Capítulo 19 - Problemas à Vista.

33 7 2
                                    




Bill estava aflito, pelo peso que lhe oprimia o peito. Não havia uma maneira fácil de assumir as implicações que Gustav tinha lhe contado. Entretanto, sabendo como era sua cultura e seu mundo, imaginava que estava muito mais preparado para tratar sobre o assunto, do que a silenciosa mulher que abraçava os joelhos contra o peito, enquanto se apoiava contra a cabeceira.

O que poderia lhe dizer nesse momento? Era o responsável por tudo o que estava acontecendo, do afundamento de uma vida, que ela estava se dando conta agora, e não poderia retornar. Se fosse viver, teria que permanecer junto a ele, durante sua longa existência, querendo ­ou não. Não era assim que Bill queria que se sentisse, obrigada a permanecer ao seu lado, ligada a ele por obrigação.

— Rachel...Sei que me culpa... — sussurrou com o arrependimento pesando na palavra.

Ela olhou para cima, com seus lindos olhos azuis, tão grandes, vulneráveis e tristes.

— Sei o que pensa, Executor. Não procure outra razão para se sentir culpado. — retirou das costas a cascata de cabelo, dando-lhe um sorriso xoxo. — Você escolhe os momentos mais estranhos para respeitar a privacidade de minha mente. Se a lesse agora, saberia que não te culpo por nada do que aconteceu. Você nem estava na guerra. Nós nem nos conhecíamos.

— Mas se nós não tivéssemos nos conhecido...

— Se nós não tivéssemos nos conhecido, eu estaria vivendo uma vida incompleta, como antes. Bill, o que você pensa que eu deixei para atrás?

Ela se enrolou no lençol, se levantou e se aproximou seu corpo ao dele. Sua aproximação, o confortou automaticamente, enchendo-o de paz.

— Durante toda a minha vida, eu nunca me encaixei. Sempre vivi à margem do convívio social, sem me ajustar, com exceção da minha irmã e uns poucos amigos. Eu era uma pessoa muito solitária. Na noite em que te conheci, eu olhava para a lua, pensando que havia algo a mais, que a noite guardava segredos. Eu estava cansada de uma vida sem graça, solitária e monótona. Eu queria aventura. Eu queria viver.... Passei muitas outras noites naquela janela, olhando o céu e pensando...Li muito em busca de informações, ansiando por alguma coisa que não conseguia identificar. Agora eu sei. Essas são  respostas que eu queria e estive procurando por muito tempo.

— Será que você se sentiria igual, se tivesse tido escolha?

— Mas eu tenho. Eu posso escolher. Posso voltar para o local de onde vim e morrer aos poucos, mas não por privação de energia vital, Bill...Eu morreria sentindo falta de todas as coisas que descobri com você. Tem idéia do presente, que sua presença tem sido em minha vida?

Podia imaginar, se fosse parecido com o que ele sentia...Que ele encontrara...Então devia ser muito especial.

— É isso mesmo, Bill. Tudo na vida é parte de um grande plano do Destino, que nenhum de nós conhece até que realmente aconteça.

— Mesmo assim, podemos escolher. E eu queria você a meu lado por opção própria, não por falta de opção.

— Escuta, Bill. Sou uma mulher adulta. Não estou desapontada, frustrada, ou infeliz. Talvez você tenha dificuldades para se adaptar, ou não queira se comprometer com as implicações da minha presença aqui.

— Isso não é verdade!

— Então me prova isso. Não com seus pensamentos, mas com suas ações. Quer mesmo que eu fique? Quer que eu faça parte da sua vida, assim como eu quero que você faça parte da minha? — sua voz tremia,

E Bill sentiu uma avalanche de dor sobre a pele, como se fosse espetadas.

— Me diz que não sou a única que está aprendendo a amar alguém, tão intensamente, a ponto de me sentir incompleta longe dessa pessoa...

DEMONS | BILL KAULITZWhere stories live. Discover now