Assim que saímos da delegacia, Natanael agarrou-me pelo antebraço com toda sua força.
— Onde Castiel está? — a raiva saía em ar por sua narinas. Quase lhe dei um soco.
— Não pode estar falando sério.
— Foi o seu nome que ele chamou. Não temos tempo pra isso, Lorena, pra onde ele foi?
— Eu não sei! — gritei, girando meu braço para que ele me soltasse. Bárbara surgiu em nosso campo de visão, afastando-nos.
— Ei! Parem vocês dois!
Mal acreditei que agora ele estivesse brigando comigo ao invés dela.
— Nosso irmão não atravessaria uma fenda! Ele é inteligente demais pra isso! Lorena, fale logo, o que Castiel contou a você?
— O Nat tem razão, Lorena, vocês sempre contaram tudo um pro outro.
— ela havia o esbofeteado a minutos atrás por algo que eu nem sei e agora virou-se contra mim. Ótimo.— Vocês sabem muito bem que desde a explosão, Castiel nunca mais foi o mesmo. Ele se mudou para as montanhas justamente por isso!
— Mas nunca deixava de visitar você, você sabe que... LORENA! — Nat agarrou meu braço de novo, quando percebeu meu descaso.
Finalmente perdi a paciência.
Senti o fogo faiscar de meus olhos como brasas que estralavam no fogo.
Natanael sequer recuou.— Vou dizer uma vez, apenas uma. Eu não sei onde Castiel está. Mas nem que eu morra tentando, eu vou encontrá-lo, vou tirar ele de... — não deixei a voz vacilar — de onde quer que ele esteja. E se me segurar de novo desse jeito, eu arranco seus olhos.
Irado, Natanael me soltou.
Dei as costas pra ele e Bárbara sem me despedir.
À beira da minha ausência, escutei eles dizendo:"Não pode ser."
°.•
Eram 16:31, mas aquele corte ainda ardia. Eu estava ocupada demais para me preocupar em limpar ou pôr um curativo, (e com "ocupada" eu quero dizer ansiosa e amedrontada).
Veja bem, pessoas costumavam desaparecer em nosso meio, muitas eras atrás. E isso é desde a Criação.
Lembro de quando perguntei a Castiel para onde elas iam, mas ele nada respondeu. Eu o vi chorando na mesma noite em que lhe questionei.Mas não é como se fosse um "desaparecer" comum. Vou explicar da mesma forma que Castiel explicou-me: "Nosso Pai é criativo, não contentou-se com apenas um mundo. E bom, as vezes, pessoas procuram algum lugar em que possam viver. Não sobreviver, entende? Viver."
Continuei andando em minha cozinha, de um lado ao outro, inquieta.
Estava prestes a chorar novamente quando meu telefone tocou. Não demorei a atender.E não demorou para que ouvisse a voz a me acalmar do outro lado.
— Estou chegando, ok? Abre a porta — era Timothy. Meu melhor amigo.
Ele não precisou pedir outra vez.
Os minutos passaram depressa, e quando me dei por mim, estávamos em minha mesa, cada um com sua xícara de cappucinno de chocolate e em completo silêncio.
Não precisava de muito para me sentir (mesmo que pouco) bem. Apenas meu velho amigo e uma bebida quente.— E então? — a voz de Timothy tinha um sotaque engraçado. Era firme, masculina, mas me fazia rir as vezes.
— Os boatos espalharam-se muito rápido?
— Bom, nunca confie no que as pessoas dizem. Elas sempre aumentam as histórias.
— Meu irmão ultrapassou uma fenda intencionalmente. — joguei a informação em sua frente.
Eu não era do tipo de falar muito quando estavamos juntos. Na verdade, eu quem o escutava, atentamente. Cada palavra.
Mas hoje houve uma inversão de papéis nada convincente.As sobrancelhas ruivas e grossas de Timothy se juntaram, expressando sua confusão.
— Castiel atravessou uma fenda porque quis?
— Sim! E eu estou ficando maluca com essa pensamento!
— Eu não conheço seu irmão diretamente, Lory, mas isso não me parece certo. Qualquer pessoa com plena consciência sabe...
— Que atravessar fendas é contra as regras. Mas Cast não quebrou nenhuma. A fenda apareceu lá, um raio o atingiu! Ele não teve culpa.
— Ei, espere um instante. — Timothy afastou a xícara no mesmo instante e me encarou — Como assim? Você sabe o que aconteceu no momento exato?
— Os policiais conseguiram uma filmagem feita por um grupo de jovens que estavam acampando na área. Sorte, eu diria, mas o vídeo é extremamente mal feito, não dá pra ver muita coisa.
— A câmera está aqui? Você a trouxe?
— Não exatamente — torci a boca, e Timothy não entendeu. — Ok, confesso, enquanto um dos homens tentava acalmar o Nat, eu tirei o cartão da câmera.
— Você não tem jeito mesmo, Lorena — o ruivo em minha frente abriu um sorriso aprovador. Meu corpo de aqueceu em satisfação, e eu devolvi o sorriso.
O sol começava a dar indícios laranjas de sua finalização diária de aparição. A sombra de minha janela ficava escura, e meu sorriso era substituído lentamente por uma lágrima.
Timothy segurou minha mão e permaneceu em silêncio.— Estou com medo. — admiti, tentando encontrar algum tipo de pensamento que me provasse o contrário do que todos os racionais indicavam.
— Eu também estou. Mas nós vamos resolver isso, fazer o que estiver ao nosso alcance. Estou aqui com você, tudo bem?
Eu assenti com a cabeça.
Timothy levantou-se e pegou meu notebook do outro lado da bancada.— Tem certeza que quer ver isso agora?
— Tenho. — não precisei dizer outra vez, ele pegou o pequeno cartão de memória entre meus dedos, e colocou no pen drive de adaptação.
Por uns segundos, eu quis fechar meus olhos, quis ignorar aquilo que eu sabia que eu veria.
Mas o vídeo de Castiel passava novamente em minha frente, e eu não conseguia desviar o olhar.
Meu irmão. Meu pobre irmão, talvez perdido, exatamente agora, vagando entre uma fenda e outra.Novamente, o áudio ficou alto e inaudível, como se fosse uma ventania forte.
Timothy questionou:— O que é isso?
— Acontece três vezes.
— O áudio simplesmente fica assim?
— eu concordei com a cabeça, e embora tenha prosseguido o vídeo, ele não me parecia nada convencido.Na segunda vez, Timothy pareceu ir ligando pontos imaginários em sua cabeça.
Ele, assim como eu da primeira vez, só percebeu a esfera de luz quando ela já estava avançadamente grande.A terceira mudança de áudio aconteceu. Não tapei meus ouvidos outra vez.
O raio atingiu Castiel, ele permaneceu parado, e antes de sumir, disse meu nome.
Timothy bateu o punho na mesa, em grande deleite.— Eu sabia! — ele se levantou, ao mesmo tempo em que pegava suas chaves na minha bancada.
— Do que está falando, Tim?
— O vídeo está cortado, ele foi adulterado.
Anda, pega seu capacete. Vamos até aquela caverna em Kunnen, agora!
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आध्यात्मिकDesde a Criação, a vida dos quatro Primeiros resumiu-se ao normal (dentro dos parâmetros do que se pode imaginar numa realidade em que a sociedade habita em paz). Tudo em conformes, tudo acontecendo exatamente como dever acontecer. Até Castiel desap...