Atenção passageiros, bem-vindos a vida de Norihiko Takamori, um comissário de voo azarado que jurou não amar novamente depois de algumas experiências turbulentas em sua adolescência. Só que sua promessa sofre uma despressurização quando se apaixona...
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— Tripulação, portas em automático!
Nilo e Étienne fecham a porta do meu quarto, fazendo uma analogia a um dos procedimentos essenciais feitos pelos comissários de voo antes da decolagem e do desembarque, que serve para travar as portas das aeronaves. Meus amigos não querem que nossa conversa se espalhe, já que contei a eles a novidade suprema:
Eu e Hiyama estamos definitivamente saindo há alguns dias e já nos chamamos de namorados.
Tá, isso não é um segredo para eles, afinal os dois pegaram Hiya saindo da minha casa na nossa primeira noite juntos e só o que fizemos foi fofocar. Só que hoje estou contando todos os novos detalhes para eles, que continuam perdidos e curiosos para saber se estamos indo bem com o relacionamento.
Porém, eu também interpreto a citação de tal procedimento como uma piada a mim, ao maldito evento do banheiro, já que desde aquele voo que não saio com os dois juntos, e eu juro que estava morto de saudade dos meus amigos. Logo noto os risos deles, tão altos que creio que esses idiotas querem me deixar zonzo, e me fazem reclamar:
— Queria que isso acontecesse com vocês. Pimenta só causa espirro no nariz dos outros.
— Norihiko ficou preso com o piloto no banheiro! — Étienne não aguenta. Por que será que só tem psicopatas ao meu redor, minha vida é tão engraçada assim? — Amigo, nem na hora da ficada você tem sorte!
Nisso tenho que concordar, minha vida é uma tragédia até na hora de dar um beijo, mas estou tentando ser positivo. Acomodo-me sobre o sofá e puxo a boa e velha almofada de nuvem para o meu colo. Eles continuam rindo, e espero aquelas hienas miseráveis se calarem para comentar:
— Esse é o tipo de fofoca que se for parar naquela conta do Instagram, é capaz de destruir minha vida. Não só essa, como outras fofocas também.
Étienne se cala. Ele sai da mesa e se junta a mim enquanto come um Cup Noodles. Se esse francês chato sujar meu sofá, eu faço ele limpar com a língua!
— Se acalma, só eu vi vocês dois naquele dia. — Ele come uma porção de macarrão enquanto conversa comigo, com a boca cheia, inclusive. — Aliás, eu escutei as batidas achando que vocês estavam realmente tendo um sexo daqueles bem selvagem dentro do banheeu rioiro, mas aí eu ouvi você choramingar. Rapaz, eu realmente achei que o primeiro oficial Murphy-Kudo estava rasgando seu rabo, só depois me dei conta de que vocês estavam presos na porra do banheiro!
Não aguentei, até eu rio da minha falta de sorte, parece até que tudo aconteceu ontem, mas nosso primeiro beijo ocorreu dez dias atrás.
Dez dias... nesse meio tempo, eu e Hiyama só nos vimos no voo para Roma, aquele em que juramos que manteríamos nossos beijos em segredo, mas que, no final, acabamos nos pegando violentamente no salão de jogos do hotel. Não poderíamos levantar suspeitas para nossos colegas, afinal a conta no Instagram foi o suficiente para pôr nossos nomes nas fofocas por aí.
