Capítulo 25 - Capturadas

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— Duas pelo preço de uma! — ouviu-se uma voz masculina.

— Impossível! — exclamou outro homem.

— Não está vendo? Temos duas. Não é impossível.

— Você! Demônio! Qual é o significado disso?

Houve um assobio sinistro, longo, e em seguida Rachel ouviu uma voz horrível que só escutara uma vez antes.

— É... inédito, meu amo. Duas. Duas. Não mereço uma recompensa? Liberte-me, meu amo.

— Não, Demônio. Ainda não estou satisfeito. — o homem assumiu uma voz mais suave, hipnótica. — Mas, prometo, assim que meus experimentos chegarem a uma conclusão satisfatória, você terá sua liberdade.

Rachel abriu um olho, tentando resistir a intensa claridade. O lugar estava inundado por aquela mistériosa luz azul que vira no galpão na noite em que conhecera Bill. Estava sentada no centro de um grande pentagrama riscado com giz sobre o piso de madeira. Quando a luz azul desaparecia, sua visão melhorava, foi assim que ela conseguiu ver Heidi, caída a alguns passos à sua esquerda. Como havia acontecido? O que fazia ali? Não era uma Demon! Pelo que estudara, a intimação de um Demônio nunca afetava quem estivesse perto dele. A intimação era especifica e limitada à fonte de poder, conectado ao nome utilizado para o ato de aprisionamento. Então, como havia sido levada também?

As respostas teriam de esperar. Precisava ajudar Heidi enquanto a transformação não ocorria. Apoiada sobre as mãos e os joelhos, ela engatinhou e se aproximou da amiga, tocando-a no rosto. Heidi ardia em febre.

— Ei, aquela está acordada!

— São fêmeas. Não pensei que houvesse fêmeas.

— Essas criaturas do inferno são a tentação em forma gente! Nunca ouviu falar nisso? Veja como são lindas!

Rachel olhou para os Warlocks que estavam falando. Havia dois feiticeiros em pé perto do pentagrama, e um casal sentado diante de uma mesa um pouco afastada. Só então ela percebeu o cheiro. Insuportável! Era como pêlo queimado, ovos podres e gasolina, tudo misturados. Ela cobriu a boca e o nariz tentando conter a náusea.

— Aquela é pequena. Riu a feiticeira.

— Acho que deviam jogar de volta, como fazem os pescadores.

Os feiticeiros riram da piada. Um deles aproximou-se do pentagrama e se abaixou para encarar Rachel

— O que acha, peixinho? Devemos jogar você de volta ao mar? Ou prefere ficar e esperar até sua beleza se transformar em horror, como acontece com todos? Vai babar, gritar palavrões e dizer todos os nomes que sabe para salvar a própria pele. Vocês nunca ouviram falar em lealdade?.....Eu disse, Kat. — ele olhou para a feiticeira. — São todos iguais. Como aquele ali.

Rachel olhou na direção apontada pelo Warlock. Havia um segundo pentagrama riscado no chão, e dentro dele estava um Demon transformado. Sua aparência era a mesma de Keith antes de morrer.

— Sabe, Rainer, tenho a impressão de que a pequenina é mais forte do que parece. O macho levou horas para acordar. A outra fêmea esta desacordada, mas essa aí já está consciente.

— Tem razão. E então, sua vadia demoníaca? Sua puta do inferno? Não vai falar nada? Não quer ir embora? Se cooperar, logo terá sua liberdade. Sei que quer dizer alguma coisa.

Rachel sabia que não corria perigo imediato, mas a vida de Heidi dependia do que ela fizesse nos próximos minutos. Tinha de manter a calma, descobrir onde estava e convocar quem pudesse ajudá-las. Sabia que podia neutralizar poderes. Devia funcionar com magia negra, também. E o pentagrama? Continha Demônios, mas aprisionariam também uma Druida? Ou ela havia anulado os poderes do desenho com sua presença? Precisava agir. Tinha de salvar Heidi e destruir todos que conheciam seu nome, pois só assim ela estaria livre de novas ameaças. Para isso tinha de destruir os Warlocks e o Demon pervertido que a sacrificara na esperança de obter a liberdade. Fisicamente, nenhum deles representaria grande desafio.

DEMONS | BILL KAULITZWhere stories live. Discover now