Capítulo Trinta e Um.

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Elsa

Na segunda-feira, tio, tia e eu estamos tomando café juntos quando digo.

- Quero ver o Dr. Khan.

Dois pares de olhos surgem de suas tarefas. Tio faz uma pausa para tomar seu café da manhã e ler em seu tablet. Tia para de embalar meu almoço, com as mãos trêmulas ao redor do recipiente.

- Você está tendo pesadelos de novo? O que você viu? - O tom dela é quase histérico.

- Pare com isso, Blair. - Tio abandona o café e a mesa em cima da mesa e se levanta. Eu o encaro quando ele aperta meus ombros e diz com uma voz fria. - Você está bem, abóbora? Por que você não nos ligou quando teve os pesadelos?

Não consigo deixar de notar a diferença entre as reações da tia e do tio. Seus olhos são instáveis e ela continua abrindo e fechando o recipiente como se não estivesse ciente do que está fazendo. Sempre que o tópico dos meus pesadelos ressurge, a tia nunca me perguntava se eu estava bem. A primeira pergunta dela sempre foi 'o que você viu?'

Tio, por outro lado, sempre perguntava se eu estava bem.

É estranho.

Em todo o resto, tia se preocupa mais com meu bem-estar do que tio. É ela quem age como uma doida para garantir que eu coma saudavelmente.

Talvez ela não pense que meu estado mental faz parte da minha saúde. De qualquer forma, não estou com disposição para falar sobre o meu episódio no sábado.

Eu sorrio e espero que saía convincente.

- Não é sobre os pesadelos. Eu só quero falar sobre o estresse dos exames.

Os ombros da tia caem e ela para de abrir e fechar o recipiente.

As sobrancelhas do tio sulcam.

- Você nunca teve estresse nos exames antes, abóbora.

- Todo mundo é competitivo na escola e eu continuo pensando que talvez alguém me tire dos dez por cento. - as mentiras caem da minha boca com tanta facilidade.

Estranho. Eu sempre odiei mentir para eles, mas não hoje.

Tio assente.

- Marcarei uma consulta.

- Obrigada tio.

Nenhum deles precisa saber dos meus planos com o Dr. Khan. Estou mudando de tática sobre toda a psicoterapia. Tio beija o topo da minha cabeça.

- Você sabe que pode falar conosco a qualquer momento, abóbora, certo? Você não precisa esconder nada, como fez com seu relacionamento com Tom Kaulitz.

Só de ouvir o nome dele corta a dor no meu peito. Desde que ele saiu da minha casa no sábado de manhã, não houve nenhum vestígio dele. Ele não ligou ou me enviou as mensagens brutas de sempre.

Vi fotos dele no Instagram após o jogo no sábado à noite. Os Elites venceram dois a zero Bill marcou os dois. É tão raro Tom não marcar um jogo.

Quando eu disse o que disse no banheiro, não esperava que ele fosse embora.

Ele não é do tipo que se afasta.

Eu ficava me dizendo que ele voltaria para me incomodar, como sempre. Ele invadirá minha vida como ele tem todo o direito.

Ele não fez.

E isso doeu mais do que eu gostaria de admitir.

Eu aceno distraidamente para o tio, que volta para o seu lugar e volta a beber seu café. Eu tomo um gole do meu suco. Tem um gosto amargo e eu quero cuspir de volta.

Deviant KaulitzWhere stories live. Discover now