35

4K 217 4
                                    

Enzo Martins

A gente já tinha almoçado e resolvemos ficar na sala batendo papo e jogando no playstation do Felipe.

Eu e o Felipe já tava há uns trinta minutos disputando partida e a Cecília tava mexendo no celular com a cabeça deitada no meu ombro.

— O pai é o toque. - Impliquei com o Felipe por ter ganhado mais uma partida.

— É o toque porra nenhuma. - Respondeu puto — Isso aí foi só sorte, parceiro.

— Quando não é tu ganhando é sorte, né? - Perguntei e ele assentiu — Viado do caralho. - Xinguei ele enquanto deitava minha cabeça na da Cecília.

— Eu queria estar de casal igual vocês dois. - O Felipe falou se lamentando.

— Não tá porque é um puta de um cu doce. - Respondi puto com essa briga dele com a Amanda.

— Pois é. - A Cecília falou bloqueando o celular e começando a prestar atenção na conversa — Minha amiga tentou resolver as coisas com você e tu nem tchum.

— É muito complicado. - Ele respondeu pensando longe.

— É nada. - A Cecília disse levantando a cabeça do meu ombro — Você que complica.

— Eu não conhecia esse lado surtado do Felipe, pô. - Admiti.

— Nem eu conhecia esse meu lado, mano. - Felipe concordou.

— O que a Amandinha não faz, né. - Cecília jogou um verde ali pro Felipe falar algo.

— Vocês tem que me ajudar, pô. Não sei lidar com essas coisas não. - Felipe falou de um jeito engraçado fazendo a gente rir.

— Olha, você simplesmente surtou porque viu a notificação de um cara no celular dela sendo que vocês nem namoram. - A Cecília disse indignada.

— Fora que ele também conversa com outras meninas. - Falei pra Cecília que olhou feio pra ele.

— Tá vendo? Querendo ficar puto por algo que você também faz, seu doido. - Cecília repreendeu ele jogando uma almofada.

— Você não pode chamar seus pacientes de doido, Cecília. - Felipe deu uma bronca nela que fez todo mundo cair na gargalhada.

— Você não é meu paciente, é meu amigo. Então sim, vou esculhambar você. - Ela respondeu com cara de deboche.

— Cara, chama ela pra vir aqui e resolve as coisas. - Falei sério e ele respirou fundo saindo da sala com o celular em mãos.

— Fazemos uma boa dupla, tá vendo? - Cecília disse toda convencida e eu ri.

— Daqui a pouco vou cursar psicologia junto com você pra montarmos um consultório juntos. - Falei zuando e a Cecília se contorceu de tanto rir.

— Idiota demais, que ódio. - Ela falou limpando as lágrimas que caíram por causa do excesso de risada.

O idiota do irmão do Felipe entrou na casa e eu encarei ele mudando totalmente a postura.

A Cecília me olhou sem entender e ele só acenou com a cabeça, me fazendo agradecer mentalmente por não vir aqui encher a porra do meu saco.

— Credo, precisa olhar assim pra ele? - Ela falou quando ele subiu.

— Olhei normal, pô. - Falei desviando do assunto e ela só me olhou negando com a cabeça.

— Amanda tá vindo aí pra conversarmos pessoalmente. - Felipe falou voltando um pouco mais animado que antes.

— Finalmente, porra. - A Cecília respondeu feliz jogando os braços pra cima fazendo a gente rir da reação dela.

— Cecília tá quase criando um fã clube pra vocês dois. - Impliquei e ela bateu no meu braço.

— Vamos. - Ela falou se levantando — Deixar os dois a vontade porque pelo visto a conversa deles vai ser longa. - Ela disse com um sorriso malicioso e o Felipe gargalhou.

— Caralho, mané. - Levantei — Tinha nem pensando nisso, pô. - Falei me referindo ao que ela tinha acabado de falar.

— Não, pô. Podem ficar, tá cedo. - Felipe insistiu pra gente ficar.

— Nós já vamos, cara. Pra vocês dois conversarem melhor. - Falei pegando a chave do carro e a gente se despediu dele.

    Já estávamos no carro seguindo em direção a casa da Cecília. Ela foi o caminho todo controlando o som com a playlist dela.

— Tá entregue. - Falei desligando o carro assim que estacionei no prédio dela — Valeu por ter ido.

— Por nada. - Falou com um sorriso fofo enquanto tirava o cinto — Pelo menos a gente conseguiu fazer os dois conversarem.

— Agora é com eles. Se não se resolverem eu vou desistir, na moral. - Falei puto e ela riu.

— Tchau. - Ela disse se aproximando e eu virei o rosto dando um selinho nela, que sorriu encostando nossas testas.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora