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Enzo Martins

     Depois da minha conversa com a Cecília tive certeza que ela tava chateada com o que rolou, mas como não sei muito lidar com essas coisas acabei entrando no banheiro sem nem tentar se resolver.

    Quando eu saí do banheiro a Cecília já não tava mais no quarto, nem ela e nem as mochilas.

Mesmo com raiva ela colocou minha mochila no carro junto com as dela, muito fofinha mané.

Saí do quarto e encontrei o Felipe no meio do corredor, mexendo no celular.

— O que tu tá fazendo aqui parado, pô? - Perguntei sem entender.

— Não quero papo com a Amanda, parceiro. - Murmurou com atenção no celular.

— Para, porra. Coisa mais infantil, irmão. Bora. - Falei puxando ele atrás das meninas enquanto ele reclamava alguma coisa, que no caso nem dei ouvidos.

Achei as meninas e sentei com elas obrigando o Felipe a fazer o mesmo só pelo olhar.

— Nossa, que milagre. Vocês não vão comer nada? - Amanda perguntou estranhando.

— É porque a gente já tomou café mais cedo, pô. - Respondi pegando uma uva da Cecília, que me olhou feio mas não falou nada.

— Vou lá pegar alguma coisa. - Felipe disse com cara de cu e eu balancei a cabeça negando como forma de desaprovação.

— O que deu nele, Enzo? - Amanda perguntou com a testa franzida sem entender nada.

— Não era pra eu falar, mas eu vou, pô. Ele não gostou de alguma notificação que viu no teu celular. - Respondi calmo roubando mais uma uva da Cecília, que dessa vez bateu na minha mão.

A Amanda começou a rir do motivo da birra do Felipe e eu dei risada junto, achando graça da situação.

Cecília tava na dela, sem render muito papo. O que me fez ficar muito agoniado.

Levantei da mesa e fui atrás do Felipe, que tava trocando número com alguma menina qualquer do hotel.

Assim que ele veio até mim, eu balancei a cabeça sem falar nada.

— Nem vem, pô. A Amanda pode e eu não? - Perguntou como se fosse óbvio cruzando os braços.

— Vocês dois podem, ué. Tu só não pode ficar com essa birrinha aí de criança, parecendo minha irmã de cinco anos, moleque. - Falei dando um se liga nele, enquanto pegava café da manhã pela segunda vez.

Assim que voltamos pra onde ficava as mesas, vi ele indo sentar em outra mesa longe das meninas.

— Tu tá zuando com a minha cara, parceiro. - Falei sem acreditar no que eu tava vendo — Se tu não levantar daí agora eu não sei nem o que eu sou capaz de fazer contigo.

Ele levantou contrariado mas levantou, e aí fomos lá pra mesa das meninas.

Ficamos alguns minutos ali comendo, os quatro em silêncio.


[...]


Pagamos a conta do hotel e fomos pro carro, voltando pra casa.

O silêncio tomou conta do caminho todo, só dava pra ouvir a música baixinha que tocava de fundo.

Dessa vez o Felipe veio na frente e a Cecília atrás, totalmente diferente de quando a gente veio.

    Quando parei pra abastecer, o Felipe desceu e a Amanda foi atrás dele, provavelmente pra conversar.

    Ficou eu e a Cecília sozinhos com aquele clima chato de mais cedo. Fiquei olhando pelo retrovisor. que por sinal tava com expressão de brava, até ela me olhar de volta e descer do carro indo na lanchonete comprar alguma coisa.

     Vi o óculos da Cecília bobeando no carro e catei em dois tempos pra tirar foto e postar no stories.

    Agora quero ver se ela não vai falar comigo, nem que seja pra me xingar, pô.


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