Minefields: Shingeki No Kyojin

O Estrondo

- Porco. – sussurrei, sem conseguir acreditar. Minhas pernas tremiam de novo. Se eu estava me sentindo completamente derrotada por dentro, mal conseguia imaginar o quanto ver aquilo havia mexido com Pieck. Minha cabeça latejava forte, bem na região em que havia levado os pontos, enquanto eu me lembrava dos meus últimos momentos com Porco e Colt. Aquilo era pior do que um pesadelo e, mais uma vez, para a minha infelicidade, eu estava refletindo o quanto os meus maus pressentimentos estavam certos ultimamente. As tragédias seguidas de mais tragédias não cessavam. "Ter esperança para que?", eu pensava.

Nem mesmo Magath havia previsto aquilo, tinha sido muito pior do que imaginávamos. Não que estivéssemos crentes de uma vitória, mas perder mais Guerreiros e praticamente todos os nossos soldados era algo que simplesmente não admitimos antes de deixar o quartel em Libério. Saímos com tanta determinação que nem passou pela nossa cabeça sermos derrotados daquela forma. Eu imaginei, por um momento, se algum de nós iria sobrar para voltar para casa e, ao ver o titã de Falco terminar de engolir o corpo de Galliard, desejei muito que não fosse eu uma sobrevivente daquela chacina. Senti que não aguentaria aquela dor.

Acho que estávamos tão chocados ali, assistindo aquela cena horrorosa, em que tanto os nossos soldados como os soldados de Paradis perdiam a vida, sendo comidos ou se tornando titãs, que o tempo parecia ter congelado naquele caos. Eu estava agarrada nas paredes de metal do compartimento do tanque do Carroça, tentando me manter de pé. Já nem me importava com os tiros direcionados a nós, eu só queria acordar daquilo tudo.

Foi quando eu ouvi um grito. Um grito não, rugido, mais especificamente do Titã Blindado. Reiner estava furioso e socou o corpo do titã de Eren Yeaguer. Endurecido. A pele de seu titã estava endurecida, assim como uma pedra, a qual nem mesmo o titã de Reiner poderia destruir. Era tudo um truque, eu podia ver o corpo de Eren correndo de seu titã e indo em direção ao Zeke.

- Ele vai escapar! – eu gritei.

- Ele não pode entrar em contato com o Zeke! O Braun precisa pegá-lo! – gritou Magath, ao meu lado. Estávamos desnorteados, não sabendo com o que devíamos nos importar primeiro, se com aqueles dois atirando em nós ou com a fuga dos irmãos que podiam proclamar o estrondo da Terra.

- Estão atacando o Reiner! – gritou Pieck, enquanto víamos dois soldados do Reconhecimento impedindo Reiner de pegar Eren. Não podíamos deixar que ele pegasse a mão do irmão.

- General, me deixe ir até lá! – eu pedi para Magath, nem esperando que ele me respondesse, sacando minha arma.

- Você está louca?! – ele me empurrou. – Se morrer lá embaixo, isso se chegar até lá, não vai conseguir ajudar ninguém! – ele gritou. Meus olhos estavam enxarcando, eu já nem conseguia enxergar o General direito. – Liesel, se quer fazer algo para vingar o Galliard e o Grice e quer mesmo ajudar a Pieck e o Braun, você precisa se manter viva e proteger esse soro que guarda com você. – ele abrandou a voz, mesmo se mantendo severo. Eu sabia que o que ele dizia fazia sentido, mas estava completamente desesperada. No fundo, acho que entendia agora toda aquela ansiedade de Reiner em querer ser morto e acabar de vez com todo o sofrimento.

- Liesel...a Pieck precisa de nós. – Magath disse, me despertando antes mesmo de eu ter tempo para concordar com o que ele havia dito. Eu sabia que o mais sensato a se fazer era prosseguir com o nosso plano até que a missão falhasse completamente e não houvesse mais jeito. Até lá, continuaríamos lutando e, se fosse necessário, eu devoraria Pieck para que não perdêssemos o Titã Carroça e tentaria levar Falco, que agora era o Titã Mandíbula, e Gabi para casa.

Continuei atirando, mesmo sem mirar precisamente. Eu estava furiosa e aqueles dois soldados que insistiam em atacar Pieck seriam a minha prioridade naquele momento. Eu salvaria Pieck e depois salvaria Reiner, Falco e Gabi, os únicos que me sobraram. Eu lutaria até o fim para que eles permanecessem vivos.