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Os arredores de Kunnen eram, sem dúvidas, umas das paisagens mais lindas que eu já havia visto em toda a minha vida.
Eram como uma pintura renascentista daquelas que vemos em fotos e pensamos: "Como isso pôde sair de uma mente humana?"

O sol já havia ido embora, e a escuridão começava a se fazer presente quando Timothy largou sua Honda CB 750 na primeira oportunidade que teve. Pus meu capacete ao lado, e depois corremos até a suposta caverna.

— Sabe aonde estamos indo? — eu perguntei, ofegante pela corrida.

— Não exatamente. Mas fendas exalam energia, e não tem muitas cavernas por aqui.

Paramos de frente a primeira abertura rochosa. Ele me olhou com apreensão, tentando decifrar se eu realmente queria isso.
Acenei com a cabeça, expressando segurança de minha parte.

Ele foi na frente. Tirou uma lanterna do bolso, e quando estava totalmente lá dentro, foi a minha vez.
Nos primeiros passos, eu senti uma onda de energia tão forte que me deixou tonta.
O braço esquerdo de Timothy estava estendido pra trás, indicando que eu não avançasse enquanto ele não tivesse certeza que estava tudo seguro.

De repente minhas pernas cederam. Caí no chão como se não tivesse força pra mais nada.
Timothy gritou meu nome pelo susto que lhe causei.

E de repente, aquele mesmo chiado do vídeo começou a acontecer. Muito alto. Muito mesmo.
Tapei os ouvidos com força, tentando amenizar o barulho.

E na mesma velocidade que começou, ele se foi. Simples assim.

— O que foi isso!? — eu gritei, exasperada, enquanto Timothy olhava para os arredores como se procurasse a fonte daquilo.

Ele me segurava em seus braços, e de repente, uma das mãos apontou para minha esquerda, no chão.

— OLHA! — ele gritou.

Havia uma câmera no chão.
Eu prendi a respiração enquanto me levantava devagar, como se a qualquer momento, aquele aparelho fosse sumir.

Segurei-a em minhas mãos. Era uma Canon Eos Rebel T100, modelo antigo, pesada porém ágil.

As lágrimas em meu rosto já caíam quando reconheci inicias talhadas com ferro na lateral dela. C&L.

Era a câmera que eu havia dado a Castiel quando ele se mudou para montanhas.

°.•

— Lory, precisa mostrar isso aos policiais!

— Para o que? — eu continuava andando por dentro de casa, fechando janelas e trancando-as. Mesmo sendo de noite, eu não queria nenhuma fresta de luz entrando. —  para que a tomem de mim? E ainda descubram que eu roubei o card e estive no lugar? Pelo amor, Timothy, pense um pouco.

— Isso pode ajudá-los a encontrar Castiel! Você não vê?

— Pra que me levou até lá, Tim? — eu finalmente parei, e me virei para ele. Meu amigo respirou pesadamente.

— Para ajudar você.

— Então continue assim. Não preciso daqueles policiais, você mesmo disse que o vídeo foi adulterado, foram ELES que fizeram isso! Natanael e Bárbara sabem de coisas que eu não conheço, e não querem me contar.
Só eu conhecia meu irmão de verdade, Tim, e acredite, nada o faria atravessar uma fenda!

— Isso só vamos ter certeza quando encontramos ele. Agora, por gentileza, pode me dizer por que está fechando a casa inteira?

13:31Where stories live. Discover now