Sem Barreiras

Eu fiz algo?

—Eu vejo vocês amanhã!—Falou Ryan com um sorriso no rosto e uma de suas mãos acenando. Ele estava saindo dormitório depois de passar umas duas horas aqui.

—Até!—Falei junto a Simon.—Você demorou.

—Eu sei, foi mal.—Simon forçou um sorriso indo pegar algo na geladeira.

—Oque o Dian queria falar com você?

—Nada de mais, ele veio me pedir ajuda para uma coisa.—Cruzei os braços.—Que foi? É sério.

—Sei. Ainda vamos no café?

—Claro.

Fui tomar banho e trocar de roupa enquanto o Simon organizava as coisas que iríamos precisar, vesti uma saia jeans, com uma blusa branca por dentro da saia na parte da frente, coloquei um tênis e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Saímos de casa levando apenas uma mochila com cadernos e materiais de escrita, descemos o elevador, e enquanto eu estava caminhando em direção ao estacionamento, Simon começou a andar pro lado contrário em direção ao portão.

—Não vamos de carro?—Perguntei parando no meio do campus do colégio.

—Não é tão longe, vamos economizar gasolina.

[...]

Depois de um tempo caminhando em silêncio, finalmente chegamos no café. Era pequeno, porém aconchegante, a palheta de cores era de rosa, branco, azul e amarelo, haviam mesas brancas organizadas com guardanapos, e cardápios. Sentamos em uma mesa que dava visão para o lado de fora da loja, o cardápio era todo decorado e fofo, me senti em um daqueles maid café por um instante.

—Posso te recomendar um?—Simon me olhou por cima do cardápio que estava em minhas mãos. Acho que ele deve ter notado que eu estava perdida tentando escolher algum café.

—Por favor...

—Café cremoso gelado com chantili, e um bolo de chocolate com morango.

—Café gelado?—Fiz uma careta.

—É muito bom, te juro!—Ele juntou as mãos e deu um sorriso. Assentiu aceitando sua sugestão, ele se levantou e foi até uma moça que estava atrás de um balcão de vidro cheio de doces aparentemente deliciosos.—Logo eles vão trazer.

—Ok!—Sorri assim que ele se sentou.

—Quer começar por qual?

—Quimica, com certeza química.—Sorri já abrindo o meu caderno.

Estudamos por um tempo até a comida e o café chegarem, o bolo era fofinho e muito gostoso, veio em um prato branco com detalhes desenhados em rosa na borda do pequeno prato. O café também era muito gostoso, duvidei um pouco por ser café gelado, mas acabei gostando bastante, ele era bem bonito, e a caneca era fofa cheia de desenhos e a logo da cafeteria. Passamos um bom tempo lá, comendo e estudando, aprendi muito mais do que aprendo em sala de aula com o Simon, ele daria um ótimo professor.

[...]

—Com licença, já estamos fechando.—Uma moça bonita com avental branco se aproximou de nós.

—Ah, desculpe. Nós já vamos embora.—Simon deu um sorriso no qual a moça devolveu e logo se retirou.

O lugar já estava vazio, só tinha a gente ali e os funcionários que estavam esperando a gente ir embora, havíamos perdido a noção do tempo enquanto estudávamos.
Guardamos nossas coisas, pagamos e fomos embora, entramos no carro jogando as mochilas no banco de trás e Simon logo deu partida no carro.

—Acho que eles estavam prestes a nós expulsar a força.—Simon soltou uma risada calma.

—Não duvido nada!—Ri.—Mas valeu a pena, peguei muita coisa das matérias que eu não havia entendido, muito obrigada!

—De nada, fico feliz de ter ajudado.

Depois disso seguimos o caminho inteiro em silêncio novamente, era como se o Simon não quisesse conversar, e eu não sabia oque dizer. Aquele silêncio me incomodou fortemente o caminho inteiro, parecia uma eternidade dentro daquele carro e eu poderia jurar que nunca chegaríamos no colégio.
Mas depois de muito tempo, pelo menos para mim, chegamos e fomos para o dormitório. Tomei um banho rápido enquanto Simon fazia um jantar, me troquei e permaneci no quarto enquanto ele tomava banho.
Acabei decidindo ligar para a Bia, e em seguida ligaria para minha mãe.

—Oi, gatona!—Ela atendeu.

—Oi xuxu, como você está?—Perguntei sentando na cama e cruzando as pernas com o telefone na orelha.

—Muito bem, estou na casa do Jhonny agora.

—Ui, ui, ui hein! Vai dormir aí?

—Vou, é a primeira vez que durmo aqui, estou nervosa.—Ela deu uma risada.—Você acha que rola alguma coisa?

—Não sei, mas não me apareça com filho não, se nao mato ele e você!—Soltamos gargalhadas.

—E você, está bem?

—Estou sim, mas tenho que comentar que o Simon está meio estranho.

—Como assim estranho?

—Muito calado, nem parece ele... Será que eu deveria perguntar se aconteceu alguma coisa?—Logo pude ouvir a voz do namorado da Bia no fundo da ligação, ela aparentemente cobriu o celular e respondeu ele em seguida, e lodo depois voltou a falar comigo.

—Acho que deveria perguntar sim, se é algo que está te incomodando. Mas se ele continuar com essa palhaçada eu vou aí meter outro tapa na cara dele!—Dei risada com o tom de voz dela.

—Ok... Ele vai sair do banho agora, então eu vou indo. Boa noite, curtam a noite hein, casal!—Fiz sons de beijo e desliguei antes que Bia me xingasse.

Logo Simon entrou no quarto secando o cabelo e sem camisa, ele estava procurando uma no guarda-roupa, e eu estava evitando olhar para ele. Assim que ele colocou uma camiseta eu o olhei, respirei fundo e abri a minha boca para falar algo.

—Simon, posso te fazer uma pergunta?

—Pode.—Respondeu me olhando.

—Aconteceu alguma coisa? Sei lá, você tá tão calado... Eu fiz algo?

—Não, claro que não!—Ele pareceu preocupado, se aproximou da porta e me encarou.—Acho que só estou meio cansado de tanto estudar.—Forçou um sorriso.

—Ah...ok, mas se eu tiver feito alguma coisa pode falar, vou dar um jeito de resolver.

—Você não fez nada, fica tranquila.

—Tá... Vamos jantar então!—Me levantei botando um sorriso no rosto e me dirigindo até ele.

—Na verdade, eu já comi, achei que fosse comer enquanto eu tomava banho.—O olhei meio decepcionada, oque o fez coçar a nuca sem jeito.—Eu te faço companhia enquanto você come, não tem problema...

—Não... Você tá cansado, pode ir dormir se quiser.—Forcei um sorriso passando por ele e indo para cozinha.

Simon apenas fechou a porta do quarto, peguei a comida e sentei no sofá meio desanimada, mexi na comida várias vezes encarando os grão de arroz irem de um lado pro outro, soltei um suspiro e peguei o celular largando o prato na mesinha de centro. Abri a conversa com o Dian e digitei uma mensagem que dizia “Oi Dian, você sabe porque o Simon tá tão estranho?” e não demorou nada até ele responder um seco e simples “Não." Talvez ele só esteja cansado mesmo... Melhor deixar ele descansar do que ficar perturbando, amanhã o Simon vai estar normal com certeza.

Ou...foi oque eu pensei.