me levanto, morgado de sono, e vou me arrastando até o banheiro. Penso em só escovar os dentes mas acho que um banho caprichado seria mais adequado agora, visto que já faz um tempo desde o último que tomei.

Coloco uma roupa qualquer e vou até a cozinha procurar alguma porcaria para comer. Aproveito para verificar o celular.

Zero mensagens.

Bom, depois eu me preocupo com isso. Preciso ir ao Suvaco Seco. Eu meio que sumi por uns vários dias, a Ivete deve estar preocupada, e se eu tiver sorte já encontro meu pai por lá também, já que ainda está bem cedo.

Pego minhas chaves, carteira, celular e um chiclete sabor azul e saio de casa na minha Harley. Não saio de casa a tanto tempo que já havia esquecido a paisagem de Carpazinha.

....

Estaciono a moto e percebo uma movimentação no bar, o que é estranho, visto que nesse horário da manhã normalmente só se vê um ou outro bêbado caído e a Ivete.

Entro de forma silenciosa e vejo toda a gangue reunida em um dos cantos e a Ivete conversando com meu pai no balcão, sigo em direção aos dois.

- Oi, Ivete. Oi, pai. O que tá acontecendo?

- Arthur! - Ivete dá a volta no balcão e vem direto me abraçar, tal qual uma mãe preocupada. - Tava preocupada ein guri, você sumiu.

- Ah, então o malandrão resolveu aparecer. - Brúlio também vem em minha direção, me abraçando forte do jeito bruto dele, e depois passando o braço gigante e tatuado pelo meu pescoço - Por onde andou seu moleque? Você tá bem?

- Tô bem pai, preocupa não. Só tava em casa mofando um pouco. Precisava colocar os pensamentos em ordem.

- Em casa? O que aconteceu? Você não é de ficar em casa. - Brúlio se desvencilha do meu pescoço e me encara, bastante preocupado. Ivete carrega a mesma expressão, tem algo muito errado aqui.

- Depois conversamos sobre isso, o que tá acontecendo aqui? Porque a gangue tá toda reunida ali? Nessa hora normalmente estão desmaiando de bêbados.

Brúlio franze o rosto e encara Ivete, como quem diz "fale você, eu não consigo". Pelo visto a coisa foi feia. Ivete olha pra mim, seu rosto endurecido pela tensão.

- Aquele maldito voltou pra cidade guri, e pelo visto voltou só pra atentar. Ele apareceu aqui no bar ontem.

Puta merda.

É, não vai ter jeito de esconder, respiro fundo e solto a bomba pra eles, sem rodeios. - É, eu sei, a gente acabou se esbarrando num dia desses.

- O QUE?! - Ambos dizem em uníssono, com uma raiva inconfundível na voz. Tanto meu pai quanto Ivete tem total conhecimento de todo o mal que Gal me causou, então nem me espanto com a reação deles.

- Você tá bem guri? Ele te machucou? Ah se ele tiver te machucado eu juro que capo as bolas daquele emo do caralho - Ivete passa a me examinar, procurando hematomas ou coisas do tipo.

- Não, não, Ivete. Eu tô bem, ele não encostou em mim, só falou um monte de merda e vazou antes que eu pudesse dar um gancho de direita nele.

Mentira. Mas é melhor mentir do que saberem a verdade, que eu paralisei e não saí de casa por uns vários dias por medo de encontrar ele de novo.

Aquele com os DanthurWhere stories live. Discover now