Minefields: Shingeki No Kyojin

Paradis

- "É tão estranho...saber que vai morrer..." – eu me lembro claramente daquelas palavras, ditas por um soldado Eldiano, da baixa patente, quando estávamos a caminho do campo de batalha no início da guerra contra as Forças Aliadas do Oriente Médio. No fim, eu nunca soube o que, de fato aconteceu com ele. Só tinha a certeza de que havia morrido, assim como ele disse antes mesmo de encarar o seu destino.

Aquelas palavras daquele soldado se repetiam em minha mente. Magath acertava com os representantes de cada grupo de soldados Marleyanos o que cada grupo deveria fazer fora da nossa "sala especial". Reiner articulara com ele e Pieck um plano para encontrar e surpreender Eren e todos os Eldianos da ilha.

Reiner estava cansado e com olheiras. Eu sabia que ele não havia dormido a noite inteira, assim como eu havia só cochilado, em alguns breves momentos da noite. Nós não nos olhávamos diretamente, mas eu podia sentir o seu pesar. Tudo o que ele menos queria era voltar para aquela ilha, reencontrar aqueles que no passado foram seus colegas e ele os traiu. Pesar maior ainda por todo o desastre causado por eles, pela perda de Udo e Zofia, por Gabi e Falco e por eu estar junto ao exército mais uma vez. Mas havia mais. Algo muito maior. Reiner sentia culpa. Ele sentia a culpa de ter sido ele um dos vetores para que tudo isso acontecesse. Ele só não estava tremendo embaixo da cama porque essa era a oportunidade que tinha para trazer Gabi e Falco de volta e finalmente morrer. Ah, se ele soubesse que morrer não adiantaria em nada...

Meu coração estava anestesiado, mas isso não significa que não estava partido. Eu mesma conseguia identificar o que provavelmente não existiria mais depois daquela sala, depois que cada um fosse cumprir com a sua missão. Pieck e Galliard não brincariam mais com o pé um do outro durante o tédio, Colt não roeria mais as unhas no canto, resignado, só se importando em encontrar Falco vivo, eu e Reiner não ficaríamos mais nos encarando pela sombra ou canto dos olhos. Isso é o que não existiria mais depois de alguns segundos depois dali, não gostava de pensar no que poderia ser ainda pior. Mas a vida...é assim. Ninguém pode prever nada e cada minuto é o último, seguido pelo próximo, até ser finalmente o "último". A depender da crença, algo muito discutido entre os Eldianos de Libério fervorosamente, o "último" seria apenas uma ilusão e que, no fim, estamos numa constante de últimos minutos, um ciclo eterno.

Eu nem sabia sobre nada disso. Só sabia o que era a realidade para mim: mesmo depois de morrer, meu pai ainda aparecia para mim, principalmente depois de voltar da guerra. Podia ser só eu ficando louca por causa de traumas de guerra, mas ainda assim...De qualquer forma, eu continuava afirmando para mim mesma que seria loucura, por mais que no fundo não acreditasse nisso.

- Sabe, me custa dizer isso, mas...vocês até que ficam bem juntos. – disse Colt, baixinho, ao meu lado, recostando-se na parede.

Olhei para ele completamente surpresa, imaginando do que ele estaria falando, quando percebi que ele se referia a mim e Reiner.

- Eu nunca gostei disso, sabe. – ele disse, olhando para mim com a maior calma do mundo. Imagino que se fosse em outra ocasião, primeiro que ele nem diria aquelas coisas, segundo que estaria tímido demais, ruborizado e com as mãos tremendo, sem conseguir olhar para mim. – Eu sempre tive o sonho de poder ser o seu "salvador", aquele que te tiraria do exército, te daria uma família e cidadania Marleyana.

Eu estava surpresa de verdade com aquelas palavras, que me atravessavam tão rapidamente que mal conseguia raciocinar.

- Eu nunca precisei de um "salvador", Colt. – eu disse para ele, francamente, olhando em seus olhos.

- Hoje, eu sei que não. – ele admitiu, encarando Reiner, que estava nos observando do lado oposto. Não sei se conseguia nos ouvir, mas estava atento em nós. Pieck e Porco continuavam em seu mundinho sem palavras. Eu os invejava pela relação dos dois parecer tão simples.