DEMONS | BILL KAULITZ

Capítulo 30 - Inicio das Investigações

Heidi, num impulso, emitiu uma ruidosa exalação de ar, quando desabou no chão inconsciente, o que encheu  Bill de apreensão, mas tentando controlar-se, ele a amparou a tempo, impedindo que se ferisse. Deitou-a no chão, limitando-se a verificar sua pulsação e temperatura. Estava inundado por uma forte gratidão e por centenas de perguntas, mas tudo isso teria de esperar, até que ela recobrasse a consciência.

Enquanto isso, vendo a irmã caída numa poça do próprio sangue, Jessica reagiu e recuperou-se com uma velocidade, que só o amor podia proporcionar. Correndo para o corpo inerte, ela se ajoelhou no chão sujo e amparou a cabeça de Rachel com as mãos, colocando-a sobre suas pernas.

— Rach! — a loira soluçou aflita. — Oh, meu bem, em que se meteu dessa vez? — a pergunta mesclava apreensão e irritação.

— Jessica, me dê sua mão. — Gustav pediu autoritário.

Por conhecê-lo, Jessica obedeceu, sem fazer perguntas. Segurando o pulso de cada uma das irmãs, em uma das mãos, Gustav deu início à transfusão sem agulhas, reunindo grupos de célula da doadora e distribuindo-as na receptora. Elas eram suficientemente compatíveis, tanto que foi necessário realizar apenas pequenos ajustes. Melhor assim. No estado enfraquecido em que se encontrava, Rachel não suportaria muitas alterações em sua fisiologia, sem sofrer maiores danos, o que prejudicaria também o bebê já tão intoxicado dentro dela.

O processo surtia o efeito esperado. A cor começava a retornar ao rosto de Rachel, e Bill respirou aliviado pela primeira vez, desde o início do processo de transfusão. Jessica estava um pouco pálida em razão da experiência. Gustav percebeu e soltou seu pulso, permitindo que a moça loira recebesse o amparo do cunhado.

Minutos depois, a operação chegou ao fim com sucesso. A emergência fora contornada. Gustav, ainda tocando Rachel, direcionou olhar para o corpo inerte da Rainha e deu continuidade ao processo de cura. Heidi continuava deitada no chão, pálida e desfalecida. O médico sabia que ela estava apenas exausta, mas o esgotamento poderia ser perigoso. Canalizou um segundo nível de consciência,  induzindo-a a um estado de sono profundo e restaurador.

O Demon dedicou-se à tarefa minuciosa de curar as feridas e fechar os cortes de Rachel. Sequer se deu ao trabalho de pedir permissão a Bill, para tocar a paciente. Ele se colocou na posição mais adequada para o processo, uma postura clássica de um obstetra, posicionando-se entre as pernas de Rachel, apoiando-as sobre as dele, obtendo acesso direto ao pequeno feto ainda em formação. Tocou seu abdômen e ergueu a túnica que o cobria, revelando os horríveis ferimentos.

— Oh, meu Deus... — Bill murmurou horrorizado.

O alvo do ataque tornava-se subitamente claro. Bill ficou transtornado diante daquela visão. Jessica o segurou pelo braço, impedindo uma ação imprevisível, movida pela raiva e pelo desespero. Gustav fechou os olhos e concentrou-se no pior ferimento, dedicando toda a sua energia à fixação da placenta, o que tomou tempo e exigiu grande esforço.

A calcinha branca encharcada de sangue, com grandes manchas escuras, tornavam mais real o horror do que acontecera ali. Jessica começou a chorar. Foi a vez de Bill confortá-la com um abraço fraterno. As evidências eram que Rachel não havia lutado. Apenas se defendido. Cada laceração, cada osso fraturado, até a posição em que fora encontrada, tudo denotava uma jovem mãe, que havia se dobrado sobre si, para proteger a vida abrigada em seu ventre, suportando com coragem os chutes e os golpes violentos.

Gustav a curava. Ele conseguia salvar a delicada Druida e seu bebê, antes que o dano fosse irreversível. Graças ao Destino... e a Heidi, Rachel pode ser salva. Se ela não houvesse chegado à casa de Druida naquele exato momento, teria sido tarde demais, para qualquer ação dele ou de Bill. Mesmo com todo o poder que dispunha, Gustav ainda levou cerca de uma hora, até poder respirar fundo e interromper o processo de transmissão da energia curadora.