Hange Zöe

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Andei até a cabine de Reiner de forma automática. As palavras de Pieck ainda ecoavam em minha cabeça, eu sabia o motivo delas e sabia que ela estava certa. Talvez eu não tivesse outra chance, embora não tivesse me faltado momentos para expressar o que sentia e dizer adeus e eu ter aproveitado todos eles, aquele momento não seria diferente. Nós havíamos escapado, por sorte, da morte várias vezes, mas aquela podia ser realmente a última, se considerássemos as nossas condições. Eu precisava ver Reiner mais uma vez.

Bati duas vezes a porta fechada da cabine, ainda sentindo meu estômago pesar e formigar de ansiedade. Fui recebida por Connie, que piscou por alguns poucos segundos ao me ver.

- Ah, oi, Liesel. – ele esboçou um sorriso. Eu me sentia à vontade com sua presença, apesar de não conhecê-lo muito bem, algo me dizia que ele era uma pessoa simpática.

- Oi, Connie. – sorri também. – O Reiner está acordado?

Connie virou para o lado alguns centímetros e se voltou para mim.

- Está sim. – ele me deu espaço para que eu pudesse entrar. Reiner estava em uma das três camas da cabine, sentado. Naquele momento, ele já não mais utilizava o DMT. Ele me encarou por alguns segundos até que olhou para Connie, que nos olhava como se estivesse esperando (ou perdido) alguma coisa.

- Connie, você poderia me deixar um pouco a sós com o Reiner? Prometo que não vou demorar. – eu sorri, de forma simpática. Me pareceu ter surtido efeito, pois Connie deu a impressão de sacudir levemente a cabeça e se dar conta de que queríamos privacidade.

- Ah, bom, tudo bem. Vou deixar vocês sozinhos. – ele se prontificou, saindo e fechando a porta do quarto.

Reiner me deu espaço para que eu sentasse em sua cama, o que eu fiz. Ficamos nos olhando por alguns longos minutos. Eu não sabia direito como começar, e acredito que ele também não, porém, não era desconfortável ficar em silêncio em sua presença. Eu o olhei e sorri, embora seu olhar fosse melancólico e seu sorriso um pouco desanimado.

- Não consigo me acostumar com essas despedidas. – ele confessou, suspirando profundamente.

- É, nenhuma delas está sendo mais fácil. – suspirei também.

- Mesmo assim, eu estou feliz que chegamos até aqui e conseguimos ficar mais tempo juntos. Sei que pode soar egoísta, mas eu não suportaria perder você e continuar vivo. Já tem sido um fardo grande demais... – ele pausou por um momento. Eu podia ver o quanto ele estava triste e cansado.

- Eu compartilho do mesmo sentimento. – eu disse, suspirando.

Reiner olhou para mim, seus olhos estavam levemente avermelhados.

- Eu sei que não é justo, mas preciso pedir mais uma vez que não vá para a guerra. Gabi e Falco, eles precisam muito de você agora. Não é só porque eu quero que você viva... – sua expressão estava cada vez mais desesperada. Eu segurei sua mão.

- Sei disso. Dessa vez, não posso te negar isso e não irei. Eu serei inútil nessa batalha de qualquer forma e sei que as crianças precisam de mim, seja qual for a nossa chance de sobreviver a isso. – admiti.

- Você sabe que eu jamais desejaria isso. Se eu pudesse escolher, se as condições não fossem essas... – ele lamentou.

- Eu sei... – lembrei do dia em que falamos sobre isso pela última vez, quando voltamos da guerra contra as Forças Aliadas do Oriente Médio. Aquele dia parecia ter anos, quando fora há apenas um mês. Se tivéssemos escolha, se a realidade não fosse aquela, estaríamos juntos, possivelmente casados, com filhos, uma família, vivendo uma vida simples e feliz.

Minefields: Shingeki No KyojinWhere stories live. Discover now