O Titã de Ataque

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O Titã de Ataque estava ali, bem diante de nós. Não tinha mais controle do meu corpo, eu só tremia. Em minha mente, ainda ouvia meu pai cantando, enquanto os segundos pareciam passar lentamente e tudo o que eu via era aquele monstro de olhos verdes e cintilantes olhando para o público, que, aos poucos, começava a correr.

Não tivemos nem tempo de raciocinar. Quando dei por mim, Colt já estava agarrando o meu braço, me chocando contra seu corpo, tentando me proteger das pedras que atingiam a plateia como se fossem meteoros. Eu só sabia que ele estava praticamente me abraçando, porque eu o via muito perto de mim, visto que nem conseguia sentir seus braços me envolvendo. Meu único impulso foi me agachar e segurar Udo, que caía para trás.

Eren Yeager começou a se mover novamente, seus passos tão pesados e estrondosos que faziam tremer e despedaçavam o chão, correndo até a arquibancada dos oficiais. Era uma estratégia. Havia intenção em seu ataque. Em poucos segundos, os oficiais Marleyanos estavam esmagados e o arrogante General Calvi, a quem todos em Marley admiravam, agora não passava de uma lembrança. Seria esse o nosso destino em seguida.

- Ai, caralho! Fudeu! Fudeu! – gritava Colt, ainda tremendo sobre mim.

- Colt, as crianças! – guinchei, desesperada, me soltando de seus braços e pegando Gabi e Udo pelos braços.

- Levantem-se! – gritou Colt, me ajudando a erguê-los. – Gabi, Udo, fiquem de pé!

- Ai... – resmungou Gabi, que havia machucado o braço. Udo tinha perdido os seus óculos.

- Vamos, meninos! – eu gritei, inutilmente. Àquela altura, havia uma multidão berrando e correndo para todos os lados, tentando escapar do Titã de Ataque, que continuava a socar a arquibancada dos oficiais, o que acabou por gerar mais tumulto e desespero. Nem na guerra, com vários titãs, eu havia presenciado tal horror.

No entanto, as crianças não se moviam. Nem mesmo Colt. Eu me virei minimamente para o lado e percebi o problema, em parte. Havia uma rocha enorme bem próxima de nós. Onde estava Zofia? Erro meu imaginar que ela estaria a salvo e teria corrido até sua família. Lá estava parte de seu corpo de adolescente, em desenvolvimento, aparecendo apenas suas pernas, bem embaixo da rocha. Era mesmo Zofia, que há poucos instantes estava sentada ao nosso lado, assistindo o discurso. A nossa Zofia, a minha "irmãzinha", como eu a chamava. Sendo filha única, ela nunca teve uma irmã mais velha e eu, não tendo minha irmã comigo, tinha ela como minha irmã mais nova. Tão frágil, apática, mas tão doce ao mesmo tempo. Minha Zofia estava morta.

- Zofia? – chamou Gabi, completamente em choque ao ver o corpo da amiga esmagado. Eu agradeci mentalmente por não ter que ver o horror estampado em seus olhos, denunciado pelo tremor de seu corpo.

O som dos socos do Titã de Eren Yeager era abafado pelo gritar da população. Apenas uma questão de tempo até ele se virar para nós e dizimar mais da metade do público com apenas alguns chutes. Eu podia sentir o chão tremer aos meus pés, mas me questionava se não era também o meu corpo causando aquela sensação.

- Droga...nós temos que ir! – gritou Colt. Ele estava apavorado, assim como eu, mas deixava isso muito mais à mostra.

- Zofia! – gritou Udo, se desvencilhando das mãos de Colt, completamente fora de si. – Zofia! Você está bem? – ele perguntava para a menina morta embaixo da rocha.

- Udo, não! Venha pra cá! – Colt tentou protestar. A multidão vinha ao nosso encontro e pensei que se não saíssemos logo dali, seriamos levados e pisoteados pelas pessoas, que corriam para se salvar.

– Precisamos remover isso ou então ela vai...

Amaldiçoei meus próprios pensamentos. Em questão de meio segundo, o corpo de Udo havia sido empurrado por pelo menos trinta pessoas, que nos arrastavam junto para trás. Não conseguia mais enxerga-lo, apenas sabia que estava caído. O medo intenso começou a me dominar, muito mais forte do que antes. Tapei meus ouvidos com a maior força que pude. Não conseguia chorar, nem gritar. Eu só queria sair dali. Senti uma cotovelada forte em meu peito que me fez tossir. Eu mal conseguia respirar e senti que perderia a consciência em breve, quando senti uma mão de puxar.

Minefields: Shingeki No KyojinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora