- capitulo trinta e dois.

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- Justiça? Você realmente quer falar sobre justiça?

- Não, não é isso... Olha, as coisas por aqui são difíceis e...

- Difíceis? Você está sempre postando fotos apenas para exibir o seu dormitório e o seu incrível uniforme chique!

- Não tenho culpa se você se contenta com esse pouco de freeridge.

- Não se esqueça Monse, que esse pouco te ensinou o suficiente pra você chegar até aí!

- E isso tudo é porque eu esqueci de te mandar mensagem ontem.

- Eu sou sua responsável, posso te tirar daí a hora que eu bem entender - gargalho com ironia, eu sei o quanto ela odeia isso.

- Não Esmeralda, espera... Não é bem assim...

Ela se embola em suas próprias palavras e eu aproveito a deixa para desligar o telefone. Eu nem me reconhecia mais, e muito menos reconhecia a pessoa que estava do outro lado da linha. Se algum dia eu pensei que minha vida estava de cabeça para baixo, posso dizer agora que ela está dando piruetas.

Jogo o celular no colchão e ando de um lado para o outro com as mãos na cintura.

- 1, 2, 3, 4, 5...

- Enlouqueceu de vez? - interrompe o meu exercício de paciência.

- Da o fora!

- O quarto é meu chica.

- É né? Esqueci que aqui não é minha casa, fica com o seu quarto.

- Tá, calma - entra na minha frente.

- Deixa eu passar.

- Olha pra mim, me conta o que aconteceu - leva suas mãos até minha cintura.

- Eu estava falando com a Monse, e ela tá muito diferente...

- Você também mudou, não cobra isso dela.

- Cadê o Oscar babaca? O que aconteceu com ele?

- Para de ser idiota garota, só quero que você se sinta bem.

- Impossível, manda todo mundo embora então.

- Algum dia eu vou acabar ficando louco e no caso, você vai me deixar louco.

Encerra o nosso toque e senta na ponta da cama, tira o masso do bolso e leva um cigarro até o lábios. Levanta e analisa os bolsos de trás, eu já sabia o que ele tinha perdido, de novo.

- Você sabe onde tá o meu... - pergunta com o negócio que causa doenças pulmonares entre os dentes.

- Toma - tiro o isqueiro do bolso do meu casaco e entrego para ele.

- Obrigado.

- Vou achar cada um que você diz que perdeu.

- Chata.

O celular do Oscar apita e ele logo começa a trocar mensagens com alguém.

- Quem é? - sento em seu colo.

- Nada de importante.

- Tá, então larga o celular.

- No caso não é importante pra você.

- Vai logo, larga isso...

Ele semicerra os olhos e solta uma nuvem de fumaça no meu rosto.

- Porra, que idiotice!

- É pra te afastar, pra você parar de ser curiosa.

- Quer que eu me afaste? Tudo bem!

Caminho pela casa só pra fazer drama, mas me arrependo por conta das pessoas que estavam aqui. Micaela havia viajado com o insuportável do namorado dela, então não havia ninguém aqui que eu gostasse.

- bom dia patroa - escuto vozes dizendo algo do tipo.

Ignoro cada um deles e me enfio na cozinha, brinco por alguns minutos com o meu colar de cruz.

- Vamos sair mi amore? O dia está lindo - chama a minha atenção assim que entra no cômodo.

- Quero não Cesar, sai você.

- O dia está lindo Esme, para - puxa a minha mão - Que tal um picolé na praça?

- Não fala de sorvete, você sabe que me ganha.

[...]

- Eu juro que esse é o último - jogo o palitinho de madeira na lixeira que já estava entrando em decomposição.

- Eu não sei como cabe tanta coisa aí.

- Não fala assim, cabeção.

- Olha quem tá ali - aponta para o outro lado da rua.

- É o outro cabeçudo, Oi! - grito.

Vejo que ele simplesmente me ignora e continua adando. Não estamos no celular ele não pode fingir que não me viu.

- Esme, eu acho que não é uma boa hora pra...

- Cala a boca Cesar! - corro para tentar alcançar o menino aque está me tirando do sério - Ruby, espera....

- O que é?!

- Você voltou da viagem e nem se quer me respondeu, eu estou com saudades.

- Eu não estou nem aí...

- O que? Por que você está assim?

- Olha, fica longe de mim!

- Que papo é esse? Você está estranho.

- Eu não gosto de Santos.

Engulo seco, eu meio que já previa como isso iria acabar.

- Martínez sou eu, sua melhor amiga. Olha pra mim...

- Eu pensei que depois de tudo a gente ia continuar juntos, foi o que você prometeu Esmeralda.

- Você que está me tratando mal, eu continuo a mesma.

- Sério? - balança o meu colar.

- Eu ganhei de presente, isso não significa nada.

- Lembra daquele dia? Quando fomos sequestrados, eu estava lá, eu que segurei sua mão.

- Não toca nesse assunto.

- E aí agora você mora lá.

- Mas nada vai acontecer, eu prometo.

- Você sabia que ele tá te transformando na primeira dama né?

- Oi? - enrugo a testa.

- Esquece, me esquece.

- Não amigo, a gente se conhece desde pequeno, eu preciso de você.

- Não, você não precisa!

- Não fala assim Ruby.

- Fica longe de mim, entendeu?!

- O que você queria?! A Monse se foi e meu pai também, eu precisava de alguém!

En control - Óscar Diaz. Where stories live. Discover now