Vou parar de ficar aqui.

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Já é final de semana, o Simon foi para casa dele, imagino que a maioria dos garotos também foram para suas casa e eu estou aqui, esperando a minha mãe chegar para me buscar.
Ontem foi um dia sem graça, o Simon continuou me evitando e respondendo seco... Ele sumiu durante o intervalo, eu me atrasei mais vezes por não conseguir achar as salas a tempo ou por não conseguiu despertar do sono. Me pergunto se isso vai durar para sempre. Se ele continuar com essa palhaçada eu vou parar de usar esse dormitório, e vou passar a dormir em qualquer outro lugar, qualquer coisa é melhor que ter alguém te ignorando ou evitando. Qualquer coisa é melhor que sentir culpa de algo que você nem sabe oque fez, ou se fez.

—Tô entrando!—Vi Ryan abrir a porta do dormitório enquanto eu estava no sofá com a mala ao meu lado. Ele me olhou e se aproximou com o sorriso de sempre.—Deixa eu adivinhar, o Simon foi e nem mesmo perguntou se você queria carona, né?

—Acertou em cheio.—Falei forçando um sorriso e abrindo espaço para ele sentar.

—Você tem como ir para casa? Ou está esperando um milagre com essa mala pronta?

—Minha mãe vai vir me buscar.

—Ah, entendi! Bom, é uma mala muito grande para um final de semana... Você tá pretendendo trazer algo aí dentro?

—Na verdade eu estou levando algumas coisas de volta, acho que vou parar de ficar aqui nesse quarto.

—É sério? Aonde você vai ficar?

—Vou ver com as garotas se rola de eu dormir com elas... Quem sabe da certo.—Ryan soltou um suspiro desanimado.

—Acha que o Simon vai ficar muito tempo assim com você?

—Acho que não sou obrigada a ser tratada igual fantasma. Sem contar que as garotas pelo menos vão me acordar de manhã, sabe quantas aulas eu já perdi?—Ele balançou a cabeça negando.—Muitas!

—Eu queria poder ter descobrido algo... O Simon também não tá querendo contar para a gente oque está acontecendo.

—Entendo... Mas mudando de assunto, você não vai visitar seus pais?

—Sobre isso... Será que teria como sua mãe me dar uma carona? Eu não tenho carro e os garotos saíram cedo de mais...—Ele fez uma carinha de cachorro pidão, Oque me fez rir um pouco.

—Claro, suas coisas estão arrumadas?

—Eu não levo nada, só eu e meu celular. E valeu, ajudou muito!

—Ok, de nada!

Nesse um dia que se passou eu e o Ryan começamos a nós falar mais, o Dian começou a me fazer companhia   também. Os amigos do Simon tentaram conversar com ele, porém ele sempre some quando tocam no assunto, sem contar que ele e o Dian continuam se evitando.

Bom, não demorou tanto até minha mãe chegar, ela me mandou mensagem e nos dois descemos para o estacionamento, avistei o carro da minha mãe e logo que ela me viu abriu um sorriso e saiu de sentir do carro.

—Oi filha, que saudade!—Ela me abraçou.—Oi, mocinho!

—Olá!—Ryan abriu um sorriso e acenou.

—Também estava com muita saudade!—Assim que largamos do abraço, me virei para Ryan.—Esse é meu amigo Ryan, ele pediu uma carona, tudo bem né?

—Claro que sim, uma gracinha ele. Pode me chamar de senhorita Flory.—Ela deu um sorriso o analisando.—Você não está levando nada?

—Não, eu não costumo levar nada daqui para casa.—Respondeu com um sorriso fofo e educado.

—Entendi. Ayla, porque tanta coisa?—Minha mãe pegou a mala a levando para o porta malas, abri a porta do carro indicando que Ryan podia entrar.

—Resolvi deixar algumas coisas em casa...

—Tem haver com o Simon não tem?... Oque aconteceu entre vocês exatamente hein?

—Nada...

—E porque ele tá estranho com você?

—Ninguem sabe ainda. O Dian falou que ele precisava de um tempo, o Ryan teorizou que foi por conta de Dian, e eu adquiri a ideia de que eu fiz alguma coisa sem saber.

—Me explica tudo no carro, vamos.

Entramos no carro e logo minha mãe deu partida. Ryan e eu explicamos tudo oque havia acontecido de quarta para sábado, assim como nos minha mãe não sabia oque poderia ser ao certo, mas ela concordou com a teoria de Ryan. Assim que deixamos o Ryan em casa fomos para a nossa, não era tão longe, mas também não era perto... E a casa dele era bem bonita, e chique por fora.
Minha mãe estacionou o carro na garagem, logo fui entrando em casa, porém me deparei com Bia logo na porta assim que a abri.

—Cadê aquele babaca, vou quebrar a cara dele!—Ela gritou assim que me viu.

—Não da nem um oi.—Falei indo abraça-la.—Quer quebrar a cara de quem?

—Do Simon, aquele idiota! Sua mãe me contou tudo, juro que acabo com a raça dele.—Dei risada vendo ela brava estalando os dedos.—To falando sério!

—Fica calma, tá tudo bem... Aposto que minha mãe exagerou.—Olhei para minha mãe com os olhos relaxados e ela deu um sorriso velado.

—Sei não, esse garoto tá sendo cuzão de mais pro meu gosto!—Bia respirou fundo.—Mas mudando de assunto... Hoje tem festa, partiu?

—Tenho ideia melhor...—Dei um sorriso de canto.—Que tal bebermos nos três juntas? A gente bate um papo e põe os assuntos em dia.

—Eu topo, não tô afim de sair de casa hoje também!—Minha mãe comentou passando por nós e entrando em casa com a minha mala.

—Gosto da ideia... Tia, vou dormir aqui então. E eu quero encher a cara viu, quero saber de bebida fraca não.

—Eu tô na sua!—Conclui.

Nunca achei que eu fosse querer encher a cara só por diversão, normalmente eu nem beberia, mas tenho bebido mais desde que entrei naquele colégio... Mas agora eu quero encher a cara para esquecer, coisa que eu nunca fiz antes...

O dia passou, eu e Bia assistimos séries, falamos com o pessoal e fomos comprar as bebidas com minha mãe. Foi um dia divertido com as duas, nem lembrei de me culpar por algo que nem sei se fiz. No meio da tarde minha mãe saiu com o tal do Lucas, foram dar uma volta juntos enquanto eu e Bia ficamos bebendo um pouco antes de anoitecer.

—Eai, me conta como foi aquele dia na casa do Jhonny.—Falei enquanto ela servia mais um copo.

—Nem te conto...—Ela rio.—Primeiro eu conheci minha sogra, um amor de pessoa. Depois deu a hora de dormir, a gente deitou junto e ficamos conversando um pouco... Aí foi bola para frente.

—Rolou?

—Que nada, não somos tão safados assim! Imagina, primeira vez conhecendo a sogra e já no primeiro dia ela ouve nos dois na pura sacanagem.

—Imagino. Se fosse minha mãe, ou ia entrar metendo pau no garoto, ou ia gritar algo como "Não quero neto agora não, sou nova de mais para ser vovó!".

—A cara dela mesmo!—Rimos.—Mas foi bom lá, o café da manhã foi a melhor parte. Mas me diz você, e o lance com aquele tal de Dian? E quem é Ryan?

—Minha mãe conta tudo mesmo, hein... Eu e o Dian estamos bem, ele é legal e gentil comigo. Já o Ryan é um amigo meu, ele é tão fofinho... Com certeza iria amar ele!

—Tô sabendo disso ai.

—Aparece no colégio um dia desses, vou te apresentar todo mundo.—Sugeri e ela soltou um sorriso um tanto quanto assustador.

—Se eu aparecer lá vou arrebentar o Simon, você sabe neh?

— É... Melhor você não aparecer então...

—Um dia eu apareço, principalmente se alguém te magoar... E o Simon tá na minha lista negra.

Continuamos conversando, logo minha mãe chegou e começou a beber com a gente. Ela contou sobre o Lucas, falou que fazia tempo que não sentia amor por alguém que não fosse os filhos dela, vulgo eu e meus amigos. Eu fiquei feliz por ela estar feliz com aquele cara... Mas ainda não me desce a idéia de ter um padrasto, mas se minha mãe está feliz então por mim tá tudo bem... Não posso impedir ela de amar.

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