Capítulo 34

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Era toda a bagunça do apartamento, todo aquele barulho de objetos sendo quebrada, todas as vezes que meu nome foi pronunciado com ódio, o cachorro se aninhando cada vez mais em meu colo e meu coração palpitando de medo toda vez que eles se aproxim...

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Era toda a bagunça do apartamento, todo aquele barulho de objetos sendo quebrada, todas as vezes que meu nome foi pronunciado com ódio, o cachorro se aninhando cada vez mais em meu colo e meu coração palpitando de medo toda vez que eles se aproximavam daquela maldita cômoda. Eu não via reação da sua parte, ele estava congelado ao meu lado, mas suas mãos frias segurava a minha com força. Quando eu vi naquela sala de estar aquelas palavras e todo o estado do apartamento, a única relação possível foi o meu corpo desfalecendo.

— Excelentissima?

Sinto-me ser tocada nos ombros e pisco um par de vezes enquanto volto a focar a atenção no tribunal. Todos me olham confusos, nunca me viram tão dispersa dentro de um tribunal.

— Eu... — Pigarro. — Eu já tenho o veredito do júri.

O oficial deixa o papel em cima da mesa de tribunal e eu lhe agradeço com um aceno de cabeça. A atenção se volta para mim, o réu me encara com esperança.

— Por unanimidade, o réu é considerado... — Seguro o martelo de ordem. — inocente pelo crime de Extorsão. — Bato o martelo, decreto fechado o caso.

O réu e a sua família comemora, a sala é tomada por felicitações e algo dentro de mim, uma sensação de mal estar, faz com que eu sinta falta de ar ao mesmo tempo que me dá um ansia de vomito. Me levanto da cadeira com cuidado e caminho em direção a saída da sala dando acenos de cabeça para os meus colegas. Ando apressada para a minha sala, massageando a barriga e cobrindo a boca. Entro na minha sala, tranco-a e corro para o banheiro. Me ajoelho na frente da privada e ponho para fora apenas líquidos porque eu não consegui comer nada o dia todo.

Minha cabeça não consegue esquecer a imagem de sangue pintada na parede do apartamento. Não consegue tirar aquelas fotos da pessoa que estava ao meu lado. "O Briar é realmente confiável?" Eu não sei, eu estou atirando no escuro, pulando de abismos. Eu não posso ter certeza que ele realmente é confiável, ele pode estar querendo me assustar para que eu não faça nada contra o seu caso.

Os líquidos saindo do meu corpo cessam e eu fecho a tampa da privada. Passo a palma da mão na boca enquanto me coloco de pé e caminho para a pia. Lavo minhas mãos com a água fria da torneira e sabonete, limpo a minha boca com um gargarejo e cuspo a água na pia. Volto para a minha sala e pego em minha bolsa uma pastilha de menta e uma presilha para os meus fios.

— Raquel?

Percy dá dois toques na porta e coloca a cabeça na sala, assinto brevemente com a cabeça e ele se coloca para dentro. Seus passos vêm em minha direção.

— Você está bem? Me disseram que você não parecia bem na audiência.

— Foi apenas um mal estar. — Me sento na ponta da mesa.

— O que está acontecendo? — Ele toca meu rosto com cuidado. — Você é a pessoa mais saudável que eu conheço, mas ultimamente parece tão abalada.

— São coisas de mulheres, você não entenderia.

— Eu entenderia qualquer coisa que você dissesse. Me conta, eu posso tentar ajudar de alguma forma.

— São dias terríveis...sangrando — Vejo-o abrir a boca para falar algo, mas logo entende o que eu quis dizer. — Tem o pré e pós, muitos sintomas e mudança de humor. Eu só estou me sentindo cansada.

— Tem algo em que eu possa ajudar? Eu sei que você não come chocolate, então deve ter algo que ajude.

— Eu só preciso de ar...

— Eu levo você ao parque...

— Sozinha — continuo, receosa. — Eu iria adorar sua companhia, mas nesses momentos eu gosto de dirigir em direção a Valley Stream com as janelas abertas e tocando uma música da Britney Spears. Você entende, certo?

— Totalmente. — Ele abre um sorriso. — Mas saiba que eu estou aqui para qualquer coisa que você precisar.

— Obrigada. Você é um ótimo amigo.

O seu sorriso se dissipa um pouco. Sei que ele gostaria de ser mais que o meu amigo, mas isso eu talvez nunca esteja disposta a dar para ele, ou para alguém. Talvez eu nunca seja uma pessoa que esteja disposta a lidar com outra, principalmente se for em um relacionamento onde minha obrigação seja lidar com outra pessoa.

— Fica bem. — Ele me circula com os seus braços.

Abraço-o, deixo minha cabeça repousada em seu ombro e apoio minhas mãos em suas costas cobertas pela camisa social azul. Ele me aperta, inala o cheiro do meu cabelo e alisa as minhas costas. Eu não o impeço, acho que eu preciso de um abraço. Em decorrência do seu aperto, sinto algo escorregando para o meio dos meus seios e me separo dele rapidamente.

— Desculpe. — Levo a mão até o decote da minha blusa e puxo a corrente do colar que o Briar me Deus. — Meu colar caiu.

— Bom, eu tenho uma audiência daqui a pouco. Vejo você amanhã, Raquel.

— Nos vemos, Percy. — Forço um sorriso.

Percy faz carinho no meu queixo antes de mover seus pés para fora da sala. Espero a porta ser fechada e prendo minha atenção no colar do Briar, abro-o e passo o dedo pelas letras gravadas nele. Sinto algo estranho, como uma elevação por cima das letras e franzo o cenho. Raspo com a pontinha da unha as letras e puxo um objeto tão pequeno que é quase impossível percebê-lo. É um microfone, eu vi um uma vez em um caso.

— Ai, Briar. Você é realmente confiável? — me questiono.

Deixo o microfone e fecho o colar. Eu não sei se posso confiar nele totalmente, estou em uma berlinda extremamente cruel. Algo podia me iluminar e me guiar para o caminho da certeza, porque viver na duvida está me corroendo. Eu sempre estou com o colar ou sempre está na minha bolsa e minha bolsa nunca sai do meu lado, então não seria possível alguém ter colocado a escuta depois do Briar ter me dado, apenas antes.

Preso Em Seu Amor - Spin-Off de Minhas Paixões Where stories live. Discover now