13:31

6

Bárbara não me disse muito mais. Nós ficamos em silêncio por uns bons minutos, e depois ela simplesmente se levantou, e não voltou mais.

Lory. O nome dela era Lory. Então não foi a mim que ele chamou quando sumiu, foi ela.

- Seu estúpido idiota - eu murmurei, baixinho, a ira consumindo meu corpo - covarde, covarde! Por que não me contou? Por que escondeu isso de mim? Ein!?

Eu não lembrava exatamente quando havia ficado de pé, mas tomada pela raiva, comecei a chutar a lateral da cama de Castiel. Os soluços dominavam meu peito, eu não sabia o que fazer.

Descontei minha raiva num último chute, e novamente sentei-me na cama, chorando. Foram longos minutos, e minha consciência desligou-se.

O abismo da escuridão me abraçou.

•°.

Quando acordei, o sol estava nascendo.
Eu não fazia ideia de quanto tempo havia passado.
Mas fazia frio, muito frio.

Olhei para minha direita, e localizei minha mochila. Suspirei, cansada, e a peguei, tirando de lá a câmera de Castiel, e o notebook já com o card que havia roubado na delegacia.
Observei pela janela que o nível de água lá fora estava baixo. Os policiais não demorariam a chegar aqui.

Liguei a câmera, e a segurei em minha frente.

- Não acho que isso vai sobreviver a energia da fenda...

Pausei o vídeo.
Fechei a porta, e ajeitei as cortinas para que tudo ficasse escuro. Eu precisava prestar atenção em cada detalhe.

Castiel ia falando conforme eu me lembrava.

- Tenho passado meus últimos anos mapeando fendas em toda a extensão de nosso mundo. Elas não permanecem no mesmo lugar, mas com um cálculo certo, posso saber perfeitamente a próxima localização.

- Espere! - gritei sozinha, pausando o vídeo de novo.

Se Castiel teve todo esse cuidado, deveria ter um mapa em algum lugar.
Forcei minha mente para lembrar de havia visto algum pela casa, mas não conseguia recordar.

- Fendas não se abrem no frio...

Eu travei no mesmo lugar quando ele disse. Como não havia percebido?
Segundos depois, dissemos juntos:

- Videos são melhores gelados.

Vídeos são melhores gelados.
As montanhas. As fendas. O zumbido do vídeo que na delegacia não era audível.

Castiel planejou tudo.

Puxei o notebook com tanta força até mim que quase o derrubei.
Comecei o vídeo que os campistas tinham feito.
Antes que o ponto de luz surgisse, exatamente quando o áudio iria farfalhar, a voz de Castiel soou audivelmente.

- Dezeseis, dezessete, dezeseis, dezessete...

O ponto de luz apareceu. Castiel o tocou.
E novamente, sua voz:

- Perdoe-me, Criador. Verei-a novamente, a todo custo.

Ele ficou de pé. O raio o atingiu no abdômen. Ele gritou: