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Em meu sonho, Castiel corria em direção a sua casa. Sua antiga casa, nos bairros floridos e iluminados de Zestien.
Ele estava sorridente, feliz, eu nunca o havia visto daquela forma.

Meu irmão entrou com rapidez, já gritando por alguém.

— Amor! Venha até aqui! — ele gritou.

Uma moça surgiu por detrás das prateleiras da cozinha. Ela enxugava as mãos num prato, e parecia preocupada, devido a gritaria do ser em sua frente.

— Que gritaria é essa, Cast? O que aconteceu?

— Acho que o bolso da minha camisa rasgou.

A moça riu audivelmente.

— E você está feliz por isso? Céus, você não existe.

— Você deveria dar uma olhada.

— Venha até aqui.

Ele se aproximou, sem deixar o sorriso vacilar. Ela o tocou com cuidado, averiguando com o olhar se havia algum erro de costura.

— Me parece que não está rasgado, Castiel.

— Ah... que bom! Seria uma tragédia eu ter perdido isso.

Castiel pôs a própria mão dentro do bolso (intacto) e tirou de lá um anel de ouro branco, finíssimo e com uma linda e brilhosa pedra roxa em seu centro.
A moça abriu a boca em surpresa, o olhando sem acreditar, e dessa vez ela também sorria.

— Aceita se casar comigo, Lory?

O sonho mudou.

Castiel estava com Natanael e Bárbara, numa sala de jogos de um pub. Os três bebiam e riam como velhos amigos.

Ou como irmãos que não se davam muito bem de verdade.

— Estou feliz por você, irmão. — confessou Nat, enquanto posicionava o taco de sinuca num ângulo favorável.

— Ela parece ser muito agradável, não vejo a hora de conhecê-la — Bárbara sorriu, dando outro gole na bebida.

— Vocês vão adora-la. Eu sinto muito por não ter apresentado-a antes, mas ela é meio... tímida.

— Deixe disso, o importante é que você está feliz. — Nat piscou, e acertou a bola branca. Ele uivou de felicidade quando sua jogada acertou inúmeras bolas.

Eles riam juntos naquela noite quente.

O sonho mudou novamente.

E não haviam sorrisos agora.
Havia um Castiel raivoso, sendo segurado por um policial.
A sua esquerda, Natanael era segurado por outro.

— TRAIDOR! ASSASSINO! — a voz de Castiel era monstruosa.

— Eu fiz o que tinha que fazer! E FARIA DE NOVO!

Castiel soltou-se de quem o segurava e avançou no nosso irmão. Natanael era forte, mas Castiel era mais. Eles disputavam isso no chão da delegacia, enquanto outros policiais vinham para separa-los.

— JÁ CHEGA! — era Lonnie Baker, uma versão dele sem barba — VOCÊS DOIS!

— Vocês não tinham esse direito!

— Fizemos o que estava em nosso alcance, Castiel. Sinto muito se não a encontramos a tempo.

— UMA SEMANA. APENAS UMA SEMANA DE BUSCA!

— Esse é o direito que tinha, assim como qualquer outro cidadão de Zestien!

— Ou você acha que ser o Primeiro lhe dá algum direito a mais? — provocou Natanael — não seja egoísta, Castiel, foi o melhor para todos, e você sabe.

— Cale essa boca, Natanael — repreendeu Baker

— Escutem bem, todos vocês — Castiel disse em voz firme, mas seus olhos estavam marejados — isso não ficará assim.

Dito isso, ele deixou a delegacia. A escuridão típica de inverno não escondeu quando ele sentou num banco detrás das árvores e chorou baixinho, seu peito contraindo dolorosamente pela perda.

O rosto choroso de Castiel foi substituído por uma determinado. Eu o via andando em sua casa, sua casa nas montanhas, desenhando num grande papel. Ele desenhava o mapa de Zestien.

Segurando um gravador, sua voz cansada dizia:

— Anotação 12 do dia 7, as fendas se abrem num raio de dez quilômetros de distância de sua última — ele circulou um lugar no mapa — se tiver a área de seu tamanho e seu diâmetro, posso saber exatamente onde e quando abrirá.

Os flashs alternavam entre Castiel desenhando no mapa e calculando num grande quadro branco no meio de sua cozinha. Ele parava as vezes para regar suas plantas ou comer uma tigela de cereal. Dormir não era uma prioridade.

Em meio aos papéis de sua mesa cheio de cálculos e coordenadas, de repente, ele sorriu.

O mesmo sorriso do primeiro foco do sonho. O sorriso genuíno.

— Achei.

Eu despertei com tanta velocidade que caí de onde estava deitada.
O chão não era frio e duro como imaginei, era...macio?

— Que susto, Lorena! — exclamou Joshua. Eu havia caído em seu colchão, próximo ao sofá de onde eu dormia de sua... eu poderia chamar aquele minúsculo chalé de casa?

— Josh! Eu sonhei... eu sonhei...

— Ok, ok, primeiramente tenha calma! São quatro da manhã, nem eu acordo tão cedo assim.

Olhei pela janela acima da TV. O Sol nem havia nascido ainda.
Eu suspirei cansada.

— Você tem razão, isso pode esperar.

— Não, Lory, eu me expressei mal. — ele ajoelhou no colchão, ficando de frente pra mim — Me perdoe. Você pode me contar o que houve. Venha, vou fazer smoothie de banana pra nós.

— Um... o que?!

Joshua riu.

— Precisa aprender mais sobre esse mundo e a culinária maravilhosa. Agora, me conte o que sonhou.

13:31Onde as histórias ganham vida. Descobre agora