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Enzo Martins

Depois que eu e a Cecília entramos no quarto, fui tomar banho e me ajeitar pra dormir.

Quando eu tava terminando de arrumar minhas coisas dentro da mochila, percebi que a Cecília tava desequilibrando e segurei ela bem rápido.

Rolou o clima de sempre da troca de olhares e aí eu tive certeza o quanto eu to desejando essa garota, o quanto eu realmente quero ela.

A Cecília foi aproximando o rosto dela ao meu e eu me afastei e soltei ela.

Por mais que eu quisesse muito esse beijo, não cedi pelo estado da Cecília. Se realmente for rolar, não quero que seja desse jeito, no meio de bebedeira.

    Quero que não tenha álcool envolvido pra ter certeza que ela quer tanto quanto eu.

     Coloquei meu celular pra carregar e fui deitar me cobrindo em seguida. Minutos depois a Cecília apagou a luz e se deitou também. Ficou um silêncio esquisito, não falamos mais nada, nem um boa noite.

     Minutos depois eu peguei no sono, desligando minha mente de tudo que aconteceu agora.

[...]

Acordei e vi que a Cecília ainda tava dormindo. Levantei com cuidado pra não acordar ela e peguei algumas coisas na minha mochila indo direto pro banheiro.

Como eu tava com muita fome, fui logo tomar o café da manhã de hotel, que eu não perco por nada.

Vi que o Felipe já tava comendo em uma mesa sozinho e me servi pra ir sentar com ele.

— E aí, cara. - Falei puxando uma cadeira e me sentando — Ressaca braba?

— Sim, pô. Dei meu nome na bebida ontem como sempre. - Ele disse com a cara amassada comendo o misto dele.

— Tem alguma coisa esquisita contigo, parceiro. - Falei analisando ele — O que tá rolando?

— Nada. - Respondeu dando de ombros — Só vi o que eu não queria na barra de notificação da Amanda quando ela foi tomar banho, pô. Logo depois da transa, cara. Logo depois da transa. - Ele falou repetindo pra si mesmo parecendo estar assimilando o que tava acontecendo.

— Pô, cara. Vamos ser sinceros, né. Da mesma forma que tu tem as tuas, a Amanda tem os dela. Vocês nunca nem definiram nada. - Eu disse como se fosse óbvio.

— Sim, pô. Mas sei lá, fiquei incomodado pra caralho, sabe? - Ele falou pensativo como se nunca tivesse sentido isso na vida.

— Tu tá é com a porra do ego ferido porque achava que a Amanda ia ser bobinha contigo igual as outras, parceiro. - Falei sorrindo divertido achando graça da situação enquanto tomava tranquilamente meu café.

— Vai se fuder, porra. - Ele falou puto me fazendo rir mais ainda — Tá querendo tirar uma comigo mas até hoje nunca nem ficou com a Cecília, ovo mole do caralho. — Parei de rir assim que ele terminou essa frase e fechei a cara.

    Fiquei uns minutos ali lidando com essa nova versão do Felipe mau humorado com dor de cotovelo e voltei pro quarto.

    Vi que a Cecília continuava dormindo, deitei de novo com cuidado e fiquei ali, observando ela dormindo parecendo um anjo, pô.

Sei que o clima entre a gente vai ficar estranho depois de ontem e eu realmente não faço ideia de como eu vou concertar isso.

Fiquei pensando tanto nisso que nem vi quando peguei no sono pela segunda vez na manhã.







Cecília Albuquerque

     Acordei beirando às 10h e olhei pro lado, vendo o Enzo dormir.

     Até dormindo esse garoto consegue ser bonito, como que pode, cara?

     Vou pegar minhas coisas e sair daqui antes que ele acorde, não sei onde enfiar minha cara depois de ontem.

     Eu tinha certeza que rolava um clima entre a gente e quando eu decido tomar uma atitude por ele, levo um fora? Nada disso. Vou fingir que nada aconteceu como se fosse totalmente indiferente pra mim.

    Levei minha mochila pro banheiro pra tomar um banho rápido e me arrumar correndo, antes que ele acordasse.

    Uns minutos depois, quando saio do banheiro bem devagarzinho, dou de cara com ele em pé em frente ao banheiro com a cara toda amassada de sono.

— E aí. - Ele disse coçando os olhos com a voz rouca.

— Oi. - Respondi rápido engolindo seco e desviando dele, porém, sinto ele me segurando pela cintura me impedindo de sair, o que me fez arrepiar todinha.

— A gente pode conversar? - Ele perguntou sério.

— Sobre o que? - Me fiz de sonsa não querendo tocar no assunto.

— Sobre ontem. - Respondeu.

— O que aconteceu ontem? - Perguntei torcendo pra ele acreditar que eu não me lembrava de nada.

— Tu não lembra do que rolou ontem? - Perguntou desconfiado.

— Não. Por que? Eu fiz alguma coisa? - Perguntei rápido bem direta olhando nos olhos dele insinuando que eu lembrava sim.

— Não. Não fez nada. - Ele disse seco e logo depois entrou no banheiro.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora