Impostora

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No dia seguinte, fui até o escritório onde Armin estava trabalhando. A Rainha Historia lhe ofereceu o cargo de conselheiro pessoal e deu a ele um andar inteiro de um prédio a poucos metros da estalagem onde eu, Reiner e Pieck estávamos instalados. Armin estava empenhado em fazer algo útil, resolvendo problemas de administração geral junto aos líderes da comunidade e liderando uma ação voltada especialmente para os refugiados de Marley. Mikasa estava morando com ele e Annie passou a trabalhar no local como voluntária, ao lado de seu pai, até se estabelecerem propriamente.

- Você tem certeza disso? – ele me perguntou, com os olhos azuis cintilando certo desapontamento e preocupação, depois que contei que partiria.

- Preciso ir. – eu disse, apenas. Não havia o que explicar, Armin sabia exatamente pelo que eu estava passando e meus motivos para tomar aquela decisão.

- Eu não vou te impedir... – ele disse, limpando os lábios secos com a língua, pensante. – Posso te dar o visto para entrar na Muralha Sina. Se não estiver com muita pressa, pode esperar a chuva passar e ir amanhã de manhã em uma caravana que vai para o Distrito de Stohess.

- É perfeito. – disse, sem muita emoção. Estava cansada, eu só precisava relaxar um pouco.

Meu primo assentiu e foi para sua mesa organizar os papéis que eu precisaria levar na viagem. Ao canto da mesa, a janela aberta mostrava uma camada grossa de chuva que caía lá fora, como se simbolizasse o choro da perda de milhares de vidas pelo Estrondo. Annie datilografava ritmicamente em sua mesa, com o seu rosto centrado. Me aproximei dela.

- Esses são os registros das famílias que vieram de Marley? – perguntei, fazendo-a erguer os olhos para mim, comumente cansados.

Ela acenou que "sim" com a cabeça.

- Tem o paradeiro da família Galliard? – muitas famílias ainda estavam desaparecidas e nem todas conseguiram ser registradas desde o fim da guerra. Eu ainda tinha esperanças de que os pais de Porco e Marcel haviam conseguido escapar do ataque dos Titãs Colossais.

Mikasa, que estava próxima, enrolada em seu cachecol, nos observava com uma aparência exausta, sentada em uma cadeira, abraçando os próprios joelhos.

Passei o olho nos documentos das mãos de Annie e percebi que havia o nome "Galliard" nele, mas ao lado não indicava que foram achados com vida. Engoli em seco e Annie olhou para mim.

- Eu sinto muito. – ela disse, confirmando o que eu já esperava.

- Tudo bem, obrigada. – sacudi a cabeça, engolindo o choro. Minha segunda família estava oficialmente morta.

Annie, Mikasa e Armin me olharam com pena, sem saber direito o que fazer ou o que me dizer.

- Aqui estão os seus documentos. – disse Armin, passando as mãos em meus ombros, em sinal de apoio. – Vou pedir que uma carruagem leve você a uma outra estalagem para passar a noite, no limite da cidade. O ponto de encontro da caravana fica logo em frente, é só mostrar esses papéis.

- Obrigada. – assenti.

- Tchau, Liesel. – Annie se despediu de mim, sem muita cerimônia, do seu jeito.

- Espero que a gente possa se ver de novo, em breve. – disse Mikasa, como se me abraçasse com os olhos, no entanto, sem sair de sua posição encolhida.

Armin desceu comigo as escadas em silêncio e conseguiu uma carruagem para me levar à estalagem, como ele havia dito.

- Se cuide. – ele disse, me abraçando. – Se precisar de qualquer coisa, me escreva. Está tudo aí para quando se sentir pronta para voltar.

Minefields: Shingeki No KyojinWhere stories live. Discover now