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Enzo Martins

    A semana já tinha voltado com tudo. O professor passou um trabalho de 5 pessoas por grupo com um total de 3.0 pontos.

— Vou falar com uns moleques ali pra gente formar um grupo de cinco pessoas. - O Felipe falou e eu concordei terminando de copiar a anotação do professor.

Ele voltou coçando a nuca e eu olhei pra ele já sabendo que vinha problema.

— Qual foi? - Perguntei largando a caneta.

— Eu consegui formar um grupo pra gente. - Ele falou sentando no lugar dele.

— E qual o problema? - Perguntei franzindo a testa.

— O problema é que o Fábio ficou no nosso grupo. - Ele respondeu rápido e eu respirei fundo — Só sobraram ele e outros dois amigos dele.

— Cada coisa. - Falei negando com a cabeça.

— Ele nem sabe que tu não gosta dele, porra. - Felipe falou sério — Acho que vai ser tranquilo.

— Se ele não for folgado do jeito que parece, vai ser mesmo. - Respondi voltando a prestar atenção no que o professor falava.

Cada grupo teve que juntar as cadeiras pra conversar sobre o trabalho.

Juntamos as cadeiras e o Fábio ficou bem na minha frente.

    Acho que eu peguei tanta raiva desse maluco que já enxergo ele com cara de folgado.

— O professor quer que a gente monte um caso clínico com sintomas específicos pro outro grupo tentar fazer o diagnóstico bucal. - Falei com as anotações na mão e os moleques concordaram.

— Eu vou anotando as ideias aqui. - O Fábio se propôs e todo mundo concordou.

— A gente tem que montar até o perfil de uma pessoa? - Um dos meninos do grupo perguntou e eu assenti.

— Adulto ou criança? - Felipe perguntou e eu pensei.

— Acho que adulto é mais de boa. - Respondi.

— Homem ou mulher? - Outro moleque perguntou.

— Mulher. - O amigo dele respondeu.

— Tem que ser loira. - O Fábio falou rindo com os dois amigos dele — As loiras são mais atraentes.

    Desencostei da cadeira e o Felipe fez o mesmo, negando levemente com a cabeça pra eu não fazer nada.

    Respirei fundo coçando a barba, totalmente incomodado com a situação.

    Encarei o Fábio por uns segundos e ele fez o mesmo, provavelmente sem entender o porquê.

— Vamo tentar focar no trabalho? - Felipe contornou a situação por mim — Se não acaba o horário e ninguém tem porra nenhuma pronta.

— Foi mal, mano. - Um dos amiguinhos do Fábio se desculpou — Bora focar, rapaziada.

    Depois de três horas parecerem três dias, conseguimos terminar o trabalho.

— Qual teu sobrenome? - O Fábio perguntou pra mim — To assinando o nome de nós cinco.

— Martins. - Respondi sério e ele concordou com a cabeça anotando.

— Tu é o filho do Fernando Martins? - Um dos meninos perguntou e eu assenti de cara fechada.

— Fernando Martins? - O Fábio perguntou levantando o olhar — O Cirurgião Dentista Fernando Martins?

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