Capítulo 57

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A minha vida sempre se resumiu ao futuro; eu constantemente estava correndo, sem nunca descansar ou me preocupar comigo. Sempre lutando para sobreviver, para não sucumbir, para não perder mais ninguém que eu amava. Essa corrida desesperada e desenfreada tornou-se tão comum que eu não sabia mais lidar com dias de calmaria, sem a já esperada tempestade. Mas sim, cada parte minha almejava apenas voltar com aqueles raros momentos de paz que surgiram na minha vida ao mesmo tempo que Ji YunHua também surgiu.

Às vezes, eu realmente acredito que Ji YunHua foi um presente, para ser como uma âncora, ou talvez como estrelas do céu que não deixam a lua se sentir só em suas noites mais escuras e sombrias. Às vezes, sinto como se ele fosse a luz que irradia delas, fazendo com que até a escuridão possua o seu brilho.

Ji YunHua é o brilho em meu céu de penumbra.

Ele, e principalmente ele, deu o motivo que eu precisava para continuar. Não só para continuar sobrevivendo, mas para finalmente descobrir o que significava viver.

Talvez Ji YunHua seja como o meu ar, o ar que entra em mim e faz com que meu coração não pare de bater, trazendo vida para cada órgão e membro meu que precisa tão desesperadamente de ar para continuar existindo. Assim como também posso dizer que ele é como um vento aconchegante, que chega de mansinho e quando vemos, já está nos envolvendo, um vento que muitas vezes percebemos que precisamos só quando ele já está conectado com nosso corpo e alma.

Seja como for, Ji YunHua é combustível suficiente para que eu lutasse contra o mundo e o visse sendo destruído para tê-lo de novo ao meu lado. Eu não quero causar mortes e estou evitando essas perdas, conseguindo até o presente momento. Mas se eu destruir cada parte desse mundo e as pessoas continuarem sobre ele, eu não vejo problema em evitar a destruição.

- O grande líder está esperando o Senhor Chu – anunciou o servo do grande líder da seita demoníaca, que havia sido enviado para nos informar sobre nossa presença. Após inúmeras tentativas, finalmente nos foi permitida a entrada na vila

Assenti sem entusiasmo, sem vontade alguma de conversar ou parecer educado, embora soubesse que ele não tinha culpa pelas minhas oscilações de humor.

- Por aqui – indicou ele, apontando para uma matriz localizada logo na entrada dos portões

A matriz exibia rabiscos estranhos e um desenho de uma fera engolindo outra. Sem pensar, ultrapassei-a, sentindo o exato momento em que meus pés deixaram de tocar o chão, seguido pela conhecida sensação de girar no meu estômago, indicando que a refeição recentemente ingerida poderia voltar a qualquer momento.

- Diria que sua impulsividade não é uma forte qualidade – aquela voz grossa, mas ao mesmo tempo familiar, fez-me curvar em respeito, no mesmo instante que voltei a ter estabilidade nos pés

- Não tenho tempo para hesitar

Após a rápida prostração tradicional da seita, o líder apareceu, olhando-me como se visse muito mais do que apenas um homem mal vestido, trajando roupas finas e com uma barriga proeminente, prostrado no chão, aguardando suas ordens para poder se levantar.

- Como líder de dois clãs tão poderosos, não deveria estar ajoelhado perante a mim – ele balançou a cabeça, sorrindo de uma forma completamente amigável – Eu é que devia estar me ajoelhando

- Eu estou em sua casa e em sua vila. Mostrar respeito conforme os costumes escritos por lei é o mínimo – continuei na mesma posição, mesmo que as minhas pernas já dessem sinais de fraqueza, ameaçando uma provável queda constrangedora

- Quantos meses? – seu dedo apontou em direção à minha barriga, que definitivamente não podia mais ser escondida, já que parecia que eu havia engolido um galão

O Cultivador TransmigradoМесто, где живут истории. Откройте их для себя