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A raiva de Peter era uma tempestade furiosa, varrendo Neverland, jamais com uma intensidade que deixava até mesmo os ventos mais selvagens envergonhados.

Ele pisava duro pela floresta, suas mãos cerradas em punhos, enquanto a notícia de que Galadriel havia escapado novamente, com a ajuda de Devin, corroía seu orgulho. Galadriel, a garota que ele havia escolhido como seu novo brinquedo, sua prisioneira favorita. Para Peter, isso não era apenas uma fuga, era uma afronta pessoal.

Numa clareira iluminada pela luz mágica das fadas, ele encontrou Sininho, ele se aproximou tentando controlar sua raiva.

- Oi novamente, sininho. - começou Peter, sua voz um misto de súplica e ameaça - você sabe onde eles estão. Diga-me, e talvez eu possa perdoá-los.

- Primeiramente, você foi tão rápido, e o desespero foi tão grande que eu nem olhei a direção direito, e segundo que, eu não quero chegar perto do seu objeto sexual, ou seja, não, não sei aonde eles estão - respondeu sininho com uma coragem que desafiava ele, enfrentando o olhar furioso de Peter.

A recusa de Sininho só serviu para inflamar ainda mais a raiva de Peter. Ele estava acostumado a ser adorado e obedecido, não desafiado.

- Muito bem - ele rosnou - eu os encontrarei sem sua ajuda. - Foi nesse momento que Mark, um dos Meninos Perdidos, aproximou-se cautelosamente.

- Peter - disse ele, hesitante - eu vi Devin e Galadriel, quando tentamos encurralar eles na caverna, eles fugiram para o leste, em direção ao lago das sereias, acho. - A informação era como lenha jogada na fogueira da raiva de Peter. Ele sorriu, mas não havia alegria nesse gesto, apenas a promessa de retribuição.

- Obrigado, Mark -  disse ele, sua voz gélida como o vento do norte. - Vocês dois fizeram uma escolha... E agora vão enfrentar as consequências. - Enquanto se afastava, a mente de Peter fervilhava com planos de vingança.

A ideia de Galadriel e Devin juntos, desfrutando de uma liberdade que ele considerava sua para conceder ou retirar, era intolerável. Ele se via como o mestre indiscutível, e qualquer desafio quebrado à sua autoridade era uma ferida no seu ego colossal.

A vingança se formava dentro dele, uma força escura e retorcida que prometia não apenas recapturar Galadriel e Devin, mas também ensinar-lhes uma lição que eles nunca esqueceriam. Peter, naquele momento, era um tirano ferido, decidido a reafirmar seu domínio sobre tudo, custasse o que custasse.

[ ... ]

Na calada da noite, sob o véu prateado de um céu estrelado, Galadriel saiu silenciosamente do esconderijo atrás da cascata, deixando Devin adormecido sob a proteção relativa das rochas e da água corrente. Ela precisava de um momento para si, um instante de solidão para ordenar seus pensamentos e emoções tumultuados. A névoa gerada pela queda d'água que cobria o ambiente com um véu frio, e o único som era o murmúrio constante da água se chocando contra as pedras abaixo.

Galadriel caminhou até a borda da floresta, onde a luz da lua filtrava através das folhas, criando padrões de luz e sombra no chão da floresta. Ela abraçou os braços, tentando afastar o frio e a sensação crescente de inquietude. Sabia que estava arriscando, que cada passo naquela ilha poderia levá-la diretamente para os braços de Peter, mas a necessidade de refletir era mais forte.

Foi então que ela ouviu, uma melodia, na qual ela se recordava de ser familiar, ela seguiu aquela melodia e pode ver a Peter saindo da escuridão sério, com um olhar sombrio.

- Galadriel, capitã, você realmente pensou que poderia se esconder de mim? De nós? - a voz de Peter, era sarcástica e tingida de raiva.

O coração de Galadriel gelou, e ela tentou criar coragem para enfrentar a figura que emergia das sombras, a expressão de Peter distorcida antes sério, tinha agora um sorriso. O medo a sufocava.

- Peter, eu... Eu sinto muito - ela gaguejou, as palavras tropeçando em sua língua. - Por favor, não machuque Devin. Ele não tem nada a ver com isso.

-  Desculpas? Você acha que suas desculpas significam algo agora? Ah, Galadriel, você deve enfrentar as consequências. - Peter avançou, cada passo um lembrete do poder que ele detinha sobre ela. Galadriel recuou, a mente girando em busca de uma saída, de fazer Peter entender.

Foi então que Devin, apareceu se aproximou por trás de Peter, Galadriel o acompanhava queria pedir para Devin não fazer nada mas qualquer movimento que ela fizesse Peter iria perceber. Devin pegou um pedaço de madeira e acertou a cabeça de Peter que caiu no chão mas não desacordado.

Peter, movido por um ímpeto de raiva, virou-se rapidamente e com um gesto brusco, lançou Devin contra uma árvore próxima. O impacto foi tão forte que o garoto caiu desacordado, seu corpo deslizando lentamente para o chão coberto de folhas.

Galadriel assistiu à cena horrorizada, a culpa e o medo misturando-se em seu peito. O gesto violento de Peter não deixava dúvidas de sua disposição em puni-la, e a situação parecia cada vez mais desesperadora. Ela sabia que tinha que agir, mas o medo e a incerteza a paralisavam, enquanto Peter avançava, decidido a não deixar mais nenhuma traição impune.

- Olha o que a sua fuga causou! - Peter gesticulava em direção a Devin, que jazia inconsciente aos pés da árvore, o que dava a entender pra ela que aquilo era lembrete cruel das consequências de suas ações. - Você não estava sozinha nisso, Galadriel. Havia pessoas dispostas a te ajudar, a te proteger, mas você escolheu ignorar isso, e fugir. E agora olha só o que aconteceu! - Peter, com os punhos cerrados e os músculos tensos de raiva, encarava Galadriel com um olhar que poderia facilmente incendiar a floresta ao redor.

O silêncio e medo vindo dela era tão denso que cada respiração parecia um trovão distante, anunciando uma tempestade iminente.

- Você acha que simples palavras podem apagar o que você fez? - A voz de Peter era um misto de decepção e fúria, cada palavra carregada de um peso que fazia o ar em volta parecer mais denso. - Você fugiu! Você traiu a minha confiança, Galadriel. E por quê? Por medo? Por dúvida? Você nem ao menos me deu a chance de explicar, de mostrar que poderíamos resolver isso juntos!. - Galadriel os olhos de permaneciam fixos em Devin, incapazes de encontrar os de Peter. Ela queria se explicar, queria que Peter entendesse seus medos e inseguranças, mas as palavras pareciam ter fugido, deixando-a imersa em um mar de arrependimento.

Com um movimento brusco, ele agarrou o pulso de Galadriel, surpresa e assustada com a súbita proximidade e firmeza de Peter, tropeçava ao tentar acompanhar seus passos rápidos. O medo pulsava em seu coração, uma batida descompassada que parecia ecoar pela floresta escura.

Ao chegarem à árvore de pensar, a atmosfera carregada de tensão só intensificava o medo de Galadriel. Peter, sem soltar seu pulso, conduziu-a diretamente ao único quarto. Com um movimento áspero e sem qualquer palavra, ele a empurrou para dentro do quarto. O empurrão veio carregado de toda a frustração e raiva que ele sentia, um gesto que deixava clara sua intenção de não permitir mais nenhuma fuga.

O som da porta sendo trancada atrás de si ressoou pelo quarto como um decreto de pânico, ela estava sozinha com ele ali. Galadriel, sentia o peso do olhar de Peter, a proximidade forçada e a agressividade de sua ação no quarto reverberavam em sua mente, intensificando o medo que sentia. O quarto, antes um simples espaço, agora parecia uma gaiola, cada canto um lembrete de sua falta de liberdade.

- Ta na hora de eu te domesticar, pirata, e pode acreditar que não será igual da primeira vez não. - Galadriel engoliu seco dando passos para trás com a aproximação de Peter, tentava conter as lágrimas que insistiam em cair.

Ela estava presa, não apenas fisicamente naquele quarto com ele, mas também em uma teia de emoções que parecia sufocá-la cada vez mais.

Piratas em NeverLand - Peter Pan Onde as histórias ganham vida. Descobre agora