O Cultivador Transmigrado

Capítulo 3

Como todos os dias ao acordar já fui direto realizar as minhas tarefas. Por mais tarde descobrir ser culpa dos meus meridianos destruídos, quando eu fui fazer o teste para ser um discípulo a pedra de espíritos não captou aura colorida e nem raiz espiritual, a condição de ficar aqui e ser considerado como discípulo externo era fazer tarefas como cozinhar, lavar roupas, limpar os pátios e cuidar do jardim de ervas mágicas do pico terrestre, eu nunca liguei em pôr a mão na massa e através disso eu e meu irmão tivemos algum lugar para ficar e comida suficiente para comer, o difícil mesmo são alguns discípulos que gostam de mexer com aqueles que eles consideram ser os inúteis aceitos por pena na seita.

- Dage já terminei a limpeza – Analisei A-Yang que estava todo sujo de fumaça da fornalha

- Eu já disse para A-Yang que não precisa se preocupar com as minhas tarefas, tudo que o seu dage quer é que A-Yang cresça como uma criança normal, sem preocupações desnecessárias – falei limpando o seu rosto com o auxílio de um pano, sem me preocupar em acabar me sujando também

- Eu não sou mais uma criança, já tenho quatorze anos e no próximo ano eu já faço o teste para me tornar discípulo da seita – disse com orgulho – E eu não me importo em ajudar o meu dage com algumas simples tarefas

Um calafrio percorreu toda a minha espinha ao escutar A-Yang falar sobre o próximo ano, se eu pudesse pararia o tempo e viveria esse ano por muitas e muitas vezes só para não correr o risco de perdê-lo novamente.

Simplesmente porque o destino está predestinado, como um cordão amarrado ao seu pescoço, invisível aos olhos humanos, mas imutável, ao não ser com a interferência dos céus, que ocorre quando os deuses decidem que um evento já decidido não deve mais acontecer, o que quase nunca ocorre.

Eles falam sobre o livre arbítrio, mas isso é apenas uma outra piada para que nos seres inferiores se sintam no controle, um controle que não temos, porque eu posso decidir se vou ir a uma comemoração ou vou ficar em casa, se vou me levantar ou continuar deitado, se vou fazer bolinhos de carne ou de frango, mas não posso escolher quem amar, quando vou viver ou morrer, se vou conseguir salvar a vida de alguém ou vou vê-la partir bem diante dos meus olhos sem poder fazer nada, porque essas coisas, essas coisas que realmente importam e podem mudar a sua vida não está sobre o seu controle, mas está nas mãos de pessoas que eu desconheço e que não se importam com meros sentimentos humanos e de cultivadores.

Eu posso morrer, posso ter meu coração partido, posso ver alguém que eu amo ir, posso apanhar, posso ser violado, posso ser humilhado, eu posso passar por tantas malditas coisas que eu não escolhi passar desde que seja em nome do destino que eles tanto proclamam ser essencial para o equilíbrio do , para o equilíbrio de toda vida sobre o continente.

Se é tão importante assim, por que eles mesmo não descem sobre a terra para passar por essas provações?

Na verdade, essa ideia que me apavora, se está no meu destino perder alguém novamente e ter meu coração partido, como eu poderia mudar esse meu futuro já predestinado?

Talvez eu tenha nascido para lutar contra o que não pode ser mudado ou talvez eu tenha nascido para ver meu próprio fracasso constante, ver dor e sofrimento e não ter a capacidade de fazer algo para mudar isso, viver me sentindo inútil.

Sim, talvez esse seja o grande motivo dos céus terem me dado uma segunda chance, talvez eles também tenham um humor diferente.

- O que aconteceu com dage? Dage está com uma expressão estranha e ficou em silêncio de repente, eu falei algo errado?

- Não, A-Yang não falou nada demais e para A-Yang saber, A-Yang sempre será uma criança aos meus olhos, mesmo quando encontrar a sua parceira dao A-Yang ainda será apenas uma criança – disse mudando de assunto – Terminei, vamos para a reunião porque senão vamos chegar atrasados