60

3.5K 219 14
                                    

Cecilia Albuquerque

     Eu já estava no Rio pegando uber, a caminho da casa dos meus pais.

    O meu celular demorou bastante pra pegar sinal e receber notificações. Quando a internet resolveu voltar a funcionar, vi que o Enzo mandou mensagem há algumas horas e respondi.

     Não dei muito assunto, pra não fingir que tava tudo bem.

    Uns minutos depois o uber parou em frente a casa dos meus pais e eu respirei fundo com o coração acelerado.

     Fazia bons meses que eu não via eles e confesso que a saudade chegava a doer fisicamente.

    O cara do uber foi super gentil e me ajudou com as malas, que eram poucas por sorte.

    Agradeci e me aproximei do portão, tocando a campainha que ficava no cantinho.

 
— Oi? Quem é? - A voz da minha mãe ecoou pelo interfone, me fazendo abrir um sorriso de orelha a orelha.

— Sou eu, mãe. - Falei com a voz falha, um pouco nervosa.

     Ela desligou o interfone e abriu o portão. Então peguei as malas e entrei na casa.

     Tinha um quintal bem grande, eu conseguia ver de longe ela e o meu pai me esperando na porta.

— Filha... - Meu pai veio me abraçar apertado e senti minha mãe fazendo o mesmo segundos depois.

    Eu sinto tanta falta deles em SP, foi muito difícil me acostumar a viver longe deles.

E querendo ou não as ligações semanais não diminuem tanto a saudade quanto o toque físico de quem a gente ama.

— Eu tava com tanta saudade de vocês. - Falei abraçando os dois novamente, deixando toda a minha saudade acumulada tomar conta.

— Nós também, minha filha. Nós também. - Minha mãe admitiu me apertando ainda mais em seu abraço.

— Vem, filhota. - Meu pai disse pegando minhas malas — Vamos entrando, preparamos uma mesa de café da tarde pra você, igual aos velhos tempos.

— A mesa de café... - Falei sorrindo me lembrando do quanto é significativa pra mim, da quantidade de momentos felizes que temos representados por uma mesa.

     Ao entrarmos, vi que os móveis não mudaram muito desde a última vez em que vim aqui. Era uma casa muito bonita, mas também muito espaçosa só pro meu pai e pra minha mãe.

    Meu pai deixou minhas malas no cantinho da sala e seguiu em direção a sala de jantar, onde ficava a mesa.

    Sorri toda bobinha com a decoração e coisas gostosas espalhadas pela mesa, que demonstrava grande capricho da parte dos dois. Tirei meu celular do bolso e registrei esse momento.

     Sentamos, conversamos, rimos. Tudo o que eu realmente precisava pra me sentir mais feliz.

    Meus pais fizeram umas mil perguntas sobre a minha vida em SP, querendo todos os detalhes possíveis.

    Perguntaram também sobre a Amanda e a família dela. Meus pais possuem um carinho gigantesco pela família Duarte, pela forma que eles me tratam como se eu fosse um membro da família e, principalmente, pela forma que eles me acolheram quando meus pais tiveram que largar São Paulo.

     Analisando como as coisas são agora, nem parece que eu sofri o tanto que sofri quando minha mãe precisou mudar pra cá há dois anos, por questão da transferência do trabalho dela.

     Na época, uma parte de mim queria muito que ela não aceitasse a promoção pra nós três continuarmos juntos igual sempre. Mas outra parte de mim não queria ser egoísta, já que era visível o tanto que minha mãe batalhou pra conseguir a promoção.

    Tinha a possibilidade de eu vir junto, mas desde cedo sempre soube qual curso eu queria fazer e que as maiores oportunidades eram em São Paulo. Isso que me manteve firme até aqui.

Enfim, vou aproveitar o máximo que eu puder aqui com eles e não vou perder um minuto se quer.

— Quando vamos pra praia? - Sugeri enquanto servia mais um cafézinho na xícara, café de mãe é outra coisa.

— Podemos ir amanhã, filha. - Minha mãe respondeu animada.

— Aposto que a Ceci tá pensando na praia desde o momento da aterrissagem. - Meu pai brincou e eu ri.

— Não vou mentir dizendo que não. - Pisquei pra ele.

— Filha, o Matheus disse que vinha te ver quando contamos que você viria. - Minha mãe disse se referindo ao meu primo.

— Nossa, que saudade que eu to dele. - Falei sorrindo com os olhos fechados, fazia tempo que eu não via esse pedacinho de confusão.

— Olha lá vocês dois, em... Quem colocou todos esses cabelos brancos na minha cabeça foram vocês, todas as vezes que se juntavam. - Meu pai disse me olhando desconfiado e eu gargalhei.

— Eu tinha esquecido que a Cecília e o Matheus eram terríveis juntos. - Minha mãe falou arregalando os olhos — Lembra daquela vez que os dois pararam em outra cidade no ano novo? - Ela perguntou ao meu pai.

— Que tivemos que ir buscar eles na delegacia de outro Estado? - Meu pai perguntou de volta me olhando.

— Gente, dois primos adolescentes de 16 anos obviamente aprontavam quando se encontravam. - Argumentei com carinha angelical tentando acalmar as ferinhas — Agora é diferente, já estamos crescidos.

— Eu acho bom viu, Cecília. - Meu pai disse em um tom ameaçador e eu olhei pra minha mãe segurando o riso.




Leitores que eu amo, vou lançar uma meta alta aqui pra vocêssss. Vou soltar uma maratona de 10 capítulos quando batermos 300 seguidores, meta alta porém alcançável. Boraaaa! Cada um fazendo sua parte 💗

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora