Em meu sonho, acontecia uma reunião entre os Esquecidos.
Eles se agrupavam ao redor de uma enorme e larga mesa de pedra, e pareciam estar extremamente furiosos. Bom, esse é o comportamento típico deles, mas desta vez estavam mais ainda.
— SILÊNCIO! — urrou Bartolomeus, levantando-se. Todos o obedeceram. — Entre nós, apresento-lhes nosso líder e rei, Siquém! Curvem-se!
Quando terminou de falar, todos se levantaram, e curvaram a cabeça em reverência, mas era nítido que aquilo não era respeito ou admiração, e sim um puro protocolo.
Ouviam-se passos, pesados e arrastados. Siquém chegava a sala pelas escadas laterais. Ele havia assumido uma forma quase humana, mas era disforme. Sua pele era grosseira e acinzentada, e ele vestia um manto negro que ia até seus pés. O tecido era manchado por sangue, ora fresco, ora seco. Siquém estava adornado por ossos secos em todo o rosto, orelhas, nariz, até mesmo seus lábios. Era uma imagem de puro terror que fariam a maioria de nós enlouquecer.
Ele atravessou toda a sala e sentou-se na cabeceira da mesa, o lugar de mais destaque e honra. Quando se acomodou, Bartolomeus, trêmulo, começou:
— Como é do conhecimento de todos, houve uma ruptura de regras. Um dos Quatro Primeiros, seres mortais do mundo de Zestien, um dos Sete Reinos, invocou uma fenda para Zevestien, o Reino menor. Lorena, a terceira, foi a responsável por tal ato.
— E deve pagar com a vida!
— Deveríamos transformar Zevestien em poeira!
— Se uma fenda foi evocada, nós também podemos fazer o mesmo!
Aquilo novamente se transformara no caos inicial.
Desta vez, do Siquém quem apaziguou a situação. Ele nada precisou dizer, apenas ergueu a mão, uma ordem silenciosa, e o resto se calou.
Siquém se levantou, e tornou a caminhar ao redor da mesa. Ele parecia extremamente tranquilo. E aquilo era abominavelmente assustador.
E quando se sentou novamente, disse:
— Houve a abertura de uma fenda, e Bartolomeus já foi enviado até Zevestien, e regressou na nona hora, me apresentando ótimas conclusões a respeito Reino menor. Conte-lhes, Comandante.
— Zevestien é farta de riquezas, seus cosmos, apesar de finitos, são gigantescos, possuem energias, o próprio mundo deles é uma enorme concentração de calor e massa! Há água em abundância, forças gravitacionais favoráveis! O único empecilho são seus habitantes, mas... nada com que não possamos lidar em algumas horas! Escutem o que digo: Zevestien é grande!, incrível e...
— E pertencem a mim.
De repente aquele lugar foi tomado por uma áurea de Glória, muito diferente de quando Siquém entrou. No portão de frente, Joshua vinha até a grande mesa de pedra ônix. Eu sei que era Joshua pela voz e feição, mas ele estava diferente. Seu cabelo espetado reluzia um loiro tão límpido que brilhava naquela salão tão angustiante. Mas o que mais brilhavam ali eram seus olhos. Eles queimavam como fogo em brasa, extremamente vívidos.
Não era Joshua, o meu amigo risonho e carinhoso. Aquele ali era Joshua: o Príncipe dos olhos de fogo.
Os Esquecidos ao vê-lo, curvaram-se. E não da mesma que fizeram com Siquém. Aquilo sim era adoração, e principalmente, medo.
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13:31
SpiritualDesde a Criação, a vida dos quatro Primeiros resumiu-se ao normal (dentro dos parâmetros do que se pode imaginar numa realidade em que a sociedade habita em paz). Tudo em conformes, tudo acontecendo exatamente como dever acontecer. Até Castiel desap...