Atenção passageiros, bem-vindos a vida de Norihiko Takamori, um comissário de voo azarado que jurou não amar novamente depois de algumas experiências turbulentas em sua adolescência. Só que sua promessa sofre uma despressurização quando se apaixona...
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"Então o que disseram naquela conta do Instagram é verdade, será que o primeiro oficial Murphy-Kudo está dormindo com alguém?"
Mais cedo, enquanto ainda estávamos no hotel, ouvi esse comentário vindo da asquerosa da Anna, mas infelizmente ele continuou grudado em minha cabeça como um maldito adesivo.
Estamos quase perto de chegar em Tóquio, aquelas dez torturantes horas de voo estão quase no fim e eu já assumi meu turno. Entretanto, quero apenas fingir que provavelmente não vamos desembarcar direto para a sala de RH da Starwind Airways. Está tudo bem, Norihiro, se concentre.
Estava. Hiyama levou mais tempo para sair do quarto, totalizando trinta minutos de atraso. Fomos ao aeroporto sem sequer nos olhar, queríamos a todo custo disfarçar que estamos juntos, pois ao ouvir aquela frase de Anna, mandei a Hiyama uma mensagem planejando tudo isso.
Mesmo assim, não adiantou tanto.
— Nori, você é louco. — Eu até estava conseguindo lidar com isso durante o voo, mas Étienne aproveita que estamos sozinhos na galley da Business Class e surge de repente para fofocar. — Tem noção do que fizeram e do preço que terão que pagar?
— Tenho total noção. — Apontei para o meu broche e debochei de minha própria sorte. — Vou procurar saber se, naquele idioma lá, Norihiro não significa "desgraça iminente".
Ele ri discretamente. Conferimos o corredor, e aparentemente todos estão na galley traseira, talvez fofocando sobre mim. E essa é a melhor oportunidade para fofocar, pois os passageiros também estão dormindo. Não quero entrar em detalhes da nossa relação, mas estou apavorado com tamanha sorte. Estamos passando por uma área sem sinal de Wi-Fi na aeronave, e espero mais algum tempo para mandar alguma mensagem a Hiyama, pois sei que ele sequer visualizará agora.
— Estou com medo, muito medo — confesso. Étienne dá o ombro a mim por achar que chorarei sobre ele. — Tenho medo de ter que sacrificar uma coisa.
— Que coisa?
— Ou minha profissão, ou meu relacionamento.
Étienne permanece em silêncio por alguns instantes. Ele, o engraçadinho que adora resolver problemas dos outros, está em uma inquietação diferente de todas as outras. Meu melhor amigo vê o brilho em meus olhos, apesar da baixa luz lilás da cabine, ele nota imediatamente que estou chorando discretamente.
— Você não precisa se sentir assim, Norihiko. — Seus polegares limpam minhas lágrimas imediatamente. — Eu e Nilo estamos juntos há nove anos e conseguimos manter o relacionamento, apesar de estarmos na mesma empresa. Não precisamos sacrificar nada, apenas sermos discretos. Inclusive estou com tanta saudade do meu amorzinho... nossa, me sinto tão carente que estou usando a cueca ao contrário para meu rabo sentir cheiro de pau.
Étienne é simplesmente indecente, maravilhoso e incrível, mas não me conformo. É claro, não posso me comparar aos meus amigos, mas tenho que descobrir meu crime e meu castigo:
