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Cecília Albuquerque

Eu tava conversando com o Enzo, quando um cara chega na gente nos cumprimentando.

— E aí, gatinha. Qual seu nome? - O cara perguntou e o Enzo revirou os olhos.

Não entendi essa revirada de olhos do Enzo, mas eu que não vou falar nada, né.

— Cecília. - Eu disse com um sorriso forçado.

— Mó gatinha você, loirinha. - Disse com um sorriso malicioso e dessa vez quem revirou os olhos foi eu.

— Vou ali. - O Enzo falou saindo e eu puxei ele pelo braço.

— Onde você vai? - Perguntei franzindo a testa sem entender.

— Pegar outra cerveja. - Ele respondeu e eu olhei a cerveja dele, que realmente tinha acabado.

— Vou contigo. - Falei pro Enzo. — Licença, viu? - Eu disse pro carinha.

Eu e o Enzo saímos andando, com ele guiando óbvio. Até porque eu só tinha vindo uma única vez na casa do Felipe e não sei onde eles resolveram organizar as coisas da festa.

— Você tava louco de me deixar sozinha com aquele cara lá, Enzo? - Falei assim que paramos no lugar das cervejas.

— Não era um psicopata, pô. - Disse rindo. — Era só o irmão do Felipe. - Falou abrindo a cerveja no braço.

— Mesmo assim, ué. - Falei com cara de brava — Não faz mais isso.

— Tá bom, loirinha. Foi mal. - Respondeu dando um gole na cerveja e eu logo puxei dele pra beber também.

— Mas é abusada mesmo. - Falou em tom de brincadeira e eu fiz cara de deboche.

Ficamos conversando sobre as pessoas da festa, nossos cursos, etc. Até começar a tocar funk antigo e eu puxei ele pra onde a galera tava dançando.

"Mostra pra ele que hoje tu tá bem demais
E se ele duvidar do que tu é capaz
Então você chuta o balde
Nóis mete o louco
Se é dia de baile
Gaiola é o troco..."

Impressionante como todo mundo sabe essa música, parece tipo o hino nacional.

Eu e o Enzo começamos a cantar e dançar juntos, automaticamente com a galera da festa. Até parece que com uma relíquia dessa tocando íamos ficar lá parados com cara de tacho.

O Felipe escolheu muito funk de 2019 pra tocar e foi estouro na certa, todo mundo curtiu absurdos.

Depois de um tempo puxei o Enzo pra fora da muvuca e sentei em um dos bancos do balcão.

— Qual foi, maluca? - O Enzo perguntou me olhando tentando procurar o que tinha de errado.

— Meu pé tá doendo por causa do salto. - Respondi fazendo careta.

— Também pô, dançou umas sete músicas igual uma maluca. - Falou como se fosse óbvio.

— Mas tu também dançou. Quer dizer, tentou né, falar que você dançou é muito forte. - Falei implicando ele.

— Mas eu to de tênis, cabeçuda. - Deu um tapinha na minha cabeça e eu dei um no ombro dele — Não sei que ideia idiota foi essa de vir de salto.

— Por causa do look, poxa. - Resmunguei fazendo bico e ele riu negando com a cabeça.

— Tira o salto então. - Falou de forma simples.

— Mas e se alguém levar? - Perguntei preocupada.

— Vamo deixar ele lá no quarto do Felipe perto da minha mochila, lá ninguém entra. - Ele sugeriu e eu assenti.

Fomos em direção as escadas, mas tava quase uma missão impossível por causa da quantidade de pessoas que o Felipe convidou.

O Enzo pegou na minha mão e atravessamos toda aquela gente até chegar no quarto do Felipe.

Chegando lá ele soltou minha mão e pegou meus saltos, colocando do lado da mochila dele e me entregou um par de havaianas.

— São suas? - Perguntei.

— Claro, pô. Tu acha que eu ia te dar chinelo dos outros? - Fez uma pergunta retórica e eu ri.

— Brigada, me salvou hoje em. - Falei dando uma piscadinha

— Virou rotina já, todo dia isso. - Murmurou e eu gargalhei.

— Vou matar seu amigo por ter roubado minha amiguinha. - Falei me jogando na cama do Felipe mudando de assunto.

— O cara tá amarradão na dela. Tu viu que eles não se desgrudaram por nada hoje? - Perguntou.

— Vi. - Respondi revirando os olhos e o Enzo gargalhou, se jogando do meu lado.






Enzo Martins

A atitude da Cecília me surpreendeu bastante quando o André chegou nela.

O André é uma versão piorada do Felipe, sai pegando todas mesmo e não tá nem aí pra nada, pô. E como geralmente ele sempre consegue as minas, pensei que com a Cecília não seria diferente.

Eu e a Cecília curtimos pra caralho, dançamos muito, muito mesmo parceiro. A Playlist também ajudou, funks relíquias ressuscita qualquer difunto.

Percebi que tinha umas minas me encarando e tentando se aproximar de mim, mas nem dei moral. Eu só queria saber de curtir mesmo.

Cecília reclamou do salto e resolvi ajudar ela. Depois disso nos jogamos na cama do Felipe, que por sinal sumiu a noite toda com a Amanda, e ficamos conversando até cair no sono.

[...]

Acordei e olhei pro lado, vendo a Cecília dormir agarrada no meu braço. Levantei o meu pulso pra ver as horas e já passava da 00h.

    Pela música e barulho, a festa ainda tava rolando lá embaixo.

    Nesse meio tempo a Cecília foi despertando e os olhos dela encontraram os meus.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora